Cidades
Estacionamentos est�o fora de controle

| FÁBIA ASSUMPÇÃO Repórter Abrir um estacionamento está se tornando um negócio mais atrativo do que ter uma loja no centro de Maceió. Somente na região central da cidade, de acordo com dados da Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano (SMCCU), existem hoje 70 estacionamentos privados. Um dos motivos para a explosão desse negócio é a falta de espaços públicos suficientes para estacionar o grande número de veículos que circulam hoje em Maceió, principalmente pelo Centro. A frota da capital chega hoje a quase 110 mil veículos. Na Rua João Pessoa são pelo menos nove, sem contar os dos bancos, onde também são cobradas taxas de acordo com o tempo de permanência. Num estacionamento privado, as taxas por turno variam entre R$ 2 e R$ 3,50, dependendo da estrutura oferecida pelo local. Alguns deles chegam a ter capacidade para até 150 veículos. Mas há espaços em que não chegam a caber mais de 10 veículos. Preço livre Como não existe nenhum órgão que regulamente a taxa cobrada pelo serviço e os critérios que transformam áreas construídas nos chamados rotativos, o negócio vai de vento em popa, sem a interferência dos órgãos públicos. Alguns estacionamentos oferecem uma certa estrutura, com área coberta, pavimentação com paralelepípedos e manobristas. Esses são os preferidos por pessoas que pagam mensalidades pela vaga, que custa até R$ 150 por mês. Mas outros funcionam de forma improvisada, se qualquer tipo de estrutura, inclusive de segurança. Não é preciso investir muito para abrir esse negócio. Qualquer terreno vazio ou um prédio com um grande espaço livre pode ser transformado em estacionamento. Demolição Até prédios antigos tombados, situados no sítio histórico do Centro, estão sendo demolidos para dar lugar a locais para guarda de carros. Foi o que aconteceu com o prédio ao lado do Museu Théo Brandão, na Praia da Avenida. O prédio, onde funciona há décadas a churrascaria O Gaúcho, veio abaixo, há algumas semanas, para dar espaço a mais um estacionamento. Foi no prédio, que deveria ser preservado, que na década de 30 o escritor paraibano José Lins do Rêgo escreveu clássicos da literatura brasileira como Riacho Doce e Menino do Engenho. De acordo com técnicos da Secretaria Municipal do Planejamento, as casas antigas do Centro e de Jaraguá foram tombadas entre os anos de 1996 e 1997 e só podem sofrer interferência com autorização da prefeitura. O fiscal do Setor de Posturas da SMCCU, Charles Dias, disse que uma das únicas exigências para o funcionamento é o pagamento da taxa de localização. Nos que oferecem mais de 50 vagas, a exigência é a apólice de seguro, para cobrir danos e roubos nos estacionamentos. ### Aumento de taxa acabou com Zona Azul No começo da década de 90, a Prefeitura de Maceió iniciou o projeto de implantação das zonas azuis nas ruas do Centro e Jaraguá. O objetivo da implantação do estacionamento rotativo pago, denominado Zona Azul, era promover a rotatividade das vagas e racionalizar o uso do solo em áreas de grande aglomerações. Nessas zonas, a capacidade de estacionamento chegava a 1.200 vagas. Só que aos poucos esses espaços foram desaparecendo. O fim deles se acelerou a partir de 2002, quando a prefeitura, com autorização da Câmara, decidiu terceirizar as zonas azuis, e as taxas por cada duas horas de permanência saltaram de R$ 0,50 para R$ 1. Segundo o assessor da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), Sebastião Falcão, entre os motivos para o fim da Zona Azul está a ocupação das áreas destinadas aos veículos pelos ambulantes. Além disso, os próprios motoristas desvirtuaram a proposta de rotatividade na Zona Azul. Algumas pessoas passavam o dia todo ocupando a vaga, afirma Falcão. Estacionamentos públicos O técnico da SMTT informou que a prefeitura pretende retomar a instalação das zonas azuis. Mas isso só deve ocorrer no próximo ano. Por enquanto, a SMTT é responsável pela operação de três estacionamentos rotativos Zona Azul, instalados na Praça da Cadeia, em Jaraguá e no Stella Maris. Vale ressaltar que essas zonas azuis têm hoje as taxas mais baratas e custam R$ 1 por turno, informa Falcão. Ele disse ainda que existem projetos de melhoria desses estacionamentos, com a colocação de cancelas automáticas. Hoje, essas cancelas são operadas manualmente. No estacionamento de Jaraguá, com capacidade para 1.500 veículos, a prefeitura enfrentou problemas de roubos e vandalismos. As cancelas e as portas de madeira das guaritas foram roubadas, disse Sebastião. Por causa da falta de segurança, tanto para os motoristas quanto para os funcionários, o estacionamento passa a maior parte do tempo ocioso. FAS ### Praça e casarão viram estacionamentos Encontrar um espaço para estacionar no centro da cidade exige um verdadeiro teste de paciência para os motoristas. Apenas os estabelecimentos comerciais de maior porte oferecem estacionamento privativo para seus clientes. Mas alguns já aderiram à onda de cobrar taxas de permanência, como é o caso do Shopping Iguatemi, que desde o último mês de agosto colocou cancela eletrônica e cobra dos clientes. Por causa dessa falta de espaço para estacionamento nas ruas, até as áreas públicas estão se tornando local para estacionamento. Lucro de fLanelinhas Quem lucra são os flanelinhas que estão ganhando com a omissão do poder público. É o que está ocorrendo na Praça Sinimbu, que ficou famosa por causa da escultura do menino mijão. Abandonada, hoje parte da praça é usada como estacionamento. Da mesma forma como foi destruído o casarão que abrigava o restaurante O Gaúcho, que vai se transformar em mais um estacionamento. Sua demolição foi na calada da noite, sem que ninguém visse, só quem passou pela Avenida da Paz na manhã seguinte. Carro arranhado A dificuldade para encontrar espaços para estacionar nas ruas do Centro e a insegurança fizeram com que o funcionário público Antônio Lopes, 42, optasse por pagar R$ 100 mensal por uma vaga num estacionamento privado. Antes eu tinha que ficar rodando pelo Centro até encontrar uma vaga perto do trabalho. Agora, fico mais tranqüilo porque já tenho uma vaga garantida no estacionamento. Apesar do custo mensal por esse luxo, Antônio Lopes disse que é melhor do que encontrar o carro arranhado ou arrombado. Quando colocava meu carro na rua, fora dos estacionamentos, muitas vezes encontrava arranhões na tintura do carro. E mesmo dando dinheiro a esses meninos que tomam conta de carros na rua, não dá muito para confiar neles, melhor é guardar em um rotativo. |FAS