Cidades
Semed admite que educa��o infantil vai mal

FÁBIA ASSUMPÇÃO Maceió é a capital que tem o menor índice de atendimento na educação infantil do País. A informação é da Secretaria Municipal de Educação, e foi colocada em reunião, ontem, com o Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente e representantes de Conselhos Tutelares. A subsecretária de Educação, Betânia Toledo, recebeu dos conselheiros tutelares o resultado de um levantamento que aponta a existência de 1.783 crianças de 6 a 11 anos fora da escola apenas no Clima Bom e no Conjunto Village Campestre. Nossa intenção era propagar a educação infantil, já que a maioria das crianças de Maceió chega à escola tardiamente. Mas, devido à necessidade de atender crianças fora da escola no ensino fundamental, temos que adiar esse trabalho, admitiu Betânia. Segundo a subsecretária, muitas creches, como a de Ipioca, estão totalmente deterioradas e necessitam de uma reforma urgente. Pelo menos oito delas estão fechadas. Betânia reconhece, também, que há demanda por escolas em outros bairros, com exceção de Ponta Verde e Jatiúca. Um documento encaminhado por lideranças comunitárias do Jacintinho mostra que no bairro existem pelo menos 300 crianças fora da escola. Ela defendeu, ainda, a necessidade de um trabalho integrado com a Secretaria Executiva de Educação, pois diz que, sozinha, a Semed não tem como atender a essa demanda, principalmente da 5ª à 8ª séries. Segundo ela, muitas escolas do Cepa estão ociosas e poderiam ser usadas para abrigar os alunos dessas séries que estão fora da sala de aula. De acordo com Betânia, a Semed vai fazer uma avaliação do levantamento feito pelos conselhos Estadual da Criança e Tutelar do Tabuleiro, mas, de antemão, afirmou que muitas crianças que constam da listagem já estavam matriculadas em outras escolas, só que distante do bairro onde moram. Há casos, também, de crianças que estão deixando escolas particulares, que mesmo cobrando pequenas mensalidades, os pais não têm condições de pagar. Sucatas O secretário municipal de Educação, Regis Cavalcante, disse que o Ministério Público (MP) deveria fazer uma investigação para verificar a realidade de algumas escolas municipais, que são verdadeiros escombros . O secretário afirmou que a secretaria está adotando medidas, como aluguel de prédios e ampliação de salas das escolas da rede, para atender à demanda de alunos fora da escola. Mas disse que se deparou com problemas de estrutura física em várias escolas municipais e creches. /// Tutelares denunciam medo e abandono O presidente do Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente, Gilberto Irineu, disse que os conselheiros tutelares do Tabuleiro já haviam encaminhado anteriormente à Secretaria Municipal de Educação (Semed) uma listagem com 400 crianças fora da escola. Como não foi dada a devida atenção, o Conselho foi provocado para intervir na questão. De acordo com um dos conselheiros tutelares do Tabuleiro, Jailson Alves, o levantamento de crianças fora da escola não foi feito em localidades do Tabuleiro como Santa Lúcia, Cleto Marques Luz, Eustáquio Gomes e Santos Dumont. Por isso, o número de crianças fora da escola na região deve ser ainda maior do que as 1.789 registradas no Clima Bom e Village Campestre. Abandono Os conselheiros aproveitaram o encontro na Secretaria Municipal de Educação para denunciar o abandono dos Conselhos Tutelares. Pelo menos dois deles, das regiões 1 e 2, que abrangem de Ipioca ao Pontal; e 5 e 6, de Bebedouro a Fernão Velho, fecharam as portas. No Conselho Tutelar do Tabuleiro, de acordo com Jailson, falta transporte para os conselheiros, não há água nem gás na sede. E, por falta de dinheiro, não há alimentos para distribuir com as crianças atendidas no Conselho. A Secretaria de Finanças não está repassando recursos aos conselhos. Hoje, os conselheiros aproveitam um ato que será realizado às 10 horas, na Igreja dos Martírios, pelos 30 dias de assassinato do conselheiro tutelar de São José da Tapera, Benildo Tenório Lisboa, 55, ocorrido no dia 28 de janeiro deste ano, para mostrar que os demais membros de conselhos trabalham com medo e reivindicar segurança para realizar suas ações em defesa da criança e do adolescente. De acordo com a presidente do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente, Nadeje Amorim, falta uma conscientização de toda a sociedade sobre o que é o Conselho Tutelar e, ainda, o que representa o Estatuto da Criança e do Adolescente. O presidente do Fórum dos Conselhos Tutelares do Estado, Edmilson de Souza, informou que vai procurar o Ministério Público para negociar uma solução. Muitas vezes, os conselheiros são orientados a fiscalizar casas de shows, mas são barrados na entrada. Se for necessário, vamos pleitear uma mudança nas leis municipais que garanta o acesso dos conselheiros a esses locais.