Cidades
Caminhada pela paz deve reunir 40 mil

| FELIPE FARIAS Repórter Tirar a paz da clandestinidade, mobilizando a sociedade de maneira voluntária para adotar uma postura não de inércia ante os conflitos, mas de garantia da paz em meio a eles. Este é um dos objetivos da organização da 3ª Caminhada pela Paz em Maceió, que será realizada neste domingo, a partir de 17h. Atrações Com saída prevista para o Alagoas Iate Clube (Alagoinha), a caminhada pela paz percorrerá as avenidas Sílvio Vianna e Antônio Gouveia até a Praça Multieventos, onde haverá apresentação de nove artistas, entre eles, Sidney Magal, Tunai, Nando Cordel e Santana O Cantador. Segundo os organizadores, a partir da freqüência das duas últimas edições da caminhada, é possível prever um público de 35 mil a 40 mil pessoas. A caminhada é organizada pelo Movimento Internacional pela Paz e Não-violência (Movpaz), fundado há 14 anos em Feira de Santana (BA) e hoje presente em dez estados e 18 grandes cidades, das quais dezesseis realizam evento semelhante. Em março de 2003, o Movpaz foi reconhecido pela Unesco, organismo das Nações Unidas, como o maior movimento pela paz em atividade na América Latina. Esse é o dia para tirarmos a paz da clandestinidade, quando convocamos a sociedade para se organizar a favor da paz. Afinal, o crime é organizado, mas a paz continua na clandestinidade, desarticulada em nós, explica Maristela Pozitano, coordenadora do movimento. A caminhada não é contra nada; é apenas a favor da paz. Costumamos dizer que não se enfoca, por exemplo, a violência, como em outras manifestações semelhantes. Existem tantos movimentos contra a violência que se eles funcionassem, nós já viveríamos em paz, acrescenta André Carnaúba, também coordenador do movimento. Para ilustrar como a cultura da violência está presente na sociedade, ele cita um exemplo contundente. Todos conhecem diversos verbos relacionados a essa cultura, como brigar, lutar, vencer ou perder e batalhar. Mas quase ninguém conhece o verbo pazear, que está no dicionário também e significa promover a paz e a harmonia. E como se trata de um verbo, implica em ação, não em inércia. E ter essa atitude propositiva é um dos princípios do movimento, acrescenta Maristela. Para difundir sua mensagem, o movimento cita grandes pensadores e líderes da humanidade, como o pacifista indiano Mohandas Ghandi, o Mahatma, que ensinava não haver vários caminhos para a paz. A paz é o próprio caminho, completa Carnaúba. Outra iniciativa com esse objetivo é incentivar as câmaras de vereadores das cidades onde atua a criar o Dia Municipal da Paz. Em Maceió, ela foi tomada no decorrer de 2002 e da mobilização eficiente dos vereadores da capital, o Movimento conseguiu que fosse aprovada em 23 de janeiro do ano seguinte a lei 5.274, a partir de projeto de lei apresentado pela vereadora Neném Breda, instituindo que o Dia Municipal da Paz seria comemorado no último domingo de abril. Daí porque a caminhada será realizada neste fim de semana. O fato de o movimento não estar focado na violência não significa que pregue alienação em relação a ela. Nosso objetivo é mostrar o caminho para a paz, acrescenta ela. Os organizadores terão uma camiseta alusiva, mas não é preciso estar com ela. Quem quiser ajudar, pode adquiri-la a um preço de R$ 10, mas não é exigência porque não haverá cordão de isolamento. Não é preciso sequer estar vestido de branco.