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Nº 5759
Cidades

B�ia-fria � roubado e espancado no ES

| Bleine Oliveira Repórter A má sorte de um trabalhador alagoano reacende a discussão sobre um problema sério: o recrutamento clandestino de “bóias-frias” para o corte da cana em fazendas e usinas de outros estados. Natural de Ibateguara, na Zona da Mat

Por | Edição do dia 28/03/2006 - Matéria atualizada em 28/03/2006 às 00h00

| Bleine Oliveira Repórter A má sorte de um trabalhador alagoano reacende a discussão sobre um problema sério: o recrutamento clandestino de “bóias-frias” para o corte da cana em fazendas e usinas de outros estados. Natural de Ibateguara, na Zona da Mata, Antônio Inácio da Silva aceitou a proposta de ir trabalhar numa fazenda na localidade Braço do Rio, no município de Conceição da Barra, no Espírito Santo. Antônio acreditou que poderia manter sua renda até setembro próximo, quando se inicia a colheita de cana em Alagoas, que vive período de entressafra. A viagem, como na maioria dos casos de recrutamento, foi clandestina, ou seja, sem registro na Delegacia Regional do Trabalho (DRT/AL). Chegando ao Espírito Santo, o cortador de cana descobriu que a maior parte das promessas de vantagens salariais feitas pelo empreiteiro, ainda não identificado, era falsa. “Lamentavelmente situações como essa ocorrem freqüentemente”, disse o delegado regional do Trabalho, Ricardo Coelho. Segundo ele, no ano passado cerca de 6 mil alagoanos foram recrutados para trabalhar em fazendas e usinas do Espírito Santo, Minas Gerais e Mato Grosso. Mas a DRT estima que o número varia entre 10 mil e 12 mil trabalhadores, pois a maioria dos empreiteiros, os chamados “gatos”, não registram o recrutamento dos bóias-frias. Deste modo, fogem dos encargos sociais e trabalhistas. Os trabalhadores de Alagoas e de Pernambuco são os mais procurados. A causa, explica Ricardo Coelho, é a capacidade e experiência que têm. “Um alagoano colhe cerca de seis toneladas de cana por dia, enquanto os trabalhadores do Norte e Sudeste colhem 2,5 toneladas no mesmo período”, diz. Para fugir à fiscalização da DRT, intensificada após comprovadas denúncias de trabalho escravo, os “gatos” adotaram uma nova forma de transportar os trabalhadores. Ao invés dos ônibus alugados para viagens clandestinas, eles agora levam os recrutados em ônibus das empresas convencionais, ou seja, nas linhas regulares interestaduais. Essa nova tática, admite Ricardo Coelho, tem dificultado a fiscalização da DRT. O drama de Antônio Inácio tornou-se ainda mais grave pois, no dia em que recebeu o primeiro pagamento, foi assaltado e espancado dentro do próprio acampamento da fazenda ainda não identificada. Ferido e sem dinheiro, ele não recebeu qualquer ajuda dos empreiteiros que o recrutaram. Segundo a família, que procurou a Rádio Gazeta AM para tentar localizá-lo no Espírito Santo, Antônio foi jogado na rodoviária daquele Estado. Graças ao programa Ministério do Povo, o trabalhador foi localizado e pôde receber ajuda para voltar a Alagoas.

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