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Ordem judicial p�e na rua 146 fam�lias

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FÁBIA ASSUMPÇÃO Repórter Rua! Esse foi o destino imposto, ontem, por um oficial de Justiça da 12ª Vara, ao despejar 146 famílias consideradas invasoras do Conjunto Jardim Petrópolis II, no Tabuleiro do Martins, que construíram casas de alvenaria embaixo de redes de alta-tensão da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) e sobre um gasoduto da Petrobras. Para reforçar a ordem judicial, a Polícia Militar montou uma verdadeira operação de guerra, com armas e cachorros manobrados por um pelotão do Bope e a cavalaria. Eram seis horas da manhã quando 315 militares, de todas as unidades do Comando de Policiamento da Capital (CPC), cercaram a área invadida para fazer cumprir - pela terceira vez - uma ação de manutenção de posse da área, ganha na Justiça pela Ceal, tendo como co-autora a Prefeitura de Maceió. Com o uso de caçambas e retro-escavadoras cedidas pela prefeitura, casas e barracos foram sendo derrubados, pouco a pouco, apesar da forte resistência dos invasores. Unidades de resgate do Corpo de Bombeiros ficaram de prontidão no local, durante toda a operação. A principal avenida de acesso ao bairro, a Galba Novaes, foi fechada e o trânsito teve que ser desviado. Quando perceberam o cerco da polícia, os invasores se desesperaram e ensaiaram uma resistência. Eles chegaram a fazer cordões de isolamento, usando crianças como escudo para evitar o avanço dos policiais militares. Alguns moradores passaram mal e desmaiaram, sendo atendidos pelos socorristas das unidades de resgate. TENSÃO e confronto Em vários momentos o clima foi de tensão, e por pouco não houve confronto entre policiais e invasores. Alguns moradores mais exaltados ameaçaram jogar pedras e pedaços de tijolos nos policiais. Devido à animosidade de alguns moradores, policiais do Bope e do Centro de Gerenciamento de Crises da PM, acompanhados do oficial de Justiça, tentavam fazer um trabalho de convencimento de alguns invasores, para deixarem a área de forma pacífica. A estratégia da polícia de cercar a área barrou a entrada de integrantes do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), que planejavam trazer os sem-terra de outras regiões do Estado, aumentando o poder de resistência dos invasores contra a ação de desocupação do terreno. A cavalaria manteve afastados os curiosos e outras pessoas que tentavam entrar na área. ### Invasores são vítimas da chuva de junho A maioria dos invasores é formada por antigos moradores da Grota Santa Helena, área de alto risco, onde em junho do ano passado dezenas de pessoas morreram vítimas de soterramentos e deslizamentos provocados pelas chuvas. E são o retrato da falta de uma política de habitação popular que atenda as famílias de baixa renda. Muitos deles usaram todas as economias para construir as casas na área invadida. “Vendi meu som, televisão, celular para construir essa casa e ainda estou devendo três prestação de R$ 135 no depósito de construção”, reclamava o camelô Nadivan de Lima Santos, que tem mulher e dois filhos para sustentar. A desempregada Antônia Fernandes, 35, foi às lágrimas quando os policiais pediram para que ela deixasse o barraco de lona. Antônia e três filhos pequenos estão morando no local há pouco mais de três meses. Ela alegava que não tinha para onde ir e não tinha dinheiro para pagar o aluguel de uma casa. O casal Paulo Roberto de Lima e Geovana Lopes de Lima, um dos primeiros a ter a casa derrubada, não sabia onde abrigaria os cinco filhos. “Estamos até sem alimentos”, lamentava-se Geovana. O marido, desempregado, disse que guardou os móveis na casa de um amigo. “Não sei se vou ter condições de ficar lá, porque não tenho como pagar um aluguel de R$ 150”. Antes de construir a casa, Paulo, que está desempregado, pagava R$ 40 de aluguel numa casa na Grota Santa Helena. “Eu não tive mais condições de pagar o aluguel, porque a gente vive da aposentadoria da minha mulher”. |FAS ### Juiz dá prazo para retirada total até a 5ª O juiz da 14ª Vara Cível da Fazenda Municipal, Antônio Dória, estabeleceu prazo até a próxima sexta-feira para que toda e qualquer construção em andamento no terreno seja derrubada, além dos barracos desabitados e outros arranjos existentes na área. Neste período, a Secretaria Municipal de Habitação deverá concluir o recadastramento de todos os moradores da área. A coordenadora da Secretaria Municipal de Habitação, Artêmia de Fátima Araújo, explicou que em maio, quando a Justiça concedeu a liminar à Ceal para a retirada dos invasores, foram cadastradas apenas 26 famílias. “Hoje, já temos aqui 146 famílias”, afirmou. O recadastramento será feito para incluir os invasores do terreno numa lista com reserva para construção de casas populares. A prefeitura tinha a intenção de pagar temporariamente aluguel de casas, no valor de R$ 100 por família, quando havia apenas 11 moradores na área. Mas o número de invasões triplicou na área, inviabilizando a proposta. Ela informou que seria priorizada a assistência às famílias com grande número de crianças. Essas seriam abrigadas num galpão ao lado da Secretaria de Educação, na Cambona. O diretor-administrativo da Ceal, Rodrigo Gaia Duarte, disse que a empresa não tem como ajudar as famílias que estão sendo retiradas da área de servidão da companhia. Segundo ele, os setores de Engenharia e de Segurança da Ceal está estudando uma maneira de evitar novas ocupações na área. |FAS

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