Cidades
Para pesquisadores, coqueiro n�o pode ser �rvore s�mbolo

| REGINA CARVALHO Repórter O coqueiro foi escolhido por 12.676 pessoas como árvore símbolo da capital, durante uma eleição que aconteceu no mês dezembro, por iniciativa da Prefeitura de Maceió. Mas uma polêmica surgiu a partir da eleição do novo símbolo. A comunidade acadêmica chama atenção para o fato de que o coqueiro não é árvore e por isso mesmo não deveria estar entre as ?concorrentes?. ?O coqueiro é da família das palmáceas. O tecido estrutural dele é diferente do tecido estrutural das árvores. Ou seja o coqueiro não é árvore, é uma palmeira?, lembrou o diretor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas, o agrônomo e professor Aloísio Gomes. Também professora da Ufal e pesquisadora, Rosário de Fátima Rocha é menos contundente. ?Por definição o coqueiro não é árvore, mas alguns estudiosos consideram que ele é. A sua origem é uma incógnita. Mas, sem dúvida, é uma palmeira?, conta a professora. Ela reforça sua afirmação com base em autores considerados referência para estudiosos dessa área. ?Dependendo da classificação a ser adotada, o coqueiro pode ser ou não uma árvore?, completou. Votação Votaram mais de 41 mil pessoas em Maceió, um percentual de 30,38%. Na segunda colocação ficou o ipê-roxo com quase 12 mil votos, de 28,69%. Dez opções foram oferecidas à população. ?Para os que classificam de forma mais genérica é uma árvore. Esses são os autores mais moderados?, atesta o professor Aloísio Gomes. Os coqueiros estão por todos os lados e por isso houve replantio deles em vários trechos da orla marítima de Maceió. Com o nome científico de cocos Nucifera e conhecido popularmente como coco-da-baía, tipo mais comum de ser encontrado no Nordeste, ele tem tronco simples e muda de acordo com as condições climáticas, o solo e a idade. A professora e pesquisadora não votou na ?eleição? feita para escolha da árvore símbolo de Maceió, mas disse que se tivesse de escolher votaria na sucupira, que, segundo ela, é encontrado em Maceió. A sucupira foi a quinta colocada na eleição promovida pela prefeitura e recebeu 2.223 votos. ?Pela polêmica que envolve esse assunto, o coqueiro não deveria ser candidato. Encontro a sucupira em várias localidades, como no Farol - Ladeira Geraldo Melo, no Catolé, Coqueiro Seco e em outros trechos?, disse Rosário de Fátima. Ela acredita que a escolha do coqueiro, deve-se ao maior conhecimento da população sobre a palmeira. ?O ipê-roxo, por exemplo, que foi o segundo colocado, é uma árvore muito bonita, mas existem várias espécies dela. Ele (o coqueiro) é uma planta exótica e uma monocultura?, declarou. O diretor do Centro de Ciências Agrárias também não votou, mas opinou. ?A escolha pelo coqueiro é válida desde que falassem que seria ?planta símbolo? e não árvore símbolo?, destaca. Aloísio Gomes lembra que se tivesse de escolher aquela que simbolizasse a capital votaria em alguma que estivesse no mangue ou tabuleiro. ?Alguma que persistisse durante todo o processo de degradação. Poderia ser a mangabeira?, completa o professor. Ela obteve 1.902 votos, ocupando a sexta colocação. Constrangimento Apesar de ser uma ?eleição polêmica?, os professores Rosário e Aloísio ressaltam a iniciativa da Prefeitura de Maceió. Entretanto, Gomes acredita que a escolha do coqueiro como árvore símbolo pode gerar algum tipo de constrangimento. ?Me preocupa essa alta temporada. Por exemplo, sabemos que Maceió é uma cidade de grande fluxo turístico e sabemos também que os turistas são pessoas esclarecidas e que podem saber que o coqueiro não é árvore. Isso pode virar uma gozação?, lamenta o diretor do Centro de Ciências Agrárias, agrônomo Aloísio Gomes.