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Popula��o ribeirinha abandona casas

FÁBIA ASSUMPÇÃO Repórter União dos Palmares - A forte chuva que atingiu Pernambuco elevou o nível das águas do Rio Mundaú, em Alagoas, obrigando cerca de mil famílias dos municípios da zona da mata alagoana a abandonarem suas casas e se abrigarem em escolas públicas e ginásios. Um dos municípios mais afetados pelo transbordamento do rio foi União dos Palmares, a 83 quilômetros de Maceió. Havia uma informação, não confirmada oficialmente, de que uma criança de 11 anos teria sido levada pelas águas do rio. O nível do rio começou a subir repentinamente na madrugada desta sexta-feira, deixando os moradores das áreas ribeirinhas assustados. Com medo de que se repetisse a tragédia registrada em 2000, quando várias casas foram invadidas pelas águas, muitas famílias decidiram retirar todos os pertences das casas e foram se abrigar em escolas, ginásios e residências de parentes. Durante a manhã, o nível do rio começou a baixar, mas a correnteza ainda era muito forte. Mesmo assim, algumas pessoas teimavam em atravessar o rio e crianças tomavam banho nas águas sujas, sem se preocupar com o risco de contraírem doenças, como a leptospirose. O abastecimento de água da cidade, que depende das águas do Mundaú, também foi afetado. O transbordamento do Mundaú deixou totalmente alagada a Rua do Jatobá, que dá acesso ao Povoado Várzea Grande e à BR-104. Moradores da Rua da Ponte, Juazeiro e Choque, que ficam às margens, também decidiram sair de casa, temendo que o nível do rio subisse ainda mais. Foi o que fez a dona-de-casa Nilda Ferreira da Silva, que decidiu se abrigar na Escola Mário Gomes de Barros, que teve as aulas suspensas. Na enchente de 2000, Lilda perdeu todos os móveis. Como não foi beneficiada com as mais de 600 casas construídas pela prefeitura, com ajuda dos governos estadual e federal, ela continuou morando às margens do rio. Só volto agora para casa depois que as águas do rio baixarem, disse convicta Nilda. ### Moradores desafiam perigo e resistem em área de risco Algumas pessoas, no entanto, preferiram não abandonar suas casas. O casal José Matias da Silva e Maria Cecília da Conceição moram numa casa alugada bem próximo à ponte sobre o rio, que dá acesso à estrada para a Serra da Barriga. Eles perderam a casa na enchente de 2000 e tiveram que morar de aluguel. Quando o rio começou a subir na madrugada de ontem, eles recolheram os móveis num galpão emprestado por uma pessoa conhecida, mas decidiram permanecer na casa. Socorro dos Santos foi outra que não quis abandonar a casa. Estou com tudo arrumado, mas só deixo minha casa se o rio subir mais. Serra da Barriga O acesso da Serra da Barriga também ficou bloqueado pelas águas, deixando a propriedade do ex-governador Manoel Gomes de Barros completamente ilhada. Vários riachos que recebem águas do Mundaú também transbordaram. O pátio da indústria de achocolatado São Domingos por pouco não foi atingido pelo transbordamento do Riacho Cana Brava, que fica bem na entrada de União dos Palmares. Moradores de outros municípios banhados pelo Rio Mundaú também vivem momentos de apreensão. Em Murici, cerca de 100 famílias se abrigaram em casas de parentes ou em escolas e ginásios até que as águas do rio baixem. Pela BR-104, era possível ver várias áreas de pastagens e de plantações de cana inundadas. |FA