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Evang�licos dominam cena religiosa na PM

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FELIPE FARIAS No próximo dia 23 serão realizadas as comemorações alusivas ao padroeiro da Polícia Militar, São Jorge. É quando pode vir à tona um assunto referente à corporação que já foi motivo de audiência com o governador Ronaldo Lessa e chegou a Brasília, mas, curiosamente, nada tem a ver com segurança pública, policiamento ou violência, mas sim com religião. A corporação está há pelo menos dois anos sem um capelão militar católico, e alguns dos praticantes dessa fé dizem que o templo, a capela no quartel do comando geral, está abandonado. ?Há um abandono físico e espiritual?, diz o padre Manoel Henrique, que desempenha a função, mas não em caráter efetivo, porque não é militar. A capelania evangélica da PM é exercida em outro espaço, também no comando geral, na Praça da Independência. Padre Manoel Henrique atua como voluntário e cita como exemplo desse abandono o fato de o pátio externo da capela já ter sido usado como estacionamento e depósito de material de construção. De fato, até o fim da semana passada, havia montes de areia usada para uma reforma na unidade. A capela, segundo ele, seria apenas o retrato de outra situação: o aumento ?vertiginoso? do contingente de evangélicos na PM. O que o padre atribui ao bom trabalho da capelania evangélica, que arrebanha mais fiéis ? e inclui até acompanhar despejos de sem-terra e, pela ausência de outros capelães efetivos, preparar as cerimônias católicas da corporação. ?E também pela omissão da Igreja Católica entre os militares?. O comandante-geral, coronel PM Edmilson Cavalcante, nega haver divisão de cunho religioso e atribui a ausência de um capelão católico a uma questão administrativa. ?Nós já encaminhamos ao governador pedido para que, no próximo concurso, seja prevista vaga para capelão católico também?. *** PM não tem capelão militar efetivo A última vez que um concurso para ingresso na PM de Alagoas preencheu a investidura de capelão militar foi em 1992, durante a gestão do então comandante Nilton Rocha. Segundo o monsenhor Pedro Teixeira, capelão da PM por trinta anos, a função tem de ser desempenhada por um religioso que, pelo concurso, torna-se também militar, passando a ser investido das duas condições. Ele mesmo é tenente-coronel da reserva, após afastar-se, há cerca de dez anos. Na época do concurso, ingressaram quatro capelães: os católicos foram os padres Petrúcio Dário Costa e Pedro Silva, que veio a renunciar depois. Há dois anos, o padre Petrúcio deixou a função, dando início à vacância do cargo de capelão efetivo que vem até hoje. Os capelães evangélicos aprovados no concurso de 1992 foram os pastores Aloísio, que faleceu no ano passado, mas já estava na reserva, e Fernando Nogueira, hoje major. Procurado pela reportagem da GAZETA, o major alegou questões de ordem hierárquica para não poder dar entrevista. O oficial é o único capelão militar efetivo do quadro da PM de Alagoas. Em abril do ano passado, o padre Manoel Henrique foi convidado para assumir a capelania católica da corporação, mesmo não sendo efetivo. No entanto, sua atividade se resume à celebração de uma missa semanal, às terças-feiras pela manhã. Ele diz que a freqüência é boa, mas a quantidade de militares nas cerimônias evangélicas é incontestavelmente bem maior. ?O próprio fato de ser evangélico o único capelão militar efetivo, e eu não, já demonstra que existe uma diferença de tratamento. Eu, por exemplo, não posso estar todos os momentos lá [no quartel], como ele pode, por ser militar?, diz o religioso. Padre Manoel Henrique conta que exerce a função de capelão católico da PM como voluntário; não recebe pela corporação nem pela Igreja, através do Arcebispado. Seja como causa ou como efeito, a ausência de capelão católico na PM, segundo o padre, está relacionada ao crescimento do contingente de evangélicos na corporação. ?O que ocorreu nesse intervalo, desde a saída de padre Petrúcio, é que houve um crescimento vertiginoso da capelania evangélica?, assegurou. Como exemplo, citou a conversão do próprio comandante geral ? o coronel PM Edmilson Cavalcante. O comandante contesta, alegando não ter ingressado na fé evangélica por meio da corporação. A situação já chegou ao Arcebispado, ao governo do Estado e até a Brasília, onde foi comunicada ao arcebispo ordinário militar do Brasil, dom Geraldo do Espírito Santo Ávila, responsável por todas as capelanias militares do País. A GAZETA tentou ouvi-lo sobre o caso, mas sua assessoria alegou que ele participava de um retiro fora da capital. No ano passado, o arcebispo de Maceió, dom José Carlos Melo, teve audiência com o governador Ronaldo Lessa, quando lhe passou a preocupação da Igreja Católica de Alagoas com vacância do cargo de capelão militar católico da PM.

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