Cidades
Ceal vai desocupar terrenos invadidos com refor�o da PM

BLEINE OLIVEIRA Repórter Com ou sem reação dos moradores, a direção da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) está decidida a desocupar a área de sua propriedade localizada próximo ao Loteamento Jardim Petrópolis II, no Tabuleiro. Tendo em mãos uma decisão judicial, técnicos da Ceal e da Superintendência Municipal de Iluminação Pública (Slum) vão ao local nesta quinta-feira, 18, para derrubar as casas construídas ilegalmente em área pública. A diretoria de operações da Ceal já definiu com o Comando da Polícia Militar o horário da ação de retirada dos moradores e derrubada das casas, mas por razões de segurança essa informação não foi divulgada. A Comissão de Gerenciamento de Crise e Direitos Humanos da PM e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) deverão acompanhar a operação. Ontem, cerca de 200 moradores do terreno invadido ocuparam o pátio da sede da Ceal, no bairro do Farol, protestando contra a decisão judicial que garante à Companhia reaver a posse da área. Eles anunciam a decisão de resistir e ameaçam ficar em frente às máquinas (tratores e escavadeiras) que deverão ser utilizadas na derrubada das casas. Área de risco A área tem 50 metros de largura por cerca de 600 metros de extensão e, segundo a Ceal, é faixa de servidão, ou seja, um espaço de risco, pois está localizada em baixo da nova linha de transmissão de energia elétrica. Diretores da empresa ressaltam que é uma nova rede de transmissão construída depois que a Ceal desmontou a anterior exatamente por ocupação irregular. ### Lotes foram vendidos de forma irregular Moradores do Loteamento Jardim Petrópolis II também são contra a invasão do terreno e da área verde existente no local. Antes da decisão judicial, eles já haviam encaminhado abaixo-assinado à Companhia de Energia denunciando a invasão e à Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano (SMCCU), cobrando providências diante da ocupação do espaço destinado a equipamentos de lazer e arborização. Não são famílias de sem-teto. É gente com boa situação financeira, donos de lojas de moto, oficinas, passaporte e outros negócios, afirma a advogada J.S.T., manifestando a revolta dos moradores do Loteamento com a invasão. A moradora preferiu não se identificar, temendo represálias. Ela diz que, além dos prejuízos com a não utilização da área para os fins a qual está destinada, as famílias que compraram lotes no Jardim Petrópolis II são vítimas de problemas como furtos e queda freqüente de energia. É enorme a quantidade de ligações irregulares. Enfrentamos o risco de uma catástrofe, acrescenta a advogada. Venda ilegal Outras informações dos moradores revelam que a área foi murada ilegalmente por um cidadão identificado como Joselito da Silva, que se apresenta como presidente da Associação dos Moradores. Ele estaria comercializando lotes na área pública. O que sabemos é que muita gente está sendo ludibriada, comprando terreno por até R$ 600,00, afirma um oficial da Polícia Militar, que reside na área legalizada. Os proprietários de lotes regulares denunciam que Joselito fez um muro incluindo os postes da rede de alta-tensão da Ceal e a tubulação por onde passa a rede de gás da Petrobras. Uma placa da estatal de gás e petróleo ficou dentro do loteamento. Segundo denúncias, Joselito, proprietário de uma oficina de motocicletas, é o responsável pela invasão. Há informações de que ele é ligado ao deputado estadual Cabo Luiz Pedro, que teria um histórico de invasão de áreas públicas.|BL ### Desembargador determinou a retirada As pessoas que compraram lo-tes na área invadida resistirão à qualquer operação de derrubada dos imóveis que estão construindo. É o que garante Joselito da Silva, que se apresenta como presidente da Associação dos Moradores da localidade. As famílias estão dispostas a enfrentar as máquinas com o próprio corpo, declara ele. Ordem judicial Na última quarta-feira, 10, quando técnicos da Ceal e da SMCCU tentaram fazer cumprir a ordem judicial de desocupação assinada pelo desembargador Antônio Sapucaia, relator da ação de manutenção de posse impetrada pela Ceal e a Prefeitura de Maceió. Os invasores ameaçaram queimar pneus e se colocar na frenta das máquinas. Como os quatro integrantes da Polícia Militar que acompanharam a operação não puderam evitar a reação dos invasores, a operação foi suspensa. SEM LUGAR PARA IR Prevista para ser executada para valer nesta quinta-feira, a ação de desocupação da área de alta-tensão da Ceal pode se transformar num novo movimento de protesto. As famílias não têm para onde ir e vão continuar onde estão, afirma Joselito Silva. Ele diz que os invasores são sem-teto que viviam na favela Santa Helena onde não puderam mais continuar pois perderam tudo que tinha em 2004, com a forte chuva que caiu em Maceió. O grupo também ameaça protestar em frente à sede da Prefeitura. EMBAIXO DA REDE De acordo com Joselito da Silva, presidente da Associação dos Moradores do loteamento invadido, as famílias residem a uma distância de cinco metros da rede de alta-tensão da Ceal. Eles alegam que as famílias estão embaixo da rede, mas não é verdade, afirma. Presente à manifestação realizada ontem no pátio do prédio sede da Ceal, a advogada Mary Any Alves disse que pretende entrar com recurso para derrubar a liminar concedida pelo Tribunal de Justiça e pelo desembargador Sapucaia, que determina a desocupação imediata da área.|BL