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Nº 5759
Cidades

MULHERES FAZEM MAIS DE 3,5 MIL PEDIDOS DE MEDIDAS PROTETIVAS

Número recebidos pela Justiça de Alagoas este ano já é 26,5% maior do que o registrado em todo o ano passado, segundo levantamento

Por Mariane Rodrigues | Edição do dia 11/11/2023 - Matéria atualizada em 11/11/2023 às 04h00

Três costelas fraturadas, rosto desfigurado, corte profundo na cabeça, doses diárias de remédios contra a depressão, ansiedade e a perda do emprego. Esse foi o resultado de duas horas de agressões violentas que Alice (nome fictício para proteger a identidade da vítima), moradora do interior de Alagoas, sofreu do homem que namorou por oito meses. O tempo de relacionamento, atualmente, é menor do que aquele em que Alice se separou do ex-companheiro, mas o horror de viver sob ameaça de morte ainda a persegue.

Até hoje Alice não sabe o porquê, mas foi acordada durante a madrugada levando pancadas de panela de pressão na sua cabeça. Ao passo em que era brutalmente espancada também com murros e tapas, ela lembra que ouvia xingamentos proferidos pelo então namorado contra ela.

O primeiro sinal de que o namorado podia ser uma pessoa agressiva, conta Alice, é que ele começou a demonstrar ciúmes, o que a fez terminar o relacionamento. No entanto, passado um período separados, ela decidiu dá novamente uma chance. “Foi onde eu cometi o maior erro da minha vida”, alerta a mulher.

Os ciúmes ficaram cada vez mais excessivos. À Gazeta de Alagoas, ela conta que o homem passou a controlar as redes sociais dela. Na noite da agressão, os dois saíram para festejar com amigos. Ao retornarem para casa, Alice foi dormir, mas o companheiro ficou acordado. Nesse momento, segundo ela, o então namorado teria olhado suas redes sociais.

“Começou a vasculhar meu Instagram, minha listas de contatos e cismou com um contato. Disse que eu tinha um caso com o rapaz. Já me acordou me esmurrando e chutando. Me deu vários murros no rosto, me xingava, dizia que eu tinha o traído e eu em choque sem entender nada. Ele me bateu muito, me chutou, e me deu vários golpes na cabeça com uma panela de pressão que cortou minha cabeça”, relata a vítima da agressão.

Toda a violência aconteceu na casa do namorado. Com a chegada de um parente do suspeito, Alice encontrou uma esperança de que iria se salvar daquela situação. Por um instante, as agressões cessaram e o parente tentou limpar os ferimentos. “Quando eu comecei a me molhar, ele gritou que iria pegar a pistola. Me desesperei”, relata.

Em meio ao desespero, Alice diz que fugiu apenas de toalha, conseguiu sair da casa do homem, foi socorrida por uma mulher, que lhe deu abrigo.

Alice registrou um Boletim de Ocorrência, o homem foi preso e aguarda o julgamento dentro do sistema prisional. Entretanto, essa condição não o impede de ameaçá-la constantemente por telefone.

“Dizia que me amava, que queria casar comigo, me tratava bem e fez essa tragédia comigo. Ficaram os danos psicológicos. Hoje um telefone ou uma companhia tocam fico assustada. Vivo a base de remédios para dormir e para crise de ansiedade, estou com depressão, perdi meu emprego, não consigo socializar mais, vivo trancada em casa com medo de tudo e de todos”, desabafa.

Segundo o Tribunal de Justiça de Alagoas, desde 2020 o número de solicitações de medidas protetivas para garantir a segurança de mulheres vítimas de violência aumenta a cada ano no Estado.

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