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Nº 5759
Cidades

MP tenta evitar novo conflito no campo

| GILVAN FERREIRA Repórter A promotora do Núcleo de Direitos Humanos do Ministério Público de Alagoas, Marluce Falcão, realizou ontem uma audiência com representantes da área de segurança pública, movimentos de trabalhadores sem-terra e produtores ru

Por | Edição do dia 14/03/2006 - Matéria atualizada em 14/03/2006 às 00h00

| GILVAN FERREIRA Repórter A promotora do Núcleo de Direitos Humanos do Ministério Público de Alagoas, Marluce Falcão, realizou ontem uma audiência com representantes da área de segurança pública, movimentos de trabalhadores sem-terra e produtores rurais. O encontro teve como objetivo evitar o “iminente” conflito entre fazendeiros e sem-terra nos municípios de Murici e Atalaia, considerados os maiores focos de conflitos agrários em Alagoas. Durante a reunião, na sede do Ministério Público, em Jaraguá, as lideranças do Movimento Sem Terra (MST), do Movimento pela Libertação dos Sem Terra (MLST) e da Pastoral da Terra cobraram do Ministério Público, do Poder Judiciário e dos setores da área de segurança pública, agilidade nas investigações de crimes envolvendo proprietários de terras. Já os representantes dos produtores rurais pediram o fim da ocupações dos sem-terra e o cumprimento das decisões judiciais. Segundo os representantes dos sem-terra, nos últimos 12 anos, 39 agricultores morreram em conflitos com proprietários de terra, e, até agora, nenhum dos envolvidos nos crimes foi condenado. O coordenador da Pastoral da Terra, Carlos Lima, denunciou um clima de “guerra” no município de Murici, provocado por fazendeiros da região. “O clima lá em Murici é de guerra, se nenhuma providência for tomada haverá mortes. Esse clima é provocado por famílias influentes do município, que ameaçam os sem-terra”, diz Lima. O presidente da Federação da Agricultura de Alagoas, Fernando Costa, criticou atos de violência contra trabalhadores rurais, mas cobrou das lideranças do sem-terra o fim da ocupações em áreas produtivas. O promotor de Murici, Napoleão Franco, cobrou bom senso dos representantes dos sem-terra e dos produtores rurais. Calheiros defendeu o fim da tensão em Murici e sugeriu a adoção de medidas para que se evitasse novas mortes no campo. O promotor negou que o Ministério Público “estivessse apoiando” qualquer um dos lados. “Nossa função é apurar as denúncias e adotar medidas para evitar conflitos. Não queremos mais que as pessoas venham chorar aqui os seus mortos”, alertou Calheiros. Consenso No final do encontro, a promotora Marluce Falcão anunciou um acordo entre as lideranças dos sem-terra e os produtores rurais. Pelo acordo, os trabalhadores rurais deixarão a fazenda Boa Sorte, um dos maiores focos de tensão em Murici, em troca de lonas para montagem de um novo acampamento na área. Também foi definida melhoria na estrutura para os delegados de Murici e Atalaia. Na próxima sexta-feira, representantes dos sem-terra e produtores rurais vão se reunir com o ouvidor-geral agrário, Gercino dos Santos, para discutir uma pauta de reivindicações.

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