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Nº 5900
Cidades

Consumo excessivo desvirtua o sentido verdadeiro do Natal

| CARLA SERQUEIRA Repórter Logo mais à noite, cristãos de várias partes do mundo estarão voltados para as comemorações do nascimento do menino Jesus. Com a proximidade da festa, o comércio tem vendas aquecidas, as crianças anseiam pela visita de Papai N

Por | Edição do dia 24/12/2005 - Matéria atualizada em 24/12/2005 às 00h00

| CARLA SERQUEIRA Repórter Logo mais à noite, cristãos de várias partes do mundo estarão voltados para as comemorações do nascimento do menino Jesus. Com a proximidade da festa, o comércio tem vendas aquecidas, as crianças anseiam pela visita de Papai Noel, enquanto a família prepara os comes e bebes para a tradicional ceia. Tamanha é a mobilização material que, muitas vezes, segundo membros de igrejas, o verdadeiro sentido da noite de Natal é desvirtuado. “Os personagens acabam sendo trocados”, diz o padre Manoel Henrique, professor de Teologia. “Perde espaço Jesus Cristo e Papai Noel termina sendo o mais aclamado”, afirmou, ao criticar o consumo exacerbado das vésperas natalinas. “Costumo dizer que se o Natal não existisse, o comércio já teria inventado”. Os evangélicos baseiam seus ritos na palavra bíblica e, por isso, não reconhecem o dia 25 de dezembro como a data de nascimento de Cristo. “Não existe nenhuma passagem na bíblia que relate o dia exato do nascimento de Jesus”, argumenta o pastor da Igreja Maranata, José Laércio Teles. “Para nós, Jesus Cristo renasce todos os dias no coração dos homens”. Na verdade, a Igreja Católica adaptou o dia 25 de dezembro para celebar o Natal. A data era destinada às festividades pagãs do solstício do inverno na Europa, o chamado “natalis solis invictus”- o nascimento do sol invicto, quando o dia se alongava e a noite diminuía, havendo a interpretação, na época, da vitória da luz sobre as trevas. “O mais importante é que o nascimento de Jesus mudou o calendário civil da humanidade. A história se dividiu em antes e depois de Cristo. Foi o nascimento Dele que alterou o sentido das festas pagãs e os homens começaram a ter um nível de dignidade”, afirmou padre Manoel Henrique, pároco da Igreja São José Apóstolo, da Ponta Verde. Para a comunidade evangélica, as reflexões são concentradas na virada do ano. “Os cultos, na noite de Natal, acontecem normalmente. É claro que não ficamos indiferentes à sociedade em que vivemos. Também discutimos os reais significados do Natal”, afirma ele, ao comentar da distância do povo dos ensinamentos bíblicos. “O mundo, por não ter experiência diária com Jesus, precisa dos símbolos, das luzinhas diferentes, dos presentes para lembrar de seu nascimento”, acredita. O padre Manoel diz que a tradição dos presentes e da árvore de Natal vem da Europa, assim como as manifestações folclóricas que tornam a festa de Natal a mais animada do ano. ### Símbolo mundial, presépios invadem AL Apesar de comungar da mesma crença em Jesus Cristo, as igrejas católica e evangélica discordam também do momento em que os reis magos encontraram o menino Jesus. Tanto os livros de Mateus como o de Lucas atestam na bíblia que uma virgem chamada Maria, comprometida em casamento com José, filho de Davi, recebeu um comunicado do anjo do Senhor dizendo que ela, por obra do Espírito Santo, conceberia um filho, a quem daria o nome de Jesus, de significado “Deus Salva”. Seguindo a estrela guia, de acordo com a Igreja Católica, os três reis magos encontraram o menino numa gruta onde nascera, em Belém, no tempo do rei Herodes. Já os evangélicos acreditam que os reis magos seguiram a estrela-d’alva e só encontraram o menino Jesus dois anos depois de seu nascimento, não numa gruta, em meio a vacas e cavalos, mas em sua casa. “Foi quando o rei Herodes tomou conhecimento do nascimento de Cristo e sentiu-se ameaçado, dando a ordem para que seus súditos matassem todas as crianças menores de 2 anos”, explicou o pastor José Laércio Teles. Os reis magos, que na verdade eram astrólogos - naquela época, sábios, filósofos e astrólogos eram chamados de magos -, levaram presentes para Jesus Cristo. “Ouro, que representava o poder; incenso, a oração; e mirra - uma planta que quando machucada exala um cheiro maravilhoso - o amor”, diz pastor Teles. Contradições à parte, esse momento mágico é retratado pelos presépios, que viraram referência mundial desde que Francisco de Assis, na Itália do século 13, resolveu encenar o nascimento de Jesus. Neles estão bem figurados os 3 reis magos, a manjedoura, Maria e José, e alguns animais do pasto. Em Alagoas, as peças viraram mania e 70 delas estão na coleção da artista plástica Carmem Omena. “Comecei a construir lapinhas com 10 anos e virou uma paixão. Além do valor religioso, gosto da expressão cultural que cada peça me traz”, diz ela, que expõe a sua coleção na Rua Tito Barros, no Poço, de segunda a sexta, das 14h às 20h. No Museu Théo Brandão podem ser vistos outros 74 presépios. Estes foram feitos por alunos do ensino público do Estado. A exposição fica em cartaz até o dia 6 de janeiro. |CS

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