Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que 1,3 bilhão de pessoas no mundo acendem, ao menos, um cigarro por dia e 1,3 milhão de fumantes passivos morrem anualmente. Diante destes dados assustadores, o pneumologista Luiz Claudio Bastos, que atua no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, enfatiza que a virada desse jogo só depende de cada um.
Quem insiste com o vício, conforme o Ministério da Saúde (MS), tem dez vezes mais chances de desenvolver o câncer de pulmão, cinco vezes mais vulnerabilidade em sofrer um Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), cinco vezes maior risco de ter bronquite crônica e enfisema pulmonar e o risco de ser acometido por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) é duas vezes maior.
O especialista explica que a dificuldade em deixar esse mal hábito de lado está diretamente relacionada ao consumo da nicotina. “As pesquisas já comprovaram que a nicotina é uma droga bastante poderosa, pois atua no sistema nervoso central como a cocaína. Ela chega ao cérebro em apenas sete segundos, dois ou quatro segundos mais rápido que a cocaína. É normal, portanto, que, ao parar de fumar, os primeiros dias sem cigarros sejam os mais difíceis, porém as dificuldades serão regredidas com o passar do tempo”, explicou o pneumologista do HGE.
O HGE, por ser uma unidade de Urgência e Emergência referência no tratamento do AVC, do infarto, da insuficiência respiratória, entre outras consequências do tabagismo, também recebe casos relacionados a fumantes ativos, passivos e ex-fumantes.
O problema ainda não está próximo de ser solucionado, mas um relatório da OMS mostrou que 71% da população mundial se beneficia e está protegida por leis e medidas contra o fumo.
“No Brasil, por exemplo, é proibido o consumo de tabaco nos espaços públicos fechados, nos locais de trabalho e nos transportes públicos. Há prédios que não permitem sequer o consumo do cigarro na varanda do apartamento do próprio proprietário. Além disso, as advertências sobre os perigos estão bastante disseminadas, inclusive no próprio produto. Também há grupos de apoio para que as pessoas possam parar de fumar, medidas de proibição de publicidade, promoção e patrocínio de cigarro e impostos que o encarece”, detalhou o médico.
Com isso, de acordo com a OMS, cerca de 5,5 bilhões de pessoas estão protegidas por leis e medidas contra o fumo. E, por causa dessas medidas, nos últimos 15 anos o mundo deixou de ter 300 milhões de fumantes a mais. Entretanto, as pessoas que convivem com os fumantes também estão vulneráveis a sofrer os efeitos nocivos do tabagismo e é nesse fato que os especialistas estão preocupados.
“E tudo isso também é válido para o cigarro eletrônico, que tem conquistado adeptos sob a alegação de que não faz mal à saúde e que não causa dependência. Não é verdade! Ele também contém nicotina e outros produtos químicos que o torna igualmente nocivo e viciante. E, embora os estudos ainda estejam avançando, evidências já mostram que no vapor podem conter diferentes substâncias tóxicas e metais pesados. Por isso, o melhor mesmo é evitar a exposição”, recomendou Luiz Claudio Bastos.