
‘TEMOS UMA HISTÓRIA PARA NOS ORGULHAR’, AFIRMA DOUGLAS APRATTO
Historiador afirma que Alagoas tem marcado presença em momentos memoráveis do Brasil
Por regina carvalho | Edição do dia 16/09/2023 - Matéria atualizada em 16/09/2023 às 04h00
A Gazeta de Alagoas ouviu o escritor e historiador Douglas Apratto sobre os 206 anos de Emancipação Política de Alagoas, celebrado neste sábado, 16 de setembro. Para o professor, o estado teve e ainda tem evidência nacional. E, mesmo sendo um dos menores em extensão territorial dentre as unidades federativas e está entre as dez menores populações do país, é berço de uma história rica e presente em momentos memoráveis do país, motivo que deveria orgulhar os alagoanos.
“Um protagonismo extraordinário e continua a tê-lo. É só ver o cenário político atual, Senado e Câmara e ver, como em outros momentos, que estamos na vanguarda. Três presidentes da República, o proclamador, o consolidador, e o primeiro eleito após o regime militar. Por conta desse protagonismo muitas vezes somos injustiçados”, avalia Apratto.
A reportagem pergunta quais personagens, na opinião dele, ajudaram a construir a história de Alagoas. “Américo Vesúvio (mercador, navegador, geógrafo e explorador de oceanos) lá nos primórdios passou por aqui. Nossos antepassados caetés eram conhecidos por sua bravura. O banquete antropofágico do Bispo Sardinha deu-se em nosso território. Iniciamos as primeiras tentativas de colonização com os engenhos. Participamos ativamente da Guerra do Açúcar durante a Invasão Holandesa, da Revolução Pernambucana e da Confederação do Equador, sendo a primeira a causa da nossa Emancipação”, relata o historiador.
“Os mais importantes”
Douglas Apratto cita ainda a participação de Alagoas na Revolta de Quebra-Quilos, na Guerra do Paraguai e no Ciclo do Cangaceiro. “Tivemos lideranças na Revolução de 30 e que combatemos na Revolução Constitucionalista. Mas, sem dúvida, o Quilombo dos Palmares, a rebelião de Zumbi e Aqualtune contra a escravidão foi talvez a página mais importante de nossa história”, destaca.
O historiador lembra que cada um dos episódios tiveram suas figuras importantes e foram muitas que enriquecem a história de Alagoas. Não só políticos e militares, mas sobretudo literatos, músicos e “homens de ciência”.
A reportagem pergunta a Douglas Apratto se temos motivos para nos orgulhar de Alagoas. “Muito. Muito. Temos uma história e um povo do qual nós podemos nos orgulhar. Quem não é o maior, tem que procurar ser o melhor. Temos também uma elite financeira e política insensível ao sofrimento da imensa maioria da população que precisa ter consciência de sua grandeza e exigir seus direitos com consciência politica e ação constante pela cidadania”, finaliza.
A HISTÓRIA
A região onde hoje está o estado de Alagoas foi invadida por franceses no início do século XVI. Seria retomada pelos portugueses em 1535, sob o comando de Duarte Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco, que organizou duas expedições e percorreu a região. Além de fundar alguns vilarejos, como o de Penedo, foi responsável pelo incentivo ao plantio de cana-de-açúcar e a formação de engenhos.
Em 1630, os holandeses invadiram Pernambuco, chegando a ocupar Alagoas até 1645, quando os portugueses reconquistaram o controle da região. Em 1706, Alagoas é elevada à condição de comarca. Quase 30 anos depois, em 1730 já tinha cerca de 50 engenhos e 10 freguesias.
A emancipação política do estado só aconteceu em 1817, quando a comarca foi elevada à condição de capitania. Durante os anos seguintes, vários levantes contra os portugueses se sucederam em Alagoas.
Em meio crises políticas, em 11 de junho de 1891, a primeira Constituição do Estado foi assinada.