Cidades
Prefeito ironiza projeto e cobra sensatez

Piranhas ? O prefeito Inácio Loiola ironizou o projeto para construção do Canal do Sertão, por considerá-lo uma insensatez do governo. Apontando o Rio São Francisco, disparou: ?Olhe o canal natural que Deus nos deu! Se nós, até hoje, não fomos capazes de entender essa dádiva divina, como podemos querer construir um canal artificial? Isso é uma insensatez?. Inácio, que é agrônomo formado pela Universidade Federal de Alagoas, não tem apenas a visão política, mas técnica. Para o prefeito de Piranhas, cidade às margens do São Francisco, a 282 quilômetros de Maceió, o projeto ideal seria o aproveitamento da calha natural do rio. ?Seria mais barato, mais fácil e mais abrangente?, garantiu, apontando como outra solução a revitalização dos afluentes do São Francisco. Como fazer Orçado em 250 milhões de reais, o Canal do Sertão ( ex-Canal do Moxotó) foi projetado para beneficiar cerca de trinta municípios do sertão e agreste, até Arapiraca. A maioria dos municípios seria beneficiada com água para o consumo humano, ficando os projetos de irrigação restritos ao semi-árido. Essa era a idéia inicial, que contemplaria diretamente a uma população de 700 mil pessoas. Com a entrega do projeto à Codevasf, o número dos municípios e a população a ser beneficiada será revisto ? os técnicos garantem que vai ser ampliado, mas contando-se com a população das cidades pernambucanas. Os afluentes Para o prefeito Inácio de Loiola, se o governo quiser estender os benefícios e realizar um projeto de irrigação realmente eficiente, primeiro deve cuidar da revitalização dos afluentes do São Francisco, tais como os rios Ipanema, Capiá e Traipu. Através desses três rios alagoanos poderia-se beneficiar a uma população superior as 700 mil pessoas previstas no projeto original. ?Fico feliz porque essa também é a idéia do professor José Theodomiro, que é a maior autoridade sobre o Rio São Francisco. Ele defendeu essa mesma tese, porque conhece o problema da falta d?agua no sertão e sabe qual o caminho mais fácil e mais barato para resolver a questão?, disse o prefeito. Tripla ação A recuperação dos afluentes do São Francisco é a condição sine qua non para a revitalização do Velho Chico. Inácio observou que de nada vai adiantar revitalizar o São Francisco, se os seus afluentes permanecerem despejando entulhos e areia na calha principal. ?Será uma ação de efeito triplo. Resolve-se o problema do assoreamento do São Francisco pelos despejos de entulhos através dos afluentes, torna-se esses afluentes perenes e permite-se a irrigação das áreas marginais. Para mim, esse é o projeto ideal?, sustentou. O canal artificial tem problema operacional ? a evaporação na região é intensa e a maior parte do terreno onde está projeto não se presta à irrigação.