Carro�a vira transporte escolar em AL
| Maikel Marques Repórter Craíbas - O menino Jadielson Ferreira dos Santos, de oito anos, ainda não sabe ler, mas para chegar à escola municipal Juvino José dos Santos, onde pretende adquirir esse conhecimento, depende de uma carroça de burro financiad
Por | Edição do dia 22/03/2006 - Matéria atualizada em 22/03/2006 às 00h00
| Maikel Marques Repórter Craíbas - O menino Jadielson Ferreira dos Santos, de oito anos, ainda não sabe ler, mas para chegar à escola municipal Juvino José dos Santos, onde pretende adquirir esse conhecimento, depende de uma carroça de burro financiada pelo poder público ao custo mensal de R$ 200. A escola fica localizada no sítio Pau Ferro, em Craíbas, onde Jadielson cursa a primeira série. Jadielson sai de casa às 7h10, levando numa sacola plástica o caderno e o único lápis que possui. Se não tivesse a carroça do tio Antônio, a gente nem chegava na escola. É cansativo ter que caminhar isso tudo, afirma o garoto, que teria de percorrer a pé três quilômetros que separam sua casa da escola municipal caso não dispusesse do meio de transporte. A carroça pertence ao agricultor Antônio Salustiano dos Santos, que mora no sítio Salgadinho, zona rural de Craíbas. Ele diz que começou a transportar os alunos há pouco mais de um mês por sugestão da professora Maria do Socorro Nunes. Ele já trazia os filhos dele. Pedi então que trouxesse os demais, conta a professora. Antônio concordou com as viagens [são quatro por dia] mediante promessa de pagamento pelo serviço. Ainda não sei quando nem quanto receberei, diz. Segundo o vice-prefeito e secretário municipal de Educação, José Noé de Oliveira, o carroceiro receberá R$ 200 por mês. O dinheiro, segundo ele, é para ajudar na alimentação do animal. O secretário afirma que se fosse seguida com rigor a regra do Ministério da Educação não haveria transporte algum para os 52 estudantes matriculados na escola do povoado. O governo federal só prevê verba para transporte da zona rural para a zona urbana, argumenta. O que não é o caso da escola de Craíbas. Polêmico ou não, o transporte na carroça é uma sugestão dos pais das crianças. Eles concordaram com o transporte. É melhor do que ir a pé, diz José Noé. Para garantir o acesso de estudantes à sala de aula, a prefeitura também financia viagens em motocicletas. Quatro estudantes que moram na divisa com Major Isidoro dependem da moto. O custo mensal, nesse caso, é de R$ 800, revela o secretário. Ele diz que recebe pouco mais de R$ 90 mil por ano para transporte de todos os estudantes do município. É insuficiente, afirma. Transporte escolar improvisado não é privilégio de Craíbas. Em outras cidades do Agreste e Sertão, estudantes viajam empilhados em antigas caminhonetes ou caminhões. Também há queixas de transporte em ônibus que não oferecem condições de segurança durante o trajeto.