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Nº 5822
Cidades

“O motorista demonstrou destreza”

Da formação como enfermeira, Ivete sabe que a perfuração da artéria ou da veia femural, dois grandes vasos sangüíneos que passam exatamente pela mesma região atingida pela bala que lhe transfixou a coxa, causa uma hemorragia fatal. “Se eu estivesse em ou

Por | Edição do dia 02/02/2005 - Matéria atualizada em 02/02/2005 às 00h00

Da formação como enfermeira, Ivete sabe que a perfuração da artéria ou da veia femural, dois grandes vasos sangüíneos que passam exatamente pela mesma região atingida pela bala que lhe transfixou a coxa, causa uma hemorragia fatal. “Se eu estivesse em outra posição na poltrona do ônibus, poderia ter sido atingida aí”, acrescenta, sobre o detalhe que lhe salvou a vida – ainda mais decisivo quando se leva em consideração que o tiro foi disparado de longa distância, de fora do ônibus. A bala atravessou a lataria do ônibus e a perna da enfermeira; não tendo ficado alojada – outro fator que ajudou. Apesar do ataque e da passageira alvejada, o ônibus não parou; uma medida de segurança para evitar ação mais grave dos bandidos. Se a rodovia não estiver obstruída, não deve sequer reduzir, para não ser abordado e levado para fora da estrada, como ocorre em casos assim. “O motorista demonstrou muita destreza, mantendo o ônibus em movimento e sob controle, numa situação como aquela”, reconhece a enfermeira. A primeira parada foi no terminal de Novo Lino, de onde Ivete foi removida para uma ambulância que a levou para o hospital da cidade pernambucana de Palmares, enquanto o condutor prestava queixa da tentativa de assalto. Em Palmares, Ivete foi submetida a exames que comprovaram não ter havido lesão a ossos e, sobretudo, à femural. “O tempo todo havia alguém do meu lado para prestar ajuda: foi um passageiro comigo na ambulância e o motorista ficou ligando, para saber como eu estava. Ainda existe solidariedade”. Depois que ela se recuperou, foi indagada se queria seguir viagem ou retornar a Maceió. “Como é onde moro e tenho família, preferi voltar”, conta. Segundo ela, os médicos lhe orientaram a ficar cerca de um mês de repouso, pois em seu trabalho Ivete é obrigada a deslocar-se muito porque trabalha justamente num setor de emergência. “Estou me sentindo inútil da perna para cima. Mas não posso fazer muito porque basta me levantar que já me sinto mal”, reclama. Nem isso, nem o susto ou a perspectiva de ficar com duas cicatrizes na perna, porém, diminuem sua indignação com o ataque e, sobretudo, com o fato de ser uma situação freqüente na região, segundo lhe disseram. “Dizem que são pessoas da região. Ora, se são conhecidas, deveria haver uma ação maior para coibir. Assim como fui eu, poderia ser qualquer um. E assim como escapei, poderia ter morrido”. (FF)

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