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Viol�ncia dom�stica contra jovens preocupa AL

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CARLA SERQUEIRA Nos últimos dias, casos como o do zelador Severino Soares da Silva, 36, que assumiu ter estuprado a própria filha; e do pai Mário Ferreira dos Santos, 45 – que teve suas três filhas desaparecidas por seis meses e, na última terça-feira (22), precisou reconhecer as ossadas delas por meio das roupas que usavam quando desapareceram – têm chamado a atenção dos órgãos responsáveis pelos direitos humanos no Estado e mobilizado as entidades sociais contra esses crimes. Em visita a Alagoas, o ouvidor da Secretaria de Nacional de Direitos Humanos, Pedro Montenegro, disse que acredita numa ação conjunta de todos os segmentos do governo para alcançar uma solução para o problema da violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. “Precisamos utilizar, por exemplo, os agentes comunitários de saúde, que estão sempre visitando as casas. Eles próprios poderiam ser capacitados para fiscalizar se ali existe alguma forma de desrespeito aos direitos humanos”. Ação conjunta O secretário estadual de Direitos Humanos, José Roberto, explicou que a visita de Pedro Montenegro ao Estado iria articular os segmentos que trabalham em prol dos direitos das crianças e adolescentes. “Reunimos o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, o Conselho da Criança e do Adolescente, técnicos da nossa secretaria, o Centro de Gerenciamento dos Direitos Humanos da Polícia Militar e a OAB para discutir quais são as prioridades de ação da secretaria”, disse, ressaltando que também vai trabalhar com as igrejas e organizações da sociedade civil, visando à diminuição dos índices de violência contra jovens no Estado. Segundo Pedro Montenegro, as estatísticas mostram que 90% dos abusos são cometidos por familiares. O Núcleo Temático da Criança e do Adolescente da Ufal revelou que cerca de 43% dos jovens que vivem nas ruas já sofreram algum tipo de violência dentro de casa. Deste universo, 37,6% são adolescentes entre 12 e 17 anos de idade. De acordo com o levantamento realizado pelo coordenador do Movimento de Meninos de Rua, Átila Vieira, entre os anos de 1992 e 2004 houve 105 assassinatos, 70% praticados com armas de fogo. /// Ufal: mais de mil menores estão na rua Os estudos realizados pelo coordenador do Movimento Meninos de Rua, Átila Vieira, revelam que 70% dos assassinatos de meninos de rua de Maceió praticados entre os anos 1992 e 2004 apresentaram características comuns e foram efetuados com armas de fogo. “Houve um caso em 2003, quando o tenente Tavares, da Radiopatrulha, espancou cerca de 10 meninos na Praça dos Martírios”. O motivo para a agressão física foi a recusa à ordem do policial, que obrigara os adolescentes a limpar a praça. Segundo a coordenadora do Núcleo Temático da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cláudia Malta, em 2002, o total de crianças encontradas nas ruas pela manhã era de 1.019. No período da noite, cerca de 310 crianças perambulavam pelo Centro da cidade. No entanto, aquelas que dormiam nas calçadas somavam 159. “Se houvesse políticas públicas eficazes para os jovens em Alagoas, seria possível retirar esses adolescentes da rua. O número não é tão gritante assim”, afirmou Cláudia Malta. Ainda de acordo com Cláudia Malta, as pesquisas referentes ao número de meninos de rua entre os anos de 1994 e 1999 registraram um aumento significante de cerca de 30%. “Fazemos pesquisas desde 1990 e a conclusão a que chegamos é de que não existem reduções nestes números. Hoje, já constatamos crianças que se tornaram adultas nas ruas”, revelou Cláudia. Segundo a pesquisadora, a universidade tem feito a parte dela. “A gente vem questionando, denunciando, entregando relatórios às autoridades, mas vemos que há uma discriminação geral diante da violência. Estas crianças e adolescentes sofrem, na verdade, um abandono institucional”, denunciou, relembrando que eles são privados de um desenvolvimento realmente humano. /// Em 12 horas, cinco jovens assassinados EDNELSON FEITOSA Um adolescente de 14 anos foi uma das cinco vítimas de assassinatos ocorridos nas últimas 12 horas em Maceió. As vítimas moravam na periferia da cidade, tinham envolvimento com “galeras” ou drogas e eram pessoas do sexo masculino. O mais velho tinha 20 anos. A família não sabe a quem atribuir o crime, mas tem certeza de que Vanderson da Silva Oliveira, que completou 14 anos no final do ano passado, foi morto por membros da própria “galera” que integrava desde novembro passado. “Foi o pessoal do Village Campestre. Ele era muito menino para se meter com gente tão barra-pesada”, declarou um primo, que não quis revelar o nome. Vanderson foi morto na noite de quarta-feira, no Conjunto Village Campestre, no Tabuleiro. Policiais do 10º Distrito declararam que o menor foi perseguido por dois rapazes e executado com quatro tiros. O estudante Luiz Paulo da Silva Santos, 19, foi morto a tiros e facadas na favela Mundaú, onde, segundo a polícia, estava comprando maconha. “O desentendimento foi por causa de drogas, mas ninguém informou a identidade dos três homens, um deles o traficante, que mataram o rapaz”, declarou um policial do 3º Distrito. Também na área do 3º DP, Diogo Roberto dos Santos Neri, 18, foi morto durante tiroteio entre usuários de drogas na Rua da Paz, no Vergel do Lago. As testemunhas revelaram à polícia que Diogo chegou a revidar os tiros disparados por dois rapazes, que aparentavam ser adolescentes, porém foi atingido e morreu no local.

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