Cidades
�ndio alagoano perde terra e cidadania

FÁBIA ASSUMPÇÃO Repórter A demarcação das terras continua sendo a grande bandeira de luta dos povos indígenas em Alagoas, que por isso não tiveram muitos motivos para comemorar, ontem, o Dia Interamericano do Índio. A passagem da data foi marcada pelos protestos dos índios wassu-cocal, de Joaquim Gomes, que desde a manhã de segunda-feira bloquearam um trecho da BR-101, para cobrar do governo do Estado a promessa de construção de 250 casas. Ontem, o governador Ronaldo Lessa afirmou à Gazeta que não lembrava da promessa, mas que, se ela foi feita, será cumprida (leia entrevista na página A3). O prédio da Fundação Nacional do Índio (Funai) foi ocupado por índios kariri-xocó. Além de vir a Maceió cobrar a melhoria de condições de vida da comunidade, a tribo fez apresentações em escolas para mostrar à população da cidade a cultura indígena. No Instituto do Meio Ambiente (IMA), índios xucuru-kariri participaram de um projeto de integração entre funcionários públicos do órgão, com apresentações de danças típicas, mostra de artesanto e palestra sobre origens e dificuldades. ETNIAS INDÍGENAS Em Alagoas, existem 11 etnias indígenas, distribuídas em 19 comunidades indígenas, totalizando uma população de pouco mais de 14 mil índios. Segundo o coordenador da Funai em Alagoas, José Heleno, o maior problema enfrentado pelos índios alagoanos é a falta de demarcação de suas terras. A wassu-cocal foi a única comunidade indígena de Alagoas que teve até agora demarcados 2.700 hectares de terra pelo governo federal. Só que eles reivindicam a demarcação de 54 mil hectares, mas concordaram com a redução. Os índios xucuru-kariri, de Palmeira dos Ìndios, por exemplo, aguardam a liberação de um laudo antropológico para dar andamento ao processo de demarcação de suas terras. As comunidades reclamam também maior assistência nas áreas de saúde e educação. Por isso, os índios estão hoje [ontem] em Brasília, solicitando que a educação e a saúde índigenas voltem para a Funai. Atualmente, a assistência à saúde indígena está sob a responsabilidade da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e à educação pelo Estado. Na área da educação, Heleno diz que o atraso no pagamento dos professores pelo Estado está fazendo com que algumas escolas paralisem suas atividades, como no caso dos kariri-xocó, em Porto Real do Colégio. Mil e quinhentas crianças kariri-xocó estão sem aulas por causa desse problema, disse. Sem aulas Os índios geripancós também ameaçam fechar a escola da tribo, porque os professores estão com os salários atrasados. O coordenador da Funai enfatiza a necessidade de realização de concurso para contratação de professores para as escolas indígenas. Hoje, 90% dos professores são índios. José Heleno informou que o governo federal liberou R$ 180 mil para atividades produtivas nas comunidades indígenas, como a compra de sementes de milho e feijão. Por meio do Programa Fome Zero, o governo federal destinou também 804 cestas básicas. José Heleno diz, no entanto, que esse número de cestas é insuficiente para atender a todas as comunidades indígenas de Alagoas. Precisaríamos de 2.974 cestas para atender às comunidades índigenas. Algumas comunidades índigenas - como a geripancó, koiunpanka, katokim, karuazu e aconã, estão localizasas na região do alto sertão e sofrem os efeitos da longa estiagem.