Cidades
Livro de Buyers ilustra os combates a�reos

FELIPE FARIAS A precisão, frieza e riqueza de detalhes, típicas dos militares, mesmo sob as condições mais adversas, podem até dar um certo ar de distanciamento. Mas, quando se sabe que foi com seus próprios autores que tudo aquilo aconteceu, o episódio ganha cores fortes. Assim como para um marinheiro o pesadelo é ir a pique, e para um fuzileiro é ficar sem munição, para os aviadores de guerra o pesadelo é ser abatido atrás das linhas inimigas. Um dos relatos que estão no livro do coronel, em relação ao mesmo 1o Grupo de Caça os representantes da aviação brasileira que atuaram na Itália é o do 2o tenente Marcos Eduardo Coelho Magalhães. Magalhães estava então com 21 anos quando pilotava um dos P-47 da Esquadrilha Verde do 1o Grupo de Caça. Por causa de sua posição na formação de ataque, ele ficava mais exposto ao fogo antiaéreo, o que lhe valeu a impressionante marca de, em 85 missões executadas, em 16 retornar com a fuselagem perfurada por balas inimigas. Sorte A sorte é que, segundo ele, o P-47 era um caça robusto, o melhor para bombardeios em mergulho justamente porque resistia bem ao revide da artilharia em terra. É que, nos ataques em mergulho, ele era o último a executar a manobra. Quando finalmente o fazia, as baterias antiaéreas já estavam a todo vapor. Já era impossível ver o alvo, dada a grande quantidade de fumaça, principalmente das baterias de 20 mm, conta ele, no livro. Numa das missões, ele atacou um depósito de munição, mas quando desceu, já subia uma bola de fogo provocada pela explosão do paiol. O resultado é que o tenente só pôde retornar à base auxiliado por rádio, por seu comandante, porque estava com o pára-brisas coberto de óleo e detritos. Foi justamente na 85a missão que ele foi abatido. Em 22 de abril de 1945, na segunda missão do dia, sua esquadrilha atacava uma coluna de blindados. Uma das baterias antiaéreas de 20mm o acertou. Ele conseguiu pular de pára-quedas, mas novamente foi atingido: os disparos lhe feriram a perna e romperam as cordas do pára-quedas, fazendo-o cair no telhado de uma casa. Abordado por alemães e italianos, acabou tendo de falar em português para provar que não era um espião, por causa de seu aspecto.