Tremor abala o Baixo S�o Francisco
| FELIPE FARIAS Repórter Passava das onze da noite e a maioria se recolhia para dormir. Foi quando se ouviu um estrondo e, logo em seguida, a terra tremeu. O relato, com poucas diferenças de detalhes e reações, é o mesmo que fazem moradores da cidade se
Por | Edição do dia 10/01/2006 - Matéria atualizada em 10/01/2006 às 00h00
| FELIPE FARIAS Repórter Passava das onze da noite e a maioria se recolhia para dormir. Foi quando se ouviu um estrondo e, logo em seguida, a terra tremeu. O relato, com poucas diferenças de detalhes e reações, é o mesmo que fazem moradores da cidade sergipana de Propriá e das alagoanas Porto Real do Colégio, São Brás e Olho dÁgua Grande, distantes quase uma centena de quilômetros, mas que presenciaram o mesmo fenômeno. O tremor de terra, que atingiu 3,3 pontos na escala Richter, segundo o Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi sentido em toda a região do Baixo São Francisco. Mas não houve vítimas nem grandes danos materiais. Segundo o responsável pelo setor, Joaquim Ferreira, não haveria condições de definir as causas do abalo. Para isso, teríamos de realizar estudos no local. E não há recursos para tal, explicou. De acordo com Ferreira, essa é justamente a maior dificuldade para análise dos sismos que ocorrem no Nordeste, que não são raridade. Em 1972, um abalo na cidade de Junqueiro atingiu 3,4 graus - é até hoje o maior já registrado em Alagoas. Medo Todos os relatos são de susto e medo diante de uma situação que a maioria nunca viveu, apesar de não ter sido a primeira vez que ocorre na região. A artesã Luciene Lima, de Propriá, disse que os vizinhos contaram que, num bilhar da vizinhança, as bolas chegaram a quicar sobre a mesa. Em Porto Real do Colégio, os moradores disseram que a maioria foi para as ruas após o abalo. O pessoal saía de pijama e camisola, de tão assustado. Alguns diziam que era o fim do mundo, relataram. Na localidade Oiteiro, em São Brás, algumas casas sofreram rachaduras, como a de Maria de Lourdes Dias, onde todas as paredes racharam. Na cidade, os moradores relataram ter sentido dois tremores, ao contrário dos outros lugares, onde só relataram um abalo. Eles disseram, ainda, que esta foi a segunda ocorrência do tipo em menos de um ano. O coordenador do Laboratório Sismológico do Departamento de Física da UFRN explica que os tremores de terra são divididos entre os colapsos, relacionados às cavernas; os que vêm de atividade vulcânica e os que têm origem tectônica - caso deste que atingiu o Baixo São Francisco. Recebem este nome porque têm relação com as placas tectônicas: a camada que forma a crosta terrestre, como se fossem gomos numa bola de futebol. Segundo ele, o fato de os moradores de São Brás terem relatado a ocorrência de dois abalos pode indicar que o epicentro - lugar de onde se irradiou o sismo - pode ter sido na cidade.