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COM 75 ANOS, SERTANEJO ALAGOANO SE FORMA PELA 1ª VEZ NA UNIVERSIDADE

Da infância no campo e de família humilde, José Soares dedicou a vida à esposa e filhos e agora realizou o sonho

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Foi aos 75 anos que o alagoano José Soares Costa conseguiu o seu primeiro diploma em um nível superior. Natural de Batalha, no Sertão de Alagoas, ele levou consigo o sonho de se formar em uma área que pudesse atuar profissionalmente no campo, ao lados dos animais. A zootecnia foi o curso escolhido por ele e essa conquista foi efetivada em agosto deste ano.

Foi no dia 29 de agosto de 2023 que José Soares reuniu a sua esposa, dona Creuza, os seus três filhos e cinco netos - sua “verdadeira fortuna”, como os define” - no auditório da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), campus Santana do Ipanema. O encontro foi para celebrar os cinco anos de universidade enfrentados pelo novo zootecnista. Era a colação de grau. Momento em que ele se consagrou como profissional.

O primeiro vestibular prestado por José Soares, ele conta, foi em 2013, quando tinha 64 anos e fazia pouco tempo que havia se aposentado. Ele não conseguiu. Entretanto, o sertanejo persistiu na conquista do seu sonho, fazendo a prova para ingressar na Uneal. O acesso foi garantido.

“Eu sempre tive vontade de fazer esse curso. Mais jovem não consegui e resolvi fazer depois. Eu gostaria de ter feito antes. Eu queria fazer veterinária, mas o mais perto era a rural em Pernambuco, Viçosa em Minas Gerais e na Bahia. A dificuldade era muito grande”, ele conta.

A infância de José Soares foi no campo. De família humilde e da roça, mesmo sem formação alguma, ele dedicou sua vida à esposa, aos filhos e aos animais do campo. Chegou a trabalhar, desde 1970, na Secretaria de Agricultura do Estado, como auxiliar de veterinária, vacinando bois, cavalos, e animais do gênero.

“Fui pequeno produtor rural. Casei em 1973, com dona Creuza, que é uma maravilha na minha vida e até hoje convivemos. Tivemos três filhos homens e tive uma pequena propriedade, como pequeno produtor de leite, depois parei em 2009. E quando foi em 2013, me aposentei e tive a ideia de fazer a faculdade”, relata José Soares.

“TIVE APOIO, MAS NÃO TIVE MOLEZA”

Ao entrar na faculdade, José Soares Costa diz que sentiu inúmeras dificuldades. A primeira delas foi a de se adaptar às disciplinas. “Fazia tempo que eu estava fora da sala de aula”, conta. “Mas tive apoio de professores, dos colegas, me entusiasmei e continuei. Tive respeito e ajuda”, complementa.

Outra dificuldade elencada por ele era o deslocamento, à noite. Ele mesmo dirigia veículo próprio e, sozinho, percorria todos os dias, 45 km para ir e 45 km para voltar, entre Batalha - onde mora - e Santana do Ipanema - onde fica a universidade.

“Era difícil. E fiz o curso normalmente, como qualquer jovem. Não tive facilidade por ser idoso. Tive apoio, mas não moleza”, considera o zootecnista.

A terceira dificuldade foi a pandemia, que chegou ao Brasil no ano em que José Soares iria estava construindo o seu TCC para a conclusão definitiva do curso. Nesse período, as unidades de ensino pararam, assim como outras instituições públicas e privadas. Isso fez com que a apresentação da sua conclusão ocorresse apenas em 2020, o que foi feito por vídeochamada, aos 72 anos.

A colação de grau também tardou, ocorrendo três anos depois, em agosto deste ano. “Aprendi muito. obtive mais conhecimento e aperfeiçoamento da prática que eu já tinha. E para a vida, muito ensinamento, mesmo eu com minha experiência, a faculdade me preparou muito para vida. Foi um ensinamento excelente. Agradeço muito à universidade pela oportunidade. Fiquei mais maduro para a vida”, finaliza José Soares.

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