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Nº 5759
Cidades

Rodovias tiram cidades do isolamento

FERNANDO VINÍCIUS Repórter Campestre - Municípios da região norte de Alagoas que viviam em isolamento, com acessos por estradas vicinais e de chão batido, começam a ganhar uma nova perspectiva, para escoar sua safra ter melhor acesso a hospitais, com

Por | Edição do dia 18/12/2005 - Matéria atualizada em 18/12/2005 às 00h00

FERNANDO VINÍCIUS Repórter Campestre - Municípios da região norte de Alagoas que viviam em isolamento, com acessos por estradas vicinais e de chão batido, começam a ganhar uma nova perspectiva, para escoar sua safra ter melhor acesso a hospitais, comércio e policiamento. A sinalização dessa nova era veio semana passada, com a inauguração, na quarta-feira, 14, da rodovia Domingos Fernandes Calabar, em Campestre, a AL-201. São nove quilômetros de asfalto entre o município e a BR-101. O acesso fica próximo à divisa com Pernambuco. “É uma obra de importância vital para Campestre”, comemora o prefeito da cidade, Luciano Rufino da Silva (PDT). A cidade de Jundiá, única da região Norte que ainda não tem o acesso pavimentado, já tem obra licitada pelo governo do Estado e os trabalhos devem ser iniciados no próximo ano. A Rodovia Calabar foi realizada pela Secretaria Coordenadora de Infra-estrutura, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e recebeu investimentos de R$ 4,9 milhões, oriundos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). A nova estrada deve favorecer também a economia da região. Das três usinas que existem na área, duas - Porto Alegre e Taquara - estão em fase de moagem e a outra - Santa Tereza - foi arrendada há cerca de um mês e deve retomar a produção em breve. ### Posto é reativado; famílias sem-terra são favorecidas Campestre - Quem também comemora a pavimentação do acesso à cidade pela rodovia Calabar são as 66 famílias ligadas ao Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) acampadas às margens da AL-201. O líder do acampamento, Valmir José da Silva, espera a conclusão do processo que tramita no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para assentar os “companheiros” instalados em barracas de palha há quase um ano. Ele disse que aguarda o envio de documento do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), atestando a presença dos agricultores no local onde ainda se encontram para, finalmente, remover as famílias sem-terra para uma área de 475 hectares da fazenda Pedra Branca. “Estamos aqui desde o dia 22 de janeiro e muitos de nós sobrevivem cortando cana ou limpando mato por aí, mas quando a gente estiver com a posse da terra, essa rodovia vai servir para mandar nossos produtos”, explica Valmir da Silva. Inverno O Incra ajuda enviando cestas básicas para as famílias, mas quando existe a necessidade de atendimento médico, por exemplo, eles recorrem aos serviços disponíveis em Campestre, e quando o acesso era de barro batido as dificuldades eram bem maiores. O líder sem-terra lembra dos transtornos enfrentados durante o inverno para levar alguém até a cidade. “Só trator passava por aqui. Várias vezes ficamos sem poder levar doentes e grávidas para os hospitais da região, pois aqui só passava trator”, conta Valmir José. Criado em Campestre, José Cleber de Carvalho Santos abriu um posto de combustíveis na cidade em 1992, investimento fechado oito anos depois por “falta de clientes”. Atoleiro Ele explica que existiam poucos veículos no município, a maioria Jeep ou Toyota - carros com tração nas quatro rodas -, os únicos capazes de enfrentar as péssimas condições das estradas de acesso à cidade. “Na época de inverno, até carro 4 x 4 atolava”, assegura Cleber Santos. Com a inauguração da rodovia AL-201 reabriu o posto, onde emprega cinco pessoas, já tem novos planos para o negócio e prevê ampliações para o posto. “Vou instalar um lava-jato e reativar o depósito de botijões de gás”, declarou. FV ### Buracos tiram pavimentação da AL-105 Campestre - Para quem transita pela BR-101 ficou fácil percorrer os 114 quilômetros que separam Campestre de Maceió. Mas se o motorista quiser chegar ao município pela AL-101 Norte, a situação muda drasticamente. O acesso fica próximo a Porto Calvo, seguindo pela AL-105, rodovia que leva ao município de Jacuípe e que precisa de reparos, mas o governo já licitou obra para o asfaltamento do acesso (leia matéria na página E 19). Mas enquanto a obra não tem início, os buracos tendem a aumentar com o movimento dos caminhões carregados de cana-de-açúcar. Saindo da AL-105, no trevo que fica em frente ao assentamento Maciape, o trajeto continua pela AL-480 até Jundiá, município que faz limite com Campestre. Concluído em 1986 - informa a placa na entrada de Jundiá - o percurso de 25 quilômetros até a cidade é feito sobre o que restou da pavimentação. O asfalto praticamente não existe mais e buraco é o que não falta no caminho. Para quem acha que o pior já passou, basta tentar seguir de Jundiá até Campestre. A estrada de barro bem que poderia servir de trilha para competições off-road, tamanha a dificuldade encontrada. Sem condições de tráfego, apenas uma empresa de ônibus faz linha para Jundiá e Jacuípe, saindo de Porto Calvo. Mototaxistas e proprietários de transportes alternativos que aguardam passageiros no acesso à rodovia AL-105 até evitam viagens para as duas cidades, por causa do risco de prejuízos aos veículos. Segundo o diretor-geral do DER-AL Wellington Araújo, não há previsão orçamentária para construção de uma pista que interligue os municípios, como também de Campestre para Jacuípe, outra estrada de barro em condições um pouco melhores do que a anterior. Em relação à rodovia AL-105, a obra deve ser iniciada nos próximos 15 dias, cumprindo promessa de campanha do governador Ronaldo Lessa (PDT) de levar pavimentação para todas as cidades de Alagoas. Por causa do calendário de obras, Wellington lamenta que Belo Monte, localizada entre as cidades de Pão de Açúcar e Batalha, deverá ser a única a ficar de fora da meta estabelecida pelo então candidato. FV ### Fiscalização fica mais ágil com o asfalto Campestre - Para Carlos Gameleira, chefe do posto da Secretaria de Fazenda (Sefaz) instalado na BR-101 próximo à divisa com Pernambuco, a vantagem que a rodovia AL-102 trouxe está relacionada à denominada “Operação Jacuípe”. Planejada para fiscalizar o fornecimento de cana-de-açúcar para usinas do Estado vizinho, a Operação Jacuípe - nome de um município alagoano próximo a Campestre - acontece entre os meses de novembro e fevereiro e tem por objetivo recolher o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). deslocamento mais rápido Funcionando 24 horas, o deslocamento dos fiscais ficou mais rápido com a pavimentação da estrada usada para chegar ao posto temporário. Ainda que a nova pista não provoque aumento expressivo no movimento no posto da BR-101, Gameleira ressalva que “de qualquer forma, para qualquer ação fiscal, tendo o asfalto é melhor”. Isolamento O isolamento imposto a Campestre devido à falta de estradas pavimentadas aumentava a dependência da população local em relação a Pernambuco. A cidade mais próxima é Xexéu, localizada a 13 km, sendo três de estrada de terra batida e dez no que restou do asfalto da rodovia AL-105. Apesar da proximidade, Xexéu não é a mais importante da região. Segundo a diretora da Escola Municipal Renan Calheiros, Luciana Rufino, “a capital da gente aqui é Palmares”, que fica a 30 km da divisa entre os estados, seguindo pela BR-101. influÊncia de Pernambuco A distância física fez com que a influência pernambucana chegasse ao patamar cultural. José Rufino, secretário municipal de Finanças, ainda lembra os versos do hino do Estado vizinho, aprendido durante a infância. A programação transmitida pela televisão também tinha origem em Pernambuco, situação ultrapassada com o sinal da TV Gazeta via satélite, desde o último dia 25 de novembro, única emissora de Alagoas que chega aos telespectadores de Campestre. O avanço tecnológico não é extensivo ao sistema de telefonia móvel. Quem mora no município só usa o celular quando se desloca da cidade ou procura um dos morros que marcam a geografia da região para “entrar em rede”. Estrada será asfaltada O governo de Alagoas vem incrementando a infra-estruturapara pavimentar os acessos e interligar os municípios alagoanos. Jundiá - a única cidade da região Norte sem acesso pavimentado - já tem obra licitada e ficará sob a responsabilidade da empresa SVC Construções. Serão investidos R$ 4,9 milhões, com recursos próprios do governo estadual na construção de 11 km da estrada que liga o município à AL-105. O governo Ronaldo Lessa já implantou asfalto em oito cidades das 11 que encontrou sem pavimentação, quando assumiu o governo, em 1999.

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