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Pneus velhos, vil�es do meio ambiente

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FELIPE FARIAS Repórter Um dos maus exemplos de como lidar com a questão ambiental envolve um item que encabeça a lista de vilões do meio ambiente, por sua capacidade poluidora: Maceió ainda não possui nenhum programa de processamento ou reciclagem de pneus velhos, as chamadas carcaças. “Das revendedoras que recebem as carcaças de volta - porque muitas vezes o próprio comprador de um pneu novo se recusa a deixar a carcaça na loja - são poucas as que dão destino correto, para reciclagem. O restante vai para o lixo mesmo”, diz o chefe da fiscalização do Ibama em Alagoas, Eduardo Toledo. Segundo ele, existem cerca de vinte revendedores cadastrados no órgão, funcionando em Maceió; dos quais não mais que três enviariam os pneus velhos para fábricas de produtos que usam a borracha usada como matéria-prima, a exemplo de tapetes emborrachados de banheiro, asfalto e até combustível para fornalhas industriais. Essa destinação é exigência do Conselho Nacional de Meio Ambiente, datada de 1999. A resolução 258 do Conama estabelece que fabricantes e importadores de pneus dêem destino “ambientalmente adequado” para esses itens, que causam poluição de diversas maneiras: ele não se degrada naturalmente, o aço exposto das carcaças causa tétano e a fumaça é altamente tóxica porque libera dois dos gases mais nocivos ao ser humano - monóxido e dióxido de carbono - além de uma fuligem que causa irritações. A mesma resolução definiu ainda um calendário para que proporção entre pneus fabricados e importados e os destinados para reciclagem fosse diminuindo ano a ano, desde sua publicação: esse calendário define que, desde janeiro último, para cada pneu fabricado ou importado (incluindo os que acompanham os próprios carros importados), os fabricantes ou importadores teriam de destinar para reciclagem cinco pneus velhos. Uma das dificuldades para que se dê essa destinação adequada é a inexistência dessas fábricas de reciclagem: em Alagoas, não há nenhuma, as maiores estão em Santa Catarina e no Paraná e a mais próxima daqui fica em João Pessoa. O resultado é que, na prática, o pneu usado acaba retornando para o meio ambiente: em Maceió, os destinos mais próximos do “ambientalmente correto” são sua reutilização como tubos, no lixão, para drenagem do chorume, líquido altamente tóxico produzido pela compressão dos montes de lixo; como escoras para muros de arrimo, para encostas em áreas de risco e como cerca de terrenos baldios. “Como não existe uma reciclagem imediata, temos de recorrer a essa reutilização, que não agride o meio ambiente”, justifica Karla Vasconcelos, assessora técnica da Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (Slum). A solução é um convênio a ser firmado entre a Prefeitura de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, e a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), que representa os fabricantes de pneus. Pelo convênio, o município se encarregaria de recolher as carcaças, fazer sua desinfecção e repassá-las a um representante da Anip, que as encaminharia às fábricas de reciclagem. Outra saída é a instalação de uma unidade para incorporar a borracha dos pneus velhos ao asfalto usado pela Superintendência Municipal de Obras e Urbanização (Somurb) para recapeamento de ruas e nas operações tapa-buraco em Maceió. Para isso, bastaria que a Somurb adquirisse uma máquina para triturar a borracha. A reportagem da Gazeta tentou ouvir o secretário de Saúde, João Macário de Omena, e o superintendente da Somurb, Mozart Amaral, sobre as propostas, mas eles não foram localizados. O secretário municipal de Proteção do Meio Ambiente, Ricardo Ramalho, diz que a responsabilidade de fiscalizar se as revendedoras de pneus cumprem a resolução do Conama é do órgão federal, o Ibama. “Nós fazemos o licenciamento das empresas que recuperam pneus. Nosso alvo mesmo são as borracharias, que também se constituem num fator de poluição ambiental”.

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