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Reordenamento urbano imp�e queda de �rvores

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| FÁTIMA ALMEIDa Repórter A retirada de árvores do canteiro central das avenidas Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro reascendeu a polêmica ambientalista. De um lado, os que condenam radicalmente o sacrifício, alegando que a redução da cobertura arbórea causa prejuízos ambientais, entre eles a elevação da temperatura. Do outro, os que defendem a retirada ou a substituição das espécies, com argumentos de que são inadequadas para o local e representam riscos para o trânsito. De acordo com o secretário municipal de Proteção ao Meio Ambiente, Ricardo Ramalho, uma vistoria do órgão, solicitada pela Superintendência Municipal de Obras e Urbanismo (Somurb), condenou cerca de 150 árvores no trecho urbano da BR-104, que compreende as duas avenidas mais movimentadas de Maceió, até o aeroporto. ?Algumas estão muito doentes, com partes mortas, outras representam ameaça ao patrimônio e à vida humana, porque a raiz está muito rasa?, explicou ele. Reordenamento urbano Além desse elenco de motivos, obras de reordenamento urbano, como os contornos de quadra da Avenida Fernandes Lima, também têm acionado a serra elétrica contra o arvoredo. Só no trecho de saída da Avenida Rotary, inaugurado esta semana, oito árvores foram decepadas para que o canteiro central fosse moldado às novas regras do trânsito. O superintendente municipal de Transportes e Trânsito, Ivan Vilela, prometeu, no ato, que novas árvores, mais adequadas ao ambiente, serão plantadas no local. ?Estas crescem demais e os galhos atrapalham a visibilidade dos semáforos, prejudicando o trânsito. Não são raros os casos de acidentes, que mesmo não deixando vítimas, causam estragos, como galhos que despencam no pára-brisa de veículos? , destaca ele, fazendo coro à tese reforçada pelo superintendente da Somurb, Mozart Amaral. ?O porte dessas árvores é inadequado para o perímetro urbano. É incompatível com estruturas de iluminação pública e até com as calçadas e asfalto, por causa das raízes?, diz ele. Protestos e argumentos Fora da discussão técnica, os principais questionamentos das pessoas são relativos à real necessidade de derrubar uma grande quantidade de árvores. ?Será que precisava cortar tantas, e dessa maneira? Será que todas estão doentes??, questiona o professor de Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas, Altair de Almeida Campos. Ele argumenta que Maceió tem poucas árvores, se comparada, por exemplo, a João Pessoa que, por isso, tem um ar muito mais agradável. ### SMTT diz que replantará novas espécies Para o professor Altair de Almeida Campos, o corte de árvores ameaçadas de desabar ou doentes é um procedimento natural, mas ele questiona se uma boa poda não evitaria a morte de muitas que foram condenadas à serra elétrica nos últimos dias. ?Aparentemente, em muitos casos, o corte seria dispensável. Temos a impressão de que não houve planejamento?, disse ele, referindo-se, de maneira específica a algumas árvores cortadas na margem da BR-104, em frente ao Campus Universitário. Num trecho de aproximadamente 200 metros, nove troncos indicam o corte recente de árvores que, na sua avaliação, estavam bem vivas. O professor reconhece a necessidade de cortar algumas árvores, por exemplo, para viabilizar o contorno de quadras; para reduzir riscos contra a vida dos motoristas e de todas as pessoas; para promover melhorias urbanas. ?Mas como cidadão preocupado com o meio ambiente, vi muitos casos que julguei desnecessários, como nas imediações do Hiper?, reclama ele. ?A supressão foi necessária em determinados pontos, porque as árvores apresentavam raiz rasa, com probabilidade de cair; em outros, como no contorno da Rotary, teve de tirar para trabalhar o novo desenho do canteiro?, explicou o superintendente da SMTT, Ivan Vilela, confirmando que pelo menos seis árvores tiveram que ser arrancadas na obra. Vilela garantiu, no entanto, que nos próximos dias estará iniciando o replantio no local, com espécies mais adequadas ao convívio urbano. ?Temos que buscar a conciliação entre o meio ambiente e o desenvolvimento urbano. E não é difícil. Basta ter bom-senso?, recomenda. Ameaça Toda preocupação é bem-vinda, avalia o secretário municipal de Proteção ao Meio Ambiente, Ricardo Ramalho. No entanto, ele tranqüiliza, assegurando que a secretaria só aprova o corte em caso de necessidade confirmada, sobretudo quando a árvore representa iminente perigo para o patrimônio e a vida das pessoas. Há pouco mais de dois meses, a queda de uma árvore sobre um veículo, num trecho entre a Universidade Federal de Alagoas e o aeroporto, provocou a morte do vendedor Sandro Costa Cavalcante. Ele estava com a mulher, que também se feriu. O veículo do casal ficou totalmente destruído. A queda da árvore também atingiu a rede de alta tensão da Companhia Energética de Alagoas (Ceal), o que reforça a tese de inadequação da maioria das espécies que arborizam o corredor das avenidas Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro, para o perímetro urbano. |FA ### Árvores têm entre 30 e 40 anos de idade Nos últimos meses mais de 10 árvores caíram em vários pontos da cidade. A maior parte, em decorrência de chuva mais intensa. Uma delas caiu por sobre o telhado da Escola Estadual Afrânio Lages, no bairro do Farol. Na Avenida Tomás Espíndola, no Farol, o muro de uma faculdade também foi parcialmente destruído pela queda de uma árvore. No centro da cidade, próximo à Praça dos Palmares, outra planta caiu sobre dois veículos e, por pouco, não deixou vítimas. Também houve registro (sem vítimas), da queda de uma árvore na Rua Íris Alagoense, no Farol. Para o secretário Ricardo Ramalho, os acidentes não foram determinantes para o processo de avaliação que resultou na condenação de cerca de 150 árvores no perímetro urbano da BR-104, mas acelerou. Três por uma A maioria das árvores plantadas no canteiro central da Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro é constituída de espécies exóticas como as acácias e framboesas, que levaram anos para se adaptar às condições em que foram colocadas. Segundo o secretário municipal de Proteção Ambiental, essas dificuldades de ambientação acabam afetando a longevidade da planta e tornando-a mais vulnerável ao ataque de pragas e doenças. De acordo com Ricardo Ramalho, a maioria das árvores que arborizam a Fernandes Lima tem entre 30 e 40 anos de idade, por isso estão adoecendo e com tendência a cair. O ideal, na sua opinião, seria a substituição gradativa por espécies da Mata Atlântica, como ipês e os muricis. Essa substituição, segundo Ramalho, poderia levar entre seis e dez anos, no máximo, para que as árvores atingissem a fase adulta. Ele diz que a secretaria já tem as mudas disponíveis, e colocou à disposição do Departamento de Parques e Jardins da Somurb. Ricardo Ramalho destaca que o preceito de preservação ambiental recomenda que para cada árvore suprimida sejam plantadas três, e esse preceito foi recomendado à Somurb. O superintendente da Somurb, Mozart Amaral, confirmou que o órgão recebeu orientação da Sempma para o replantio, com recomendação para preferir espécies da Mata Atlântica. ?Tudo está sendo feito com acompanhamento da Sempma. A poda é rotineira e a supressão das árvores só está sendo feita naquelas que estão, comprovadamente, com problemas?, assegura. |FA

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