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Nº 5759
Cidades

Nova Ceasa tenta superar gargalos

| FÁBIA ASSUMPÇÃO Repórter Noventa por cento dos hortifrutigranjeiros comercializados hoje na Central de Abastecimento (Ceasa) são de outros estados. Os únicos produtos que Alagoas cultiva de forma auto-suficiente, principalmente na região de Arapiraca,

Por | Edição do dia 19/02/2006 - Matéria atualizada em 19/02/2006 às 00h00

| FÁBIA ASSUMPÇÃO Repórter Noventa por cento dos hortifrutigranjeiros comercializados hoje na Central de Abastecimento (Ceasa) são de outros estados. Os únicos produtos que Alagoas cultiva de forma auto-suficiente, principalmente na região de Arapiraca, são as hortaliças folhosas. O governo aposta na inauguração da nova Ceasa, no Tabuleiro do Martins, prevista para março, para reverter esse quadro. O governo investiu R$ 9 milhões e espera movimentar R$ 120 milhões anuais. A nova central vai ter capacidade de comercialização de 192 mil toneladas de alimentos/ano e deve gerar mil empregos diretos e três mil indiretos. Segundo o diretor de abastecimento do Instituto de Desenvolvimento Rural de Alagoas (Ideral), Luiz Eduardo Santa Rita, um dos gargalos que impedem a produção de frutas e verduras no Estado é a falta de espaço adequado para comercialização desses produtos. De acordo com levantamentos feitos pelo Ideral, essa dependência acaba gerando a evasão de receita no Estado. Em 2002, dos R$ 72 milhões relativos à comercialização de hortaliças folhosas, frutos, raízes, bulbos, tubérculos e frutas, apenas R$ 18 milhões (25,92%) foram de produto próprios. A maior parte, R$ 54 milhões, foi de mercadorias compradas em outros estados. crescimento precário Luiz Eduardo diz que a precária estrutura da antiga Ceasa, no bairro da Levada, prejudica feirantes e consumidores no atacado. Instalada na década de 70 do século passado, a atual central movimentava, inicialmente, 3 mil toneladas de alimentos por mês. Hoje, gira em torno de 11 mil toneladas. Apesar desse crescimento, o espaço continuou o mesmo. Diariamente uma média de 70 caminhões descarregam mercadorias na Central de Abastecimento. Nas primeiras horas da manhã é possível ver a confusão que se forma em torno da área da Ceasa. Muitos caminhoneiros chegam de madrugada, para tentar entrar no prédio, mas nem todos conseguem. O jeito é vender no meio da rua. A situação é ainda pior no inverno, quando o pátio do local fica quase sempre alagado, impossibilitando a circulação do público. Luiz Eduardo afirma que essa situação faz com que muitos clientes em potencial da Ceasa, como donos de restaurantes, pousadas e hotéis, prefiram comprar em centros de abastecimento de outros estados, como no interior de Pernambuco. Com a nova Ceasa, ele acredita que esse público voltará a comprar em Alagoas. A atacadista Jaciana Mascarenhas confirma a perda de clientes por causa da estrutura precária. Ela disse que às vezes os caminhões com mercadorias ficam parados mais de duas horas no congestionamento. “As pessoas começam a chegar aqui às 2 horas da manhã, e mesmo assim não conseguem entrar”. Assim como outros atacadistas, ela aguarda ansiosa a inauguração da nova Ceasa para março. ### Varejistas apostam na revitalização Enquanto os atacadistas contam os dias para se mudar para a nova Ceasa, os varejistas vivem na incerteza. O vendedor de condimentos José Joaquim da Silva tem uma banca na Ceasa há 14 anos. Sem dispor de meios para se tornar um atacadista, Joaquim teme o amanhã. Para o atacadista José Gerson, que na semana passada vendia maracujá no pátio da Ceasa, se não houver uma fiscalização, muitos vão vender suas mercadorias diretamente no Mercado da Produção. Ele questiona, também, a situação das pessoas que sobrevivem como carregadores. De acordo com o diretor de abastecimento do Ideral, Luiz Eduardo Santa Rita, estão cadastradas pelo órgão mais de 300 pessoas, entre carregadores e vendedores de cafezinho. Ele confirma que muitas dessas pessoas não deverão trabalhar na nova Ceasa, porque moram nas regiões próximas ao mercado e não teriam condições financeiras de fazer esse deslocamento. Luiz Eduardo disse que o governo já começou a discutir a possibilidade de passar esse cadastro para a prefeitura, para que essas pessoas possam ser absorvidas no Mercado da Produção. O governo do Estado também está entrando em entendimento com a Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Abastecimento para que os varejistas da Ceasa possam ser abrigados nos mercados públicos da cidade. A estimativa do Ideral é de que dos mais de 600 feirantes da antiga Ceasa, pelo menos a metade seja varejista. Segundo Luiz Eduardo, todos os atacadistas terão espaço na nova Ceasa, além dos varejistas que assumirão a condição de atacadistas. O presidente da Associação dos Feirantes da Ceasa, Ismair Bomfim, reconhece que o processo de mudança gera algumas resistências, mas garante que a transferência da Ceasa para outro local era uma antiga luta dos feirantes e atacadistas. Com o passar dos anos, a Ceasa, que deveria ser um espaço apenas para a venda de produtos no atacado, foi ficando congestionada com a presença dos feirantes de varejo, que aos poucos foram abandonando o Mercado da Produção. Revitalização Com a transferência da Ceasa para o Tabuleiro do Martins, a expectativa é de que o Mercado da Produção possa ser revitalizado, atraindo os consumidores, que sumiram do local. O administrador do Mercado da Produção, Júlio Nunes da Silva, disse que hoje existem 860 permissionários no mercado e no entorno existem mais 1.500 pessoas, entre feirantes e ambulantes. Entretanto, dentro do mercado, principalmente na área de cereais, mais de 50 lojas estão fechadas ou com placas de venda. Alguns feirantes da Ceasa já começam a fazer o caminho de volta para o Mercado da Produção com a aproximação da transferência. FAS ### Nova Ceasa é o dobro da central antiga Localizada na BR-101, entrada da Utinga, a 25 minutos do centro de Maceió, a nova Ceasa tem área total de 68 mil metros quadrados, sendo 23.850 metros quadrados de área construída. Essa área é quase o dobro da antiga Ceasa, na Levada, que tem apenas 36 mil metros quadrados. O empreendimento foi projetado para abrigar 165 lojas de hortigranjeiros, oito lanchonetes, mais de 800 áreas moduladas, estacionamento para 225 caminhões descarregando e mais de 600 vagas para clientes. Quando for inaugurada em março funcionarão, a princípio, 102 lojas de hortigranjeiros, cinco lanchonetes, um restaurante, 693 áreas moduladas, 135 vagas no estacionamento para caminhões e 412 vagas para clientes. O estacionamento para os permissionários e servidores do Ideral terá 350 vagas. O prédio onde funciona a administração terá no andar térreo espaço para agência bancária, posto médico de primeiros socorros, posto policial, restaurante, telecentro e outros serviços de apoio. No primeiro piso vão funcionar a administração do Ideral e um auditório com capacidade para 150 pessoas. O galpão para áreas moduladas tem 120 metros de comprimento por 40 metros de largura, com capacidade para abrigar 693 áreas moduladas e oito lojas de serviços complementares e de apoio à comercialização. Serão quatro galpões destinados a lojas, sendo três de menor porte, medindo 50 metros de comprimento por 20 metros de largura cada. O galpão maior mede 150 metros de comprimento por 20 metros de largura. Os galpões vão reunir um total de 102 lojas hortigranjeiras de 60 metros quadrados cada uma, cinco lanchonetes, sendo uma nos menores e duas no maior. Terão, ainda, cinco baterias de banheiros, que também serão distribuídos entre os galpões. FAS

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