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Nº 5822
Cidades

Empres�rio � preso em flagrante de propina

FELIPE FARIAS O empresário Júlio Ney Lima do Nascimento foi preso em flagrante no momento em que recebia R$ 6 mil de propina, que extorquira de outro empresário, para liberação de um pagamento na Secretaria da Fazenda (Sefaz).v Ele foi preso após invest

Por | Edição do dia 04/02/2005 - Matéria atualizada em 04/02/2005 às 00h00

FELIPE FARIAS O empresário Júlio Ney Lima do Nascimento foi preso em flagrante no momento em que recebia R$ 6 mil de propina, que extorquira de outro empresário, para liberação de um pagamento na Secretaria da Fazenda (Sefaz).v Ele foi preso após investigação do Núcleo de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual (MPE) que envolveu gravação de conversas e apuração sigilosa dentro da própria secretaria. Segundo o coordenador do Núcleo, promotor Luiz Vasconcelos, “há fortes indícios de envolvimento de funcionários da Secretaria da Fazenda”. “Não se trata apenas de um caso de informação privilegiada, ou seja, ele [Júlio Ney] saber com antecedência que o pagamento ia ser feito e usar isso para realizar a extorsão. Já apuramos isso. Ele fez com que o crédito fosse incluído na relação de pagamentos e que fosse liberado depois, demonstrando que tinha poder dentro da secretaria. Ele usou ou foi usado por alguém. Mas quero frisar que ainda estamos no início das investigações”, disse o promotor. Outro forte indício nesse sentido, segundo ele, é o fato de que, no momento em que foi preso, o autor da extorsão tinha em seu poder documentos que são de manuseio exclusivo da secretaria, “dos quais só poderia haver uma cópia lá e outra no banco”, revelou Vasconcelos. Júlio Ney foi preso com mais três homens, que disse serem de seu grupo, mas cujos nomes não foram revelados porque, segundo o promotor, a investigação ainda está para qualificar a participação deles. A GAZETA apurou que eles são Arnaldo Clarindo Alves Júnior, Remi Alves de Barros e Carlos Henrique Almeida Alves. “Eles estão tão envolvidos quanto o Júlio. Não acredito que não soubessem o que estava se passando”, disse outra autoridade, que acompanhou a investigação e estava presente no momento da prisão dos quatro. Todos foram levados para a Central Integrada de Atendimento Policial ao Cidadão (CIAPC 3), em Cruz das Almas, para prestar depoimento. Da mesma forma, os nomes de dois servidores da Secretaria da Fazenda que teriam ligação com o esquema foram mantidos em sigilo pelo representante do Ministério Público, pelo fato de a apuração ainda não ter chegado ao órgão. Tráfico de influência Em seu depoimento, que começou a ser tomado no início da noite de ontem, Júlio Ney se apresentou como empresário e disse que passava por dificuldades quando entrou em sociedade com servidores da secretaria, com o objetivo de abordar empresários que tinham créditos a receber dos cofres do Estado, cujo pagamento seria liberado mediante o tráfico de influência deles na Fazenda. O representante do MPE e a polícia procuraram convencê-lo a colaborar, fazendo-o ver que sua situação era delicada e “irreversível”. A princípio, o empresário teria se mostrado receptivo à proposta. Antes do depoimento, o promotor recolheu e tirou cópias dos documentos que estavam em poder do empresário, que analisou antes de ouvi-lo. Entre as informações que esperava colher, estavam a relação de empresas que foram “visitadas” por Júlio Ney e quais estariam na lista. Até o momento da prisão, a investigação ainda não havia apontado se outras firmas também tinham sido alvo de extorsão.

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