O cenário ainda incerto sobre o futuro da Lagoa Mundaú afeta diretamente os pescadores e marisqueiros. Cerca de dez mil tiram o sustento da retirada de peixes e mariscos da região afetada pela mina 18, no Mutange, em Maceió.
Segundo Mauro Pedro, presidente da Colônia de Pescadores Z04, a situação ainda está sob controle porque a distribuição das cestas básicas mata a fome das famílias que tiram o sustento da lagoa. Mas essa situação não deve durar muito.
“Acontece que a gente tem conta para pagar. A gente não precisa só de comida, temos despesas. A gente só escuta falar em auxílio, mas até agora não chegou nada. Não sei o que vai acontecer daqui para frente se essa situação não se resolver. Temos medo de, na hora do desespero, vendo que estão faltando as coisas dentro de casa, o pescador e a marisqueira voltem para a lagoa”, relata Mauro Pedro.
Ele diz, ainda, que as cestas básicas chegaram apenas para os pescadores que vivem na região de Bebedouro e Fernão Velho, mas muitos que tiram o sustento da Mundaú vivem no Vergel do Lago e no Pontal da Barra.
Em nota, a Prefeitura de Maceió informou que, no momento, só estão impedidos de pescar os profissionais da Colônia Z4, que fica na região entre Rio Novo e Flexal, totalizando 500 pescadores e marisqueiras, segundo informações recebidas da própria colônia.
Para esses profissionais, já foram entregues duas cestas básicas grandes, com reforço de proteínas, ação que será repetida a cada 15 dias.
Ao mesmo tempo, a Secretaria de Pesca de Maceió já cadastrou, junto às demais colônias, todos os pescadores e marisqueiras que dependem da Lagoa Mundaú na região do Vergel do Lago e Pontal da Barra, para que sejam atendidos em uma próxima ação. Mais de 1.700 pescadores e marisqueiras devem ser beneficiados.
Além disso, o prefeito JHC, em reunião no Ministério da Pesca e Aquicultura, pediu que o órgão crie um auxílio para garantir benefícios aos pescadores e marisqueiras que estão impossibilitados de pescar.
ATIVIDADES EXTRAS
Em uma das colônias de marisqueiras, a situação já beira o desespero. Muitas mulheres estão buscando atividades extras para amenizar o prejuízo causado pelo colapso da lagoa.
“A gente estava sem sururu há dois anos já, mas pelo menos ia atrás de camarão e peixe na Lagoa Mundaú e agora não temos mais nem isso. Tem pescador desesperado que já voltou para pescar lá. Não tem como aguentar uma situação dessa vendo faltar comida, as coisas dentro de casa”, desabafa Vanessa dos Santos, representante da associação das marisqueiras.