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Trabalho ajuda a tirar jovens das ruas

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REGINA CARVALHO Repórter Fundada há 60 anos pelo padre Pinho, completados no dia 13 de maio, a instituição Juvenópolis atende 70 famílias que vivem na miséria, totalizando 150 pessoas de 6 a 18 anos. Muitos desses jovens e adultos que hoje ainda trabalham no Juvenópolis, chegaram na entidade quando crianças. Brás José dos Santos, soldador da fábrica de carteiras escolares, nasceu em Palmeira dos Índios e veio para Maceió ainda criança. ?Meus pais não tinham condições de me sustentar, por isso vim para cá quando tinha apenas oito anos?, disse. sonho Ele terminou o segundo grau com a ajuda da Juvenópolis e hoje com 27 anos sonha cursar uma universidade. ?Meu sonho é fazer um curso superior em informática?, relatou. Com o salário recebido na instituição, Brás ajuda os pais e construiu uma casa onde mora com a esposa e um filho. Com cuidado e habilidade, Brás solda os pedaços de tubos de aço dando forma às cadeiras e carteiras escolares. Flávio Cunha está na instituição há 14 anos, desses há três atua como presidente, um trabalho que exerce voluntariamente. ?Eu queria muito fazer um trabalho social e soube que o Juvenópolis estava precisando. Daí resolvi vir para cá e me oferecer para ajudar?, destacou Cunha, que é empresário do ramo de móveis em Maceió. Com pouco tempo para se dedicar à entidade, Flávio Cunha faz o possível para acompanhar e criar novos projetos desenvolvidos pelo Juvenópolis. Quando resolveu aceitar o desafio de atuar na instituição, o presidente teve que buscar a ajuda de empresas para garantir o seu funcionamento. ?Cerca de trinta empresas ajudaram a instituição durante três anos. Foram responsáveis pela sustentação?, informou o presidente. Quando a entidade ganhou uma certa independência financeira, com a instalação da fábrica de móveis escolares, Flávio Cunha dispensou e agradeceu a ajuda das empresas. ?Depois pudemos sustentar a estrutura com a nossa fábrica?, esclareceu o empresário. Esporte e lazer O Juvenópolis oferece cursos profissionalizantes de informática, corte e costura, cabeleireiro, manicure, serralharia, eletricidade predial e marcenaria. A instituição também disponibiliza práticas esportivas como judô, futebol de salão, basquete, voleibol e recreação. Além disso, crianças têm aulas de reforço escolar. Na instituição, crianças e adolescentes tomam café, almoçam, fazem um lanche à tarde e jantam. ?Muitos deles só comem aqui. As famílias não são carentes, são miseráveis. Elas precisam muito da gente?, destacou. Apesar de oferecer atividades durante o dia, sem sistema de abrigo, dez crianças e adolescentes dormem na instituição. ?Eles não têm condições de voltar para as suas casas, porque são totalmente desestruturadas?, informou Flávio Cunha, que conheceu o padre Pinho, fundador do Juvenópolis. Um terreno próximo à entidade foi dividido em lotes, onde doze famílias de Bebedouro fizeram uma horta comunitária. ?Tínhamos essa área que estava ociosa, por isso resolvemos plantar?, acrescentou o empresário. ### Presidente da instituição diz que faltam mais voluntários Por alguns anos o Juvenópolis atuou como orfanato. ?Deixamos de ser por causa do Estatuto da Criança e do Adolescente que orienta para que a criança fique em casa, sendo cuidada pelos pais?, explicou o presidente da instituição, Flávio Cunha. Ele questiona a orientação do ECA, que em sua opinião esbarra na falta de estrutura de muitas famílias para criar seus filhos. Para cuidar de crianças que foram abandonadas pelos pais, uma funcionária foi contratada pela instituição para desempenhar a função de ?mãe social?. Ela recebe salário pelo trabalho e sempre está disponível para dar carinho aos pequenos. Vinte e sete funcionários trabalham no Juvenópolis, todos têm carteira assinada e outros 25 atuam na fábrica de móveis escolares. Pouco tempo antes de morrer em 1967, o fundador da instituição, Padre Pinho, pediu a entidades religiosas de Maceió que o Juvenópolis não fechasse. O pedido foi acatado. Antes a instituição funcionava na Rua Barão de Atalaia, no Centro de Maceió, onde morava o padre, e atendia menores carentes daquela região. O amplo sítio em Bebedouro onde hoje funciona o Juvenópolis foi doado pelo proprietário de uma usina alagoana, em 1953. Uma creche para abrigar filhos de funcionárias da entidade será construída em setembro com recursos na ordem de R$ 50 mil, doados por uma construtora de Alagoas, de nome não revelado. Voluntários Questionado sobre qual a maior carência hoje da instituição, Flávio Cunha diz que faltam mais voluntários. ?Se existissem mais voluntários aqui dentro poderíamos atender mais famílias que precisam de apoio?, informou. Com sua capacidade de atendimento esgotada, a presidência declarou que somente abre novas vagas para a comunidade quando parte das famílias sair do ?estado de miséria?. ?Enquanto isso não vamos acolher mais gente. No momento estamos com nossa capacidade esgotada?, declarou Flávio Cunha. Os recursos para sustento do Juvenópolis são oriundos apenas da fábrica de carteiras e da ajuda do grupo Marista, que repassa mensalmente R$ 25 mil. ?É uma grande alegria trabalhar e ver que estamos formando profissionais qualificados. Só isso já valeu a pena?, diz o empresário. |RC

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