Cidades
Motoristas apontam gargalos no tr�nsito

BLEINE OLIVEIRA Repórter Não adianta xingar, gritar, esmurrar o volante, buzinar até a exaustão. Diante de um congestionamento a melhor solução é relaxar e curtir a música que estiver tocando no auto-rádio. Se há alguém do seu lado, converse sobre amenidades e esqueça o compromisso, a sensação de perda de tempo, o calor, o barulho das dezenas de outros carros à sua frente. Parece fácil, mas nem todos conseguem adotar esse comportamento quando se está trafegando por vias como a Fernandes Lima, Tomáz Espíndola, ou trechos como a Rua Tereza de Azevedo no sentido Belo Horizonte/Fernandes Lima, cruzamento da Leste-Oeste com a Dom Vital, entre outras, nos chamados horários de pico. HORÁRIO DE PICO Os especialistas em trânsito definem como ?pico? os horários entre 11h30 e 13h e 17h30 e 19h. Dirigir em alguns pontos da cidade neste período de qualquer dia da semana é ?estar no inferno?. Se você é daqueles que não localizam ruas pelo nome, faremos uma descrição dos pontos considerados críticos por dez em cada dez motoristas. Veja se reconhece algum deles! Trecho final da Avenida General Hermes, depois da Praça Lucena Maranhão, em Bebedouro. Ali estão escolas, paradas de ônibus, a via tem partes que estreitam muito, há buracos e, claro, fluxo que se intensifica nos horários de pico. Esquente a cabeça ainda na Rua Francisco de Menezes, no bairro da Cambona (é aquela que passa em frente à Vila Olímpica do Sesi). Seguindo em direção ao Mercado Público prepare o analgésico para enfrentar o congestionamento provocado por ônibus, caminhões e veículos pequenos que disputam cada milímetro daquela estreita via. O alto fluxo de pedestres, carregando bolsas e sacolas, e de ambulantes, com seus carrinhos lotados dos mais diversos produtos, ajuda nosso cérebro a lembrar de um ?mercado persa?. ### Pedestres disputam com motoristas espaço em ruas Não pense que acabou! Você está convidado a lembrar da Avenida Coronel Paranhos, a principal via do Jacintinho, uma das mais usadas quando o destino é a parte alta da cidade, o aeroporto, ou, no sentido contrário, as praias e o Centro. Não adianta o desespero. É preciso calma para enfrentar o frenético vaivém de pedestres que atravessam em qualquer ponto da avenida, ignorando semáforos e faixas horizontais. As calçadas, sempre ocupadas por ambulantes e mercadorias expostas por lojistas, não permitem a circulação do pedestre, que acaba se sentindo mais ?seguro? andando no meio da pista. Esse comportamento exige atenção redobrada do motorista que, tentando evitar acidentes, reduz a velocidade tornando o trânsito mais lento. Passemos para o trecho no cruzamento entre a Rua Dom Vital (dos Capuchinhos) e a Leste/Oeste. Experimente chegar à Estação Rodoviária ou subir para o Barro Duro passando por ali! Por aquele trecho escoa o tráfego de veículos vindo de pontos como a Praça do Centenário, a rua por trás do supermercado Unicompras, além dos carros que sobem e descem pelo viaduto. BL ### Engenheiro defende construção de via Vamos imaginar que, estando em Bebedouro, ou na Rua Belo Horizonte, teremos que chegar à Avenida Fernandes Lima. Nossa principal alternativa é a Rua Tereza de Azevedo, no trecho que começa no Caldinho do Edmundo em direção à Casa Vieira. No início da manhã e da tarde a situação é fácil. Mas no horário de pico exige o máximo de calma! São três filas. O trânsito fica lento, entre outras razões porque o semáforo do cruzamento da Fernandes Lima tem vários tempos, ou seja, atende ao fluxo de quatro sentidos de tráfego. A situação piora com a atitude inaceitável de motoristas que fecham o cruzamento! Dirigindo em Maceió todo motorista já teve a oportunidade de ?curtir? um congestionamento na Avenida Tomáz Espíndola. Ali está um dos famosos ?gargalos? do trânsito em nossa cidade. Do cruzamento da Avenida Antônio Gouveia até o início da Praça do Centenário, temos uma via-crúcis diária. São duas faixas de pedestres com semáforo de botoeira (dispositivo em que o equipamento é acionado pelo pedestre). Junte a isso uma parada de ônibus logo após um desses semáforos e está pronto o caldeirão do congestionamento. Solução Ex-diretor de Planejamento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), o engenheiro José Arnaldo Lisboa Martins aponta como saída para a atual situação do trânsito em Maceió a construção, pelo governo do Estado, de uma rodovia saindo do município de Satuba, nas proximidades do Mafrial, até o distrito de Fernão Velho. Ele sugere que a via terá que ter largura suficiente ?para ajudar a pista dupla que liga a Polícia Rodoviária à Praça do Centenário (trechos das avenidas Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima)?. A partir de Fernão Velho, continua José Arnaldo, caberia à Prefeitura de Maceió construir ?uma via moderna com um mínimo de duas pistas de rolamento, acompanhando a orla lagunar?. Essa pista serviria ao trânsito e se transformaria num grande atrativo turístico - sugere o engenheiro. ?Seria esta a única opção para desafogar a pista dupla do Tabuleiro e acabar com os estrangulamentos da Avenida Major Cícero de Góes Monteiro e da Rua Francisco de Menezes? - afirma. Desta forma, acredita ele, haveria o escoamento do tráfego em direção aos bairros do Trapiche, Ponta Grossa, Pontal da Barra, que hoje é feito também pelo Centro. BL ### Falta planejamento urbano, diz BPTran O engenheiro José Arnaldo Lisboa Martins, ex-diretor de Planejamento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), que já presidiu o Conselho Estadual de Trânsito, diz que as autoridades estaduais e municipais terão que se preocupar urgentemente com as questões da fluidez do trânsito na capital. Sem planejamento Enquanto isso, a população da cidade cresceu, o número de veículos em circulação aumentou, mas as vias de trânsito são as mesmas há várias décadas. Com essa constatação, o comandante do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), tenente-coronel PM Marcus Aurélio Pinheiro, admite que o tráfego de veículos em Maceió torna-se cada vez mais difícil. Para ele, a situação chegou a esse ponto em decorrência da falta de ordenamento urbano e de planejamento de trânsito. O controle desses segmentos da administração pública passou a ser exercido muito recentemente e, em decorrência da desordem urbana, muito do que se faz atualmente transforma-se em paliativos para problemas pontuais. Para o comandante do BPTran, que tem a experiência da rotina do trânsito, é preciso fazer alguma coisa e rápido para evitar os problemas que, por enquanto, só se vê nos grandes centros urbanos. ?Enfrentamos o risco de, em mais cinco anos, ficarmos uma hora ou mais, presos num congestionamento? - alerta o coronel Pinheiro. É que até mesmo as vias alternativas que o motorista ainda encontra hoje para fugir de um engarrafamento se tornarão congestionadas num futuro breve. A fórmula que o oficial apresenta é a adoção de medidas simples, de curto prazo de execução. Contorno de quadra Entre elas, mais projetos de contorno de quadra, como os que foram feitos pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), na gestão do engenheiro Francisco Beltrão, que deu fluência ao tráfego no trecho da Avenida Fernandes Lima próximo à Casa da Indústria e à Casa do Pão, no bairro do Farol. ?É uma alternativa eficiente? - atesta o comandante do BPTran, sugerindo que a atual gestão do órgão implante novos contornos de quadra. É também sugestão do coronel Marcus Aurélio Pinheiro a construção de mais passarelas e viadutos nas áreas de maior congestionamento, além de um planejamento específico para o tráfego de ônibus e caminhões nas vias urbanas que, em sua avaliação, deveriam ter uma pista exclusiva para sua movimentação. BL