MP tenta evitar turismo sexual infantil
| REGINA CARVALHO Repórter Em setembro do ano passado, dois chilenos que participavam de um congresso em Maceió foram presos em flagrante acusados de exploração sexual infantil em Maceió. Eles foram flagrados num quarto de motel no bairro de Mangabeiras
Por | Edição do dia 08/01/2006 - Matéria atualizada em 08/01/2006 às 00h00
| REGINA CARVALHO Repórter Em setembro do ano passado, dois chilenos que participavam de um congresso em Maceió foram presos em flagrante acusados de exploração sexual infantil em Maceió. Eles foram flagrados num quarto de motel no bairro de Mangabeiras com duas menores. Para impedir que casos como esse, que ganhou repercussão na imprensa, continuem acontecendo, é que setor turístico resolveu pedir a ajuda do Ministério Público Estadual (MPE), para tentar impedir que Maceió se transforme numa Fortaleza, capital do Ceará, que tem hoje a maior rede de turismo sexual do Nordeste. O coordenador do Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente, promotor Ubirajara Ramos, reforçou que os operadores de turismo solicitaram ao MP uma parceria para combater o turismo sexual. Nós estamos trabalhando há algum tempo com o objetivo de combater essa prática, desde 2003, ressaltou o promotor, que lembrou que a preocupação ganhou consistência com a chegada de vôos internacionais. O setor quer manter a tradição de turismo familiar, acrescentou Ubirajara Ramos. Com essa finalidade foi deflagrada pelo MP, no ano passado, a Operação Cinderela, que culminou com cinco prisões, dentre elas a do empresário e radialista Dênis Melo, acusado de tráfico interno de mulheres e rufianismo. Ele ficou preso por dois meses, mas ainda está respondendo pelo processo. Os maiores exploradores ainda estão respondendo pelo crime. As prisões que aconteceram serviram de exemplo, ameniza o promotor. A Operação Cinderela foi deflagrada em outubro do ano passado com o objetivo de combater a exploração sexual infanto-juvenil e o tráfico interno de mulheres. ### Nos hotéis, acompanhantes não têm acesso aos quartos Estamos muito preocupados com esse problema. As capitais Fortaleza, Recife e Natal já contabilizam prejuízos por causa do turismo sexual internacional, afirma Márcio Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH). Coelho reforça que, como medida preventiva, a rede hoteleira decidiu, em novembro do ano passado, que acompanhantes não podem ter acesso aos quartos. Isso se o hóspede chegar sozinho ao hotel. Agora precisamos da conscientização dos barraqueiros e guias de turismo, acrescentou Márcio Coelho. O MP está buscando parceiros desde guias de turismo, taxistas, poder público, a exemplo da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal para compor essa força-tarefa, reforçou o promotor Ubirajara Ramos. De acordo com o promotor, o surgimento de uma rede de turismo sexual pode trazer graves problemas para a sociedade. Pode acentuar desde tráfico de drogas a lavagem de dinheiro. Nosso turismo sempre foi doméstico, conta Ramos. Márcio Coelho reforça que a cidade de Maceió ainda é vista como roteiro de elite. Nosso turismo é ancorado no familiar e de lua-de-mel, declarou. Assim como o promotor Ubirajara Ramos, o presidente da ABIH lembrou que o setor turístico tem de ficar atento ao novo Aeroporto Zumbi dos Palmares, que trouxe aumento do fluxo de turistas. Nossa preocupação começou com a reforma do aeroporto, disse. Coelho ressalta que não existe rede de turismo sexual, apenas casos isolados de prostituição. Uma reunião com taxistas deve acontecer nos próximos dias, para conscientizá-los sobre o problema. O diálogo com os taxistas ganha sustentação no caso dos dois chilenos presos em Maceió por exploração sexual infantil. Os acusados, Cláudio Sanhoega e Luís Gomez, disseram à polícia que foram assediados por um taxista que chegou com as duas adolescentes no veículo em um bar da Jatiúca, insistindo que fizessem programa. Vamos alertá-los para que quem promova essa ação está cometendo crime e que é preciso denunciar os casos de exploração sexual de crianças e adolescentes, enfatizou Ubirajara Ramos. garotas de programa Embora o alvo do Ministério Público Estadual seja o turismo sexual infanto-juvenil, a procura de turistas por garotas de programa em Maceió é uma realidade. Uma dessas garotas é Dulcy. Sempre rola turista procurando a gente, principalmente de Portugal e da Itália, conta a garota. Ela relata que nos últimos dias saiu com três turistas. Normalmente eles chegam aqui sabendo um pouco de português e fazem contato por telefone com a gente, acrescentou. |RC