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Nº 5759
Cidades

Projeto individualiza consumo de �gua

| MARCOS RODRIGUES Repórter O consumo coletivo de água em condomínios pode estar com os dias contados em Maceió. É que tramita na Câmara Municipal de Vereadores um projeto que prevê a instalação, em todos os apartamentos, de hidrômetros que apontam o co

Por | Edição do dia 26/03/2006 - Matéria atualizada em 26/03/2006 às 00h00

| MARCOS RODRIGUES Repórter O consumo coletivo de água em condomínios pode estar com os dias contados em Maceió. É que tramita na Câmara Municipal de Vereadores um projeto que prevê a instalação, em todos os apartamentos, de hidrômetros que apontam o consumo de cada família. Esta semana a proposta deverá entrar na pauta de discussões da casa e pode receber o apoio de todos os vereadores, já que existe uma expectativa quanto a sua aprovação entre os moradores de prédios da cidade. A Gazeta percorreu condomínios em bairros populares e de classe média alta. Nos dois casos a experiência mostra que o consumo coletivo é considerado uma forma injusta de repartir os prejuízos. O projeto de lei será apresentado pelo vereador Judson Cabral (PT). Antes de ser elaborado, ele discutiu o assunto com técnicos e engenheiros da Companhia de Saneamento e Abastecimento d’Água de Alagoas (Casal). Segundo o vereador, o projeto pretende corrigir algumas distorções no consumo de água e criar um novo hábito entre os moradores de condomínios. “É uma forma de tentar combater o desperdício que ocorre na maioria dos casos, além de reduzir a inadimplência das contas”, alega Judson. Para quem vive a realidade dos condomínios, a proposta é vista como a única forma de reduzir o gasto sem controle e a falta de pagamento por parte de alguns moradores. No conjunto José Tenório, localizado no bairro da Serraria, os apartamentos populares atraem condôminos por causa do preço dos aluguéis. Lá é um dos locais onde a Casal registra ligações clandestinas e alto número de condomínios inadimplentes. A mesma realidade é encontrada no conjunto Residencial Rui Palmeira, no mesmo bairro. Nos dois casos, moradores fiéis ao pagamento do condomínio são vítimas de quem não paga em dia e acabam sofrendo com o corte do fornecimento de água. A microempresária Elda Reis, que mora há 19 anos num dos blocos do José Tenório, conta que não é fácil administrar os conflitos em torno da água. Ex-síndica, ela lembra que já viveu situações em que algumas pessoas chegaram a ficar um ano inteiro sem pagar a taxa, hoje “congelada” em R$ 35,00. “Em minha casa somos quatro pessoas. É claro que o nosso consumo não é o mesmo de um apartamento onde só reside uma pessoa. Por isso sou a favor da individualização”, comentou a moradora. Sua vizinha Virgínia Lacerda disse que conhece casos no próprio conjunto onde apenas quatro pessoas estão em dia com o pagamento do condomínio. Ela lembra que a taxa cobrada inclui o consumo de luz dos corredores do prédio, a água e os serviços de limpeza. A síndica do prédio, Maria José, a Zeza, também não escondeu o interesse pelo assunto. Ela avalia que essa é a única forma de evitar desentendimentos na hora da cobrança coletiva. “Cuidar de condomínio é uma batata quente. Aqui nós tomamos algumas medidas como a proibição de lavagem de veículos para garantir economia”, acrescentou Zeza, que está no cargo há dois anos. A medida adotada por Zeza também foi tomada pela funcionária pública Cláudia Pereira Lopes, síndica de um edifício na Praia da Avenida. Ela conseguiu proibir a lavagem de carros no pátio do prédio que administra. Ela considera a colocação de hidrômetros uma decisão moderna. “Aqui o gás canalizado também é contabilizado individualmente. É a única forma de as pessoas economizarem”, acredita. Cláudia diz que no prédio onde mora o consumo de água, luz e serviços já chegou a R$ 3.500,00. Para conseguir honrar os compromissos ela teve de cobrar uma taxa extra. “O problema é que como a água vem embutida no valor final ninguém sabe quanto gasta e por isso não se preocupa em economizar”, considera. ### Casal se dispõe a fazer teste em prédio A inclusão de hidrômetros em condomínios já foi discutida até no Congresso Nacional. Mas a proposta não foi aprovada, porque, na avaliação dos parlamentares, esse é um tema de responsabilidade dos municípios. Por isso as iniciativas são municipais. No Nordeste, a contagem individual do consumo já é uma realidade em Recife (PE), Natal (RN) e Aracaju (SE). Os argumentos para a aprovação dos projetos foram os mesmos: a economia. Segundo o presidente da Casal, engenheiro Jorge Brizeno, a presença dos hidrômetros pode representar uma redução no consumo de até 25%. “Por isso apoiamos essa idéia porque é uma questão de justiça, além de facilitar o controle os gastos”. Brizeno acrescenta, ainda, que a Casal pode, por intermédio de sorteio, escolher um bloco de apartamentos no José Tenório para servir de modelo para a proposta. Nesse caso a instalação dos hidrômetros seria de responsabilidade da própria empresa. Segundo levantamentos preliminares, os custos para a implantação do equipamento pode variar entre R$ 400,00, para condomínios populares, e R$ 1.200, para os considerados de luxo. Não estão descartadas negociações para o parcelamento dos valores de implantação, segundo a Casal.|MR

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