Cidades
Boate vira escola na Ch� da Jaqueira

REGINA CARVALHO Repórter Estudantes, professores e pais bloquearam ontem parte da Rua Manoel Inácio, na Chã da Jaqueira, para protestar contra o fechamento, há quase três meses, para uma reforma, da Escola Estadual João Paulo II, situada no bairro. Para não perderem o ano letivo, os 1.400 alunos foram remanejados para dois prédios improvisados. Em um deles, o pátio da escola funciona como boate nos fins de semana. A reforma deveria ser iniciada no ano passado e a única forma encontrada para não paralisar as aulas e prejudicar os alunos foi alugar esses imóveis, disse Laudenice Maria Linsa, diretora-adjunta da Escola Estadual João Paulo II. Ela reconhece a falta de estrutura dos locais alugados, onde também funcionam um centro educacional e um clube social. De acordo com a diretora-adjunta, a Escola João Paulo II, pertencente à rede estadual de ensino, nunca passou por reforma nos trinta anos de existência. A Secretaria de Educação paga 6 mil reais de aluguel desses locais [onde funciona a boate], quando seria muito mais prático iniciar a reforma da escola. Eles pediram 15 dias para começar as obras, mas até agora nada. A comunidade precisa muito que essa escola esteja em pleno funcionamento o quanto antes, acrescentou Laudenice. O contrato dos aluguéis vence no mês de dezembro deste ano, gerando maior preocupação para a direção da escola que teme que os alunos fiquem sem aulas por falta de espaço. O medo da gente é que acabe o prazo e não seja sequer iniciada a reforma da escola, diz a diretora-adjunta. Ontem, após o protesto, a direção da Escola João II mostrou a estrutura física da unidade de ensino, que está com o teto comprometido e os banheiros danificados. Um esgoto corre a céu aberto dentro do prédio. Tinha dia que os professores não agüentavam tanta fedentina e eram obrigados a suspender as aulas. Eles passavam mal com o mau cheiro. Sem contar que convivíamos com baratas, ratos e todo tipo de inseto. Tudo por causa desse esgoto que passa dentro da escola. Colocávamos veneno, mas não adiantava, lembra a diretora-adjunta. Ela ressaltou ainda que os insetos quase que acabaram com uma confraternização de fim de ano. Foi o maior vexame. Os pais dos alunos aqui e os insetos passeando dentro da escola, lembrou. ### Direção cobra medidas da Secretaria de Educação Na Escola Estadual João Paulo II estudam alunos de 2ª a 8ª séries, nos três turnos. Nesse local que estamos agora não existe sala de professores, da diretoria ou de leitura. É um local sem nenhuma condição. Viemos para cá pensando que sairíamos logo, mas até agora a reforma da escola sequer foi iniciada, disse a diretora-adjunta Laudenice Maria. Os diretores da escola reclamam que nunca foram recebidos pelo secretário-executivo de Educação, Maurício Quintella. Por causa disso resolveram realizar protestos no intuito de sensibilizar as autoridades. Fizemos até uma manifestação na porta da secretaria, conta Laudenice. O secretário esteve na escola em março do ano passado e reconheceu que ela está totalmente sem condições de funcionamento, informou a diretora-adjunta. Alunos contam que no inverno são obrigados a guardar os cadernos para que não estraguem. Tem tanta goteira aqui na sala de aula que temos que fechar os cadernos, gritou uma adolescente. |RC