Cidades
Moradores denunciam atropelamentos

EDNELSON FEITOSA Repórter Moradores da favela localizada no Conjunto Eustáquio Gomes, Tabuleiro do Martins, bloquearam as duas pistas da rodovia BR-104, na manhã de ontem, em protesto contra o atropelamento de mais uma criança. Fabiana Soares da Silva, 11 anos, é a sexta vítima de atropelamento desde o começo do ano no mesmo local. A garota foi atropelada por um ônibus da Empresa Rio Largo, no final da manhã do último domingo. Ela foi medicada e liberada da Unidade de Emergência (UE), mas passou mal durante a madrugada e foi hospitalizada novamente. Ontem, em aparente estado de fraqueza, e com rosto e pernas cobertos de hematomas, Fabiana estava em casa. Os líderes comunitários da favela afirmaram que, desde o início do ano, nove pessoas morreram quando tentavam atravessar a BR-104, imediações da favela, sem falar no número de feridos, disse o avô de Fabiana, Antônio Soares da Silva, 54. Ele foi quem mobilizou os moradores, exigindo ajuda do proprietário da empresa. O propósito era somente desbloquear a rodovia, quando a empresa Rio Largo garantisse o tratamento da neta. A mãe de Fabiana, Sandra Soares da Silva, 31, chegou a discutir com representantes da comunidade que queriam retirar os moradores da rodovia apenas com a promessa de que sua filha teria os cuidados necessários. Tenho um sobrinho, que foi atropelado no mesmo local, ano passado pelo motorista da panificação do bairro. Hoje ele está deficiente e ninguém arcou com nada, lamenta Sandra. ### Protesto é marcado por críticas e reivindicações Os moradores aproveitaram o protesto do bloqueio para reivindicar providências da Prefeitura Municipal de Maceió. Eles tiram dinheiro para tudo: aeroporto e Ceasa. Só não têm dinheiro para investir na favela, afirmou Maria José de Lima, 62, que reside no local há sete anos. Ela reclama do prefeito Cícero Almeida de ter esquecido os moradores da favela Eustáquio Gomes. Ele prometeu providência; mas nada até agora. Precisamos, no mínimo, de mais proteção nessa travessia, disse Maria José, apontando para o local dos atropelamentos. Dona Ângela Maria Costa, 39, adiantou que os favelados querem construir casas no terreno. Queremos Justiça no caso do atropelamento, mas queremos também condições de morar com dignidade, sem acordar com um escorpião na cama, completou ela. Se ele não pode autorizar que a gente fique aqui; então que consiga outra área, onde possamos construir nossas casas, completou ela. |EF ### Ônibus provoca acidente fatal com um ciclista O atropelamento e morte de um ciclista, na noite do último domingo, próximo à caixa dágua do Conjunto Benedito Bentes, também provocou protesto de moradores. O ciclista foi identificado como José Ferreira Gomes, 52, que residia no Loteamento Bela Vista, naquela localidade. Quando o motorista do ônibus da Empresa Piedade, que fazia a linha Benedito Bentes/Jacintinho, parou o veículo para prestar socorro a vítima, os moradores começaram a depredar o ônibus e, em seguida, interditaram o acesso nos dois sentidos do complexo, numa das áreas mais populosas de Maceió. Antônio Silva, avô da garota atropelada ontem, afirmou que logo após o acidente o motorista do ônibus fugiu do local e se escondeu na garagem de outra empresa (Massayó), que fica ao lado da favela. Ele teria avançado o sinal. Na madrugada de ontem, os moradores se envolveram num incidente com um dos vigilantes da Massayó, que saiu do prédio com uma pistola em punho. Há menos de um mês uma Besta matou um rapaz de 17 anos que chegava do trabalho. Um catador de papel também morreu atropelado quando ia comprar bebidas para o cachimbo do filho recém-nascido. Os moradores não souberam especificar o número de pessoas atropeladas naquele trecho da rodovia que teria conseguido sobreviver, mas calcularam que seja em torno de vinte, no mínimo. |EF