Meio ambiente
MANCHAS DE ÓLEO COMPLETAM 4 ANOS SEM APONTAR CULPADOS
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O aparecimento de manchas de óleo cru espalhadas em várias praias do país já antecipava aquele que seria considerado o maior desastre ambiental que atingiu a costa brasileira. Lá se vão quatro anos, completados na quarta-feira (30), sem nenhuma punição dos responsáveis, reparações junto ao governo brasileiro, nem o pagamento de indenizações às comunidades atingidas.
A dispersão do óleo através do vento e das correntes oceânicas se deu em um trecho de cerca de 2.000 km do litoral do país, atingindo pescadores, marisqueiras, além de empresas e funcionários do segmento turístico, que sofreram prejuízos consideráveis diante dos riscos de contaminação na cadeia alimentar.
Para os especialistas, o governo federal demorou a reagir, diante do tamanho do problema causado pelo óleo vazado no mar. Um plano de contingência foi acionado à época, pelo governo Jair Bolsonaro, somente 43 dias depois que as manchas chegaram à costa leste brasileira.
Até hoje as autoridades brasileiras ainda não conseguiram identificar os responsáveis pela situação e ainda perduram algumas hipóteses para o início do vazamento.
Para o docente da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), professor Emerson Soares, a situação já foi bem mais preocupante, principalmente no decorrer dos dois primeiros anos de registro do problema. “Nós estamos mais atentos, mas ainda estamos despreparados caso apareça algo semelhante. Nós estamos totalmente desprovidos de qualquer tecnologia de detecção e monitoramento desse tipo de situação”, disse o pesquisador.
Segundo o presidente do Instituto Biota, Bruno Stefanis, o órgão tem a responsabilidade de proteger, resgatar e tratar os animais que forem contaminados, e isso foi feito. O Biota demonstrou capacidade de reação graças a algumas parcerias que colaboraram para a criação de um centro provisório de resgate e reabilitação dos animais atingidos pelo óleo. “Na época do aparecimento das manchas nós não tínhamos mais o monitoramento das praias em Alagoas. Mas com a ocorrência e a situação dos animais, nós retomamos esse monitoramento para resgatar os espécimes que ficaram encalhados devido ao óleo”, disse.
Ele conta que o reativou o processo de monitoramento utilizando os os recursos que seriam investidos na construção da nova sede do Biota. “A nossa instituição virou provisoriamente um Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD), uma estrutura para atendimento simultâneo de diversas espécies de aves marinhas, tartarugas e mamíferos aquáticos, em parceria com o Ibama e a Petrobras”.
“Graças a estrutura que nós já tínhamos, isso foi efetivado, mas é preciso ampliar a rede de atendimento aos animais que encalhem por algum motivo, para que eles sejam resgatados e tratados aqui e devolvidos ao mar por aqui. Somente os estados de Sergipe e Rio Grande do Norte possuem uma estrutura definitiva e podem oferecer atendimento na região. É isso que o Biota busca com a retomada da construção da nova sede para oferecer uma melhor resposta aos casos que aconteçam”, finalizou Bruno Stefanis, presidente do Instituto Biota de Conservação.