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Nº 5822
Cidades

Pol�cia identifica servidores suspeitos de extors�o

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Por | Edição do dia 05/02/2005 - Matéria atualizada em 05/02/2005 às 00h00

EDNELSON FEITOSA FELIPE FARIAS O diretor-geral da Polícia Civil, Roberto Lisboa, informou ontem ter identificado dois funcionários da Secretaria da Fazenda (Sefaz), suspeitos de participação num esquema para extorquir empresários que têm dinheiro a receber do Estado. Os servidores são Geraldo Correia, que a polícia ainda não sabe dizer se é efetivo ou comissionado, e Valter da Silva, prestador de serviço. Lisboa supõe que ambos trabalham na Gerência de Controle e Movimentação Financeira, setor ligado à Divisão de Pagamento, que funciona no 9º andar do prédio da Sefaz, no Centro. O secretário-adjunto do Tesouro Estadual, Tomé Cavalcante, informou ter tomado conhecimento das investigações desenvolvidas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil na última quinta-feira. Ele declarou ter sido informado das prisões e que o secretário do Tesouro Estadual, Eduardo Henrique Araújo Ferreira, vai colocar a Sefaz à disposição das autoridades para aprofundar as investigações. Segundo Tomé Cavalcante, deverá ser aberto um processo administrativo disciplinar, com a finalidade de apurar responsabilidades. Caso se confirme o envolvimento de servidores públicos no crime, se forem de serviços prestados será exonerado; se for efetivo, será demitido. Tomé garantiu que o Estado não foi lesado. “O pagamento foi devido e legal”, declarou ele. Acrescentou que o empresário João Cassimiro Bittencourt Neto, da Reformar Esquadrias Ltda., no Poço, responsável pela denúncia de extorsão apresentada ao Ministério Público, tinha dinheiro a receber do Estado. E ainda tem. Ele recebeu cerca de R$ 50 mil de processos conhecidos como “restos a pagar”, contas do ano passado, dinheiro que demora para sair dos cofres públicos, e que Bittencourt recebeu em apenas dois dias de negociação com o agenciador, o empresário Julio Ney Lima do Nascimento, que acabou preso e autuado em flagrante, acusado de extorsão. Tráfico de influência Tomé Cavalcante admite que houve tráfico de influência, pois Julio Ney agiu como um lobista (pessoa que, por pressão ou influência, tenta obter vantagens). Ou ele sabia que o dinheiro da vítima estava mesmo para sair naquele dia, ou conseguiu que a liberação do dinheiro na Secretaria da Fazenda fosse priorizada para Bittencourt. De qualquer forma, a cobrança da propina foi considerada criminosa pelos membros do MP e da Polícia Civil. Julio Ney Lima do Nascimento declarou ontem que agiu sozinho no esquema de extorsão contra João Cassimiro Bittencourt Neto, de quem exigiu R$ 6 mil para que o pagamento de processos no valor de R$ 50 mil, que Bittencourt tinha a receber, fosse “apressado” na Sefaz. “Fui tirar vantagem” Bittencourt recebeu o dinheiro em dois dias e Julio Ney foi preso em flagrante quando recebeu a propina pelo “serviço”. Segundo ele, Carlos Henrique Almeida Alves, Arnaldo Clarindo Alves Júnior e Remi Alves de Barros, que foram presos pelo diretor-geral da Polícia Civil, Roberto Lisboa, quando ficaram em frente da empresa de Bittencourt, no Poço, no momento em que ele recebia o dinheiro, são inocentes. “Não tinha mais ninguém comigo. Consegui a informação há quinze dias e fui tirar vantagem do que sabia”, alegou ele. Julio Ney caiu em contradição quando admitiu à imprensa que “conhece muita gente” na Sefaz e que tinha condições de “apressar” pagamentos, principalmente de contas do ano passado, conhecidas como “restos a pagar”. Ao perceber que havia falado demais, ele se recusou a responder a outras perguntas, chegando a dizer que somente iria declarar para seu advogado como havia conseguido a informação. O vendedor Remy Alves de Barros foi o primeiro que quebrou o silêncio e decidiu falar à imprensa sobre sua prisão, na tarde da última quinta-feira, no Poço. Ele declarou que saiu com os primos Arnaldo Clarindo e Carlos Henrique, no veículo do segundo, para comprar duas geladeiras que seriam revendidas a hospitais do Estado. “Os primos costumam participar de vendas de produtos hospitalares”, frisou ele. “Eu não sabia de nada. Não sabia quanto ele [Julio Ney] ia receber, nem que se tratava de extorsão. Sou inocente. Jamais tive qualquer tipo de negócio com ele”, completou.

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