Cidades
Auditoria interna investiga Caixa em AL

FELIPE FARIAS Repórter A denúncia de favorecimento, por parte da Caixa Econômica Federal a uma imobiliária que pertence a Emanuel Soares Nobre, irmão do superintendente da Caixa em Alagoas, Edmilson Nobre, pode ser incluída na investigação que uma equipe de auditores da própria instituição realiza na representação regional no Estado. Segundo a denúncia, feita por empresários da construção civil , que não quiseram se identificar - mas assumem inteira responsabilidade por ela - a imobiliária Soares Nobre teria exclusividade na comercialização de imóveis construídos com recursos do Programa Imóvel na Planta (PIP), que dispõe de R$ 7,7 bilhões para investimentos. A imobiliária Soares Nobre pertence a Emanoel Soares Nobre, funcionário da Caixa Econômica e irmão de Edmilson Soares Nobre, superintendente da instituição. Emanoel nega a denúncia e alega que não há como existir favorecimento. O superintendente Edmilson Nobre não quis conceder entrevista. A gerente de mercado em exercício, Aparecida Bezerra, endossou que não há benefício a apenas uma imobiliária. ?Essa denúncia é absolutamente inverídica?. Mas, segundo o empresário Cláudio Bezerra, diretor de uma imobiliária, o favorecimento realmente existiria. Segundo ele, ao afirmar que a Caixa Econômica convocou as empresas de seu setor, a gerente substituta informou a verdade. ?Recebemos orientações sobre esse programa, sobre as regras de financiamento e sobre o produto em si. O problema é que esse produto, ou seja, os imóveis, não chegou para nós; só vai para a Soares Nobre?, acrescentou Bezerra, dizendo-se vítima da situação, a exemplo de outras imobiliárias, segundo ele, igualmente preteridas. Para ele, a situação torna-se crítica porque a Caixa está assumindo cada vez mais projetos de financiamento habitacional. Ele disse ainda dispor de documentos que comprovariam o favorecimento porque mostram que, quando fechou uma venda diretamente com o comprador do imóvel, recebeu sua comissão integral, correspondente a 5% do valor da operação. ?Quando fechamos essa venda financiando o imóvel por meio da Caixa Econômica, no mesmo prédio, a comissão teve de ser compartilhada com a Soares Nobre. Recebemos apenas a metade da comissão?, acrescentou o empresário. ### Empresário diz que comissão é metade se venda é pela CEF O escritório da Caixa Econômica em Alagoas já está sob investigação de uma equipe de auditores vindos de outros estados. O trabalho, a exemplo do que foi realizado pelo Banco do Brasil, após as denúncias sobre o desvio de recursos da Secretaria de Saúde (Sesau), no ano passado, é cercado de sigilo; sequer o número de auditores é revelado. A Gazeta apurou, contudo, que a investigação sobre a Caixa Econômica em Alagoas já vinha sendo realizada antes da denúncia dos empresários da construção civil e do setor imobiliário, de que haveria favorecimento a apenas uma empresa, pertencente ao irmão do superintendente Edmilson Nobre. Mas que ela pode ser incluída na investigação. Os auditores vão apurar informações sobre a denúncia, bem como buscar documentos que dêem base oficial às acusações. Documentos O empresário Cláudio Bezerra, diretor de uma imobiliária de Maceió, se disse vítima da situação porque relatou ter sido preterido da comercialização de imóveis construídos com recursos repassados pela Caixa. Além disso, ele disse ter sido prejudicado ainda no recebimento da comissão que é devida aos corretores de imóveis, na intermediação da compra de um imóvel. ?Eu tenho os documentos: quando negociamos diretamente com o comprador, recebemos a comissão integral. Quando negociamos, financiando o imóvel pela Caixa, recebemos apenas a metade da comissão; ela teve de ser compartilhada com a Soares Nobre?, afirmou. Sobre a venda de R$ 64 mil, a comissão integral foi de R$ 3.270,00. O que agrava a situação é que, segundo ele, a operação com comissão integral e sem comissão foi realizada com imóvel de um mesmo prédio. ?É preciso dar um basta nessa situação porque senão acabaremos reféns?. |FF