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segunda-feira, 17/03/2025 | Ano | Nº 5924
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Meninas escapam de dona de bordel

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| CARLA SERQUEIRA Repórter Enganadas por um casal, as primas adolescentes S.M.S., 15 anos, e J.L.S., 14, deixaram a cidade de Joaquim Gomes, no último dia 26, com a promessa de que iriam trabalhar como babás em Maceió, ganhando um salário mínimo por mês. Quando chegaram, descobriram que o local de trabalho era um bar. “Já era de noite. Sem que vissem a gente, saímos correndo pela pista”, contaram as meninas, dizendo terem visto outras garotas ainda mais novas que elas no estabelecimento. “Algumas estavam conversando com homens nas mesas do bar. A gente sabia que se ficasse, iam querer que a gente também se prostituísse”, revelaram. A Fuga As duas correram por quase uma hora até conseguirem ajuda para chegar à Delegacia de Plantão II, no Tabuleiro do Martins, onde registraram queixa. De lá, foram encaminhadas para o conselho tutelar da região e ficaram, até ontem, em uma casa de abrigo. Sem conhecer Maceió, as adolescentes não puderam passar informações precisas para a delegada Ana Luíza Nogueira, que as ouviu ontem e terá 30 dias para concluir as investigações. “Mas, com base em algumas informações, conseguimos localizar o bar”, disse ela. O local é chamado de “Bar da Bel” e está localizado próximo ao trevo de acesso da cidade de Rio Largo. A proprietária é Elisabeth Maria da Conceição, a mesma mulher que aliciou as menores em Joaquim Gomes. O homem que a acompanhou, no dia 26, foi identificado apenas como Eduardo. “Eles já estão indiciados. Só não os prendemos porque os encontramos fora do prazo que configura o flagrante”, explicou a delegada, que pretende ouvir familiares das duas garotas, que devem voltar hoje para as suas casas. Os números O caso das primas S.M.S. e J.L.S é mais um a entrar nas estatísticas sobre crimes de abuso e exploração sexual de menores. Segundo a delegada Ana Luíza Nogueira, só este ano foram instaurados 81 inquéritos para apurar abuso sexual, e 17 referentes à exploração comercial de menores. “85% destas meninas são de classe social baixa e 70% delas vêm do interior de Alagoas ou de outros estados vizinhos, como Bahia e Pernambuco, principalmente”, explica Ana Luíza. Ela diz que a grande motivação é o dinheiro oferecido durante o aliciamento. “Não é raro ouvirmos depoimentos de meninas que são enganadas com promessas de empregos na capital e acabam sendo mantidas em cárcere privado”, revela a delegada. A origem da prostituição infantil, de acordo com estudos da Delegacia de Crimes contra a Criança e o Adolescente, está na miséria, nas agressões físicas e, muitas vezes, em abusos sexuais cometidos por parentes das vítimas. “Já ouvi relatos de menores que dizem ter sido vendidas pela própria família”, conta a delegada Ana Luíza Nogueira.

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