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D�bitos impedem produtores de plantar

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| FERNANDO VINÍCIUS Repórter Igreja Nova - Produtores de arroz do Projeto Boacica, localizado no município de Igreja Nova, região do Baixo São Francisco, estão sem condições de iniciar o plantio para a próxima safra. Débitos com os Bancos do Nordeste (BN) e do Brasil (BB) impedem a abertura de novas linhas de crédito necessários para custear o preparo do solo e compra de adubo. A soma das dívidas geradas pela falta de pagamento dos empréstimos supera R$ 1,5 milhão. Por causa da inadimplência dos rizicultores instalados no Projeto Boacica, uma área com 628 lotes distribuídos em áreas irrigáveis, o Banco do Brasil já decidiu que não financia mais a produção de arroz no perímetro. Já o Banco do Nordeste exige o cumprimento de algumas condições para liberação de novos créditos. Capacitação em gestão, estrutura comercial definida, assistência técnica garantida e pleno funcionamento do sistema de drenagem do projeto são considerados pontos fundamentais para assegurar o retorno dos empréstimos liberados pela gerência do BN em Penedo por meio do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). A retomada das negociações e apresentação das condições ocorreu sexta-feira, 05, durante reunião realizada na sede da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Penedo. Cada perímetro irrigado construído em municípios alagoanos, como os projetos Boacica e Itiúba, este localizado em Porto Real do Colégio, são administrados por conselhos formados por agricultores e representantes da Codevasf. A assistência técnica é feita por uma empresa especializada contratada por meio de licitação, sendo a fiscalização e o acompanhamento dos trabalhos de responsabilidade de técnicos da Codevasf, órgão ligado ao Ministério da Agricultura. Sobre a assistência técnica, agricultores do Projeto Boacica contam com os serviços da empresa cearense Águasolo. As estações de bombeamento e o sistema de drenagem danificados pelas chuvas estão sendo recuperados com recursos do governo federal, que totalizam R$ 1,5 milhão. ### Falta de crédito afeta cadeia produtiva e provoca prejuízos Igreja Nova - Para poder liberar novas linhas de financiamento, o Banco do Nordeste solicitou um relatório sobre as condições reais de produção de cada rizicultor, trabalho que terá a participação de técnicos do banco. A viabilidade de cada lote servirá como referência para definir quem poderá ter acesso a novos créditos. ?Se não há perspectiva de pagar o empréstimo, não poderemos financiar um investimento que não gera retorno nem para o agricultor e nem para a instituição financeira?, declarou o gerente do BN de Penedo, Aldo Resende. Item da cesta básica, a saca de 60kg de arroz ainda com casca está sendo comercializada por produtores do Projeto Boacica com preço entre R$ 38 e R$ 40, valores considerados baixos. A topografia do perímetro, localizado em terras baixas, facilita sua inundação durante o inverno, ainda que os diques destruídos pela enchente estejam sendo reconstruídos. Além disso, as despesas relativas à preparação do solo para o plantio e adubação são altos, custos que não são cobertos com a produção alcançada por cada agricultor. Como o Projeto Itiúba fica em terras mais altas, apenas 10 dos 227 lotes do perímetro foram parcialmente atingidos pela enchente deste ano. Com condição geográfica privilegiada e melhor estrutura de irrigação, produz três safras por ano, enquanto a média do Boacica é de 1,3. Este ano, praticamente não houve colheita no perímetro de Igreja Nova por causa das fortes chuvas, provocando perda total na maioria dos lotes, prejuízo para proprietários e para o agente financiador. Ainda assim, o governo estadual já garantiu 56 toneladas de semente para o plantio de arroz na região. Alternativa A perda das safras faz com que os pequenos beneficiadores da região viajem para comprar o produto em outros estados. Antônio Firmino, 50 anos, já foi rizicultor e atualmente sobrevive apenas como comerciante. Dono de uma pequena fábrica com capacidade para ensacar até 100 sacos por dia, lamenta a falta da matéria-prima. ?Esta semana vou precisar viajar para o Maranhão?, informou. Com mais 25 donos de pequenas empresas, formou uma cooperativa de beneficiamento de arroz com objetivo de fortalecer a categoria. A primeira meta a ser conquistada é a compra de uma empacotadeira, máquina que aumentará a capacidade de comercialização dos associados. ?Com o equipamento podemos triplicar nosso lucro e ainda deixamos de vender para atravessadores?, explicou Firmino. ?Para a gente ter algum lucro, o preço teria que ser de pelo menos R$ 50?, avalia Antônio Firmino. As variações de preço dependem, além da oferta do produto, da política agrícola adotada pelo governo federal. Há um ano e meio, uma saca chegou à cotação de R$ 65. Se a Unidade de Beneficiamento de Arroz (UBA) instalada em Igreja Nova ainda estivesse em funcionamento, certamente a situação dos rizicultores seria melhor. Atendendo a toda região do Baixo São Francisco, a UBA está atualmente nas mãos do governo estadual que tenta negociar sua venda para grupos empresariais. Sucateada, por enquanto não existe previsão para recuperação da fábrica. Também não existem armazéns de grande porte na região para estocar a produção e assim controlar o valor da saca no mercado. FV

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