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Nº 2
Cidades

Sem-terra saqueiam e desafiam pol�cia

Fátima Almeida IVAN NUNES Repórteres Saques, confronto com a polícia e prisões nas estradas alagoanas. Cerca de cinco mil militantes dos movimentos de sem-terra (MST, CPT, MLST e MTL) participaram, ontem pela manhã, de uma ação conjunta de prot

Por | Edição do dia 28/03/2006 - Matéria atualizada em 28/03/2006 às 00h00

Fátima Almeida IVAN NUNES Repórteres Saques, confronto com a polícia e prisões nas estradas alagoanas. Cerca de cinco mil militantes dos movimentos de sem-terra (MST, CPT, MLST e MTL) participaram, ontem pela manhã, de uma ação conjunta de protesto que fechou rodovias estaduais e federais em vários pontos da zona da mata, litoral, agreste e sertão alagoanos. Cinco carretas com alimentos foram saqueadas. O núcleo de gerenciamento de crises da Polícia Militar tentou negociar com os manifestantes, mas não conseguiu evitar o confronto entre a polícia e os sem-terra, num trecho entre os municípios de Flexeiras e Messias (Zona da Mata). Um grupo de militantes foi preso e levado para a Delegacia de Messias, após efetuar o saque de uma carga. Parte da mercadoria foi recuperada pela polícia. Para as lideranças do Incra em Alagoas, os protestos não tinham razão de ser, já que os movimentos tinham conhecimento de que cestas básicas para 10 mil famílias acampadas já estavam liberadas, aguardando apenas o transporte entre Salvador (BA) e Maceió. As lideranças do movimento tentam mostrar suas razões. Segundo Carlos Lima, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), os movimentos protestaram contra os números “maquiados” do Incra sobre a reforma agrária em Alagoas e contra o atraso de quase quatro meses na liberação das cestas básicas para os acampamentos. Segundo ele, foram programados 20 bloqueios em vários trechos de rodovias, do Litoral ao Sertão, e do Agreste a Zona da Mata, mobilizando cerca de 5 mil pessoas. Até o final da manhã os movimentos contabilizavam 14 pontos de manifestação em todo o Estado, mas a polícia só tinha conhecimento de cinco. Na Zona da Mata, os trechos da BR-101 que ficam próximos à Agrisa, em Joaquim Gomes; à Usina Bititinga, em Flexeiras, e no entrocamento entre as BRs 101 e 104, em Messias, foram identificados pela Polícia Federal. Os outros dois pontos de manifestações, segundo a Polícia Militar, foram em Maragogi e Porto Calvo, no Litoral Norte. Saques Na BR-101, entre os municípios de Messias e Flexeiras, duas carretas foram saqueadas. O motorista de uma das carretas foi obrigado a parar o veículo, enquanto os sem-terra levavam a carga de alimentos que estava sendo transportada de Goiás para Recife. Parte da carga foi recuperada por policiais do Bope e cinco sem-terra autuados em flagrante, entre eles um menor. Uma carga de chocolate, transportada de São Paulo para Recife, também foi saqueada e o motorista ameaçado pelos sem-terra, que usaram picaretas para abrir o baú do veículo. O motorista de um carro que passava no local também foi autuado, acusado de participação no saque. ### Protesto fecha ponte na divisa com PE | FERNANDO VINÍCIUS Repórter A rodovia AL-101 Norte foi interditada pela quarta vez em menos de quinze dias. Desta vez o protesto uniu agricultores ligados aos Movimentos Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e de Libertação dos Sem-Terra (MLST) espalhados em cinco acampamentos nas cidades de Matriz do Camaragibe, Porto Calvo e Jacuípe. Em Maragogi, integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) juntaram-se ao MLST e fecharam a ponte sobre o Rio Persinunga, divisa entre Alagoas e Pernambuco, até as 16 horas. Segundo o coordenador regional do MLST, José de Lima Maciel, o protesto, que também paralisou o trânsito em outras rodovias de Alagoas, ocorreu porque o Congresso Nacional ainda não votou o orçamento da União para 2006. Para ele, sem recursos, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está deixando de cumprir suas obrigações. “Nós estamos sem receber cesta básica desde dezembro do ano passado, não dá pra ficar esperando”, disse. De acordo com os números apresentados, 263 famílias esperam ser beneficiadas pela reforma agrária nas três cidades. A pauta apresentada pelos coordenadores do MLST e pelas 46 famílias apoiadas pelo MTL acampadas no assentamento Junco, município de Porto Calvo, prevê ainda a vistoria definitiva de terras já visitadas pelo Incra, liberação de lonas e reforma ou ampliação de escolas da zona rural. Outro ponto citado é a revisão de processos, como o que considerou produtivos mais de mil hectares de terras da Usina Santa Maria, área destinada ao cultivo de cana-de-açúcar. A manifestação começou por volta das 7h30 e somente ao meio-dia a pista foi liberada. A abertura de negociação entre o governo federal e os sem-terra e o compromisso para liberar 12 mil cestas básicas bastou para que o trânsito voltasse ao normal. Contudo, os mesmos argumentos não foram suficientes para os sem-terra que fecharam a ponte sobre o Rio Persinunga, divisa entre Maragogi e São José da Coroa Grande, em Pernambuco. A pauta relaciona, além de pontos comuns como liberação de cestas básicas e agilidade no processo de desapropriação de terras, anistia geral das dívidas, liberação de recursos para construção de 60 casas no assentamento Buenos Aires, energia elétrica nos lotes e vistoria do Incra em acampamentos. Segundo o major do 6º Batalhão da Polícia Militar, que intermediou as negociações, os manifestantes entenderam que o objetivo do protesto foi alcançado e, após contato com os coordenadores dos movimentos em Maceió, o tráfego na ponte foi liberado. Sem alternativa para seguir viagem, veículos formaram longas filas nos dois sentidos das rodovias estaduais.

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