Cidades
Chuva muda Sert�o, mas drama continua

MAIKEL MARQUES MÁRIO LIMA O fenômeno da seca verde voltou a deixar o sertão alagoano com um cenário diferente. Em vez dos galhos secos das caatingas e da terra esturricada, o que se vê nos últimos dias é uma área irrigada pela forte chuva que voltou a cair entre o agreste e o sertão alagoanos. Apesar da situação crítica de calamidade e emergência, as famílias ganham fôlego e têm uma ponta de esperança contra a estiagem que assola a região. Na tarde de ontem, um verdadeiro temporal desabou sobre as cidades de Batalha, Dois Riachos, São José da Tapera e Poço das Trincheiras. Raios e trovões cruzaram o céu cinza-chumbo e anunciaram a chuva que caiu por mais de três horas. A baixa visibilidade nas estradas provocou uma extensa fila de carros logo após a ponte sobre o Rio Ipanema, no município de Batalha. Alegria A chuva foi saudada com alegria pelo sertanejo, que vive sob a estiagem há mais de oito meses. Leves pancadas de chuva vêm caindo com freqüência irregular na região desde o início do ano, mas ainda não são suficientes para resolver o eterno e sofrido problema da seca. Distribuição de água Os pipeiros cadastrados pela Defesa Civil Estadual começaram somente ontem à tarde o trabalho de coleta e transporte de água potável para comunidades carentes na zona rural de 23 dos 25 municípios que decretaram estado de emergência em virtude dos efeitos da estiagem. Dos 34 pipeiros contratados, somente 22 fizeram o transporte no primeiro dia da operação Água é Vida. Oito pipeiros desistiram da prestação do serviço no ato de assinatura do contrato porque consideraram insuficiente o valor médio de R$ 3 mil pago para custear as despesas com o transporte do líquido. Segundo explicou à GAZETA o major Gilson Romeiro, os pipeiros desistentes já foram substituídos por outros profissionais. Eles assinam contrato hoje cedo e já recebem o roteiro de transporte do líquido para as comunidades carentes. As viagens dos pipeiros serão fiscalizadas pela própria Defesa Civil e também pelas lideranças comunitárias dos povoados cadastrados para receber o líquido. Há povoados que vão receber até 50 caminhões de água por mês. Sem emergência Erros no preenchimento dos relatórios de avaliação de danos exigidos pela Comissão de Defesa Civil nacional estão impedindo que o Ministério da integração Nacional reconheça os decretos de emergência dos municípios alagoanos. A informação foi dada oficialmente, ontem, à presidente da AMA, Rosiana Beltrão, em audiência em Brasília, pelo coordenador nacional, coronel Jorge Pimentel. Pelo relatório apresentado à prefeita, cerca de 50% das avaliações não estão de acordo com as exigências do ministério. São problemas de ordem técnica que serão resolvidos até a próxima terça-feira, disse a presidente da AMA.