Falta de saneamento amea�a riachos
CARLOS ROBERTS Repórter Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água, ressurge em Maceió a polêmica sobre a poluição dos riachos que cortam a cidade. Enquanto a população ribeirinha cobra providências, o poder público alega falta de dinheiro p
Por | Edição do dia 23/03/2006 - Matéria atualizada em 23/03/2006 às 00h00
CARLOS ROBERTS Repórter Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água, ressurge em Maceió a polêmica sobre a poluição dos riachos que cortam a cidade. Enquanto a população ribeirinha cobra providências, o poder público alega falta de dinheiro para resolver o problema. Ontem, operários da prefeitura recolhiam lixo acumulado no leito do Riacho Salgadinho. Todos os dias, eles retiram pelo menos quatro caçambas de entulhos. O Riacho Gulandin, no Poço, também recebe esgoto e lixo. Segundo a líder comunitária e antiga moradora do bairro, Célia Maria dos Santos, o acúmulo de lixo contribui para o aumento do número de mosquitos. É um inferno, diz. Já no Riacho do Sapo é Maria José dos Santos Oliveira quem sofre as consequências e também reclama. Ela conta que além dos mosquitos, o cheiro é insuportável. A vizinha, Jacinta Silva, explica que para minimizar o problema e evitar a proliferação de ratos, os próprios moradores fazem a limpeza do riacho. O Riacho Cruz das Almas, que desemboca na praia, perto de alguns hotéis e quiosques, também carrega em seu leito a marca da agressão que, segundo os comerciantes, é gerada pelo descaso do poder público. A comerciante Maria José Alexandre, a dona Zezé, trabalha num quiosque perto de onde o riacho desemboca. Ela conta que a água poluída espantou os turistas dali. O presidente da Companhia de Saneamento e Abastecimento dÁgua de Alagoas (Casal), Jorge Briseno, diz que a empresa não tem os cerca de R$ 200 milhões necessários para resolver o problema do esgoto despejado nos riachos de Maceió. Ele explica que este volume de recursos seria investido na instalação de receptores em todo o Vale do Reginaldo, dando continuidade a um conjunto de obras iniciadas num passado recente. Ainda de acordo com Briseno, a Constituição Federal prevê que obras de saneamento básico devem ser feitas pelo governo federal, quando os recursos necessários são incompatíveis com a renda do município e do Estado. O superintendente municipal de Obras e Urbanização (Somurb), Mozart Amaral, diz que para diminuir a poluição o município está providenciando a transposição do Riacho Cruz das Almas para o Riacho do Sapo, que desemboca no Salgadinho. Porque a partir do Salgadinho, podemos jogar o esgoto para o emissário submarino, explica. Ele diz também que os canais foram construídos no passado com o objetivo de receber água de chuva. Mas com o passar dos anos e a falta de saneamento acabaram recebendo esgoto e lixo. A solução é educar a população e fazer investimentos pesados em saneamento e coleta de lixo, diz.