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Nº 5759
Cidades

Sem-teto voltam a denunciar amea�as em terreno do Estado

| CARLOS ROBERTS Repórter Integrantes do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) denunciam que estão sendo ameaçados por homens armados, no acampamento onde ocupam um terreno da extinta Companhia de Administração de Recursos Humanos de Patrimônio (C

Por | Edição do dia 30/03/2006 - Matéria atualizada em 30/03/2006 às 00h00

| CARLOS ROBERTS Repórter Integrantes do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) denunciam que estão sendo ameaçados por homens armados, no acampamento onde ocupam um terreno da extinta Companhia de Administração de Recursos Humanos de Patrimônio (Carhp), no Benedito Bentes II. Há um mês, um jovem de 17 anos foi baleado no local. A representante das cerca de 400 famílias, Eliane Silva, denuncia que há vários dias um veículo ocupado por quatro homens não identificados tem rondado o acampamento. Os acampados dizem apenas que se trata de um carro escuro, e não souberam descrever o modelo ou a placa. O mesmo veículo teria retornado no início da noite de terça-feira e os ocupantes teriam feito ameaças às famílias. Por volta das 2h da madrugada de ontem, eles fizeram nova investida. “Desta vez, três deles desceram do carro com revólver na mão e vieram para dentro do acampamento. Todos nós ficamos muito assustados”, diz Eliane, que fez contato com o major Sampaio, do 5º Batalhão, pedindo proteção policial. Os PMs teriam feito ronda nas imediações e a movimentação permaneceu até por volta das 6h, quando finalmente os ocupantes do terreno conseguiram dormir. “Foi um terror. As crianças todas com medo”, afirmou Eliane. Protesto A líder do MTL diz estranhar o motivo de tanto interesse numa área do Estado. E lembra que antes de virar acampamento dos sem-teto, o terreno estaria servindo como ponto-de-venda de drogas. Ela diz que se as ameaças persistirem haverá um protesto simultâneo com outros acampamentos do movimento no Estado. Segundo Eliane Silva, a movimentação também servirá para reforçar a posição de que só deixarão o terreno depois que o governo do Estado construir casas para eles serem transferidos. O delegado do 8º Distrito, no complexo Benedito Bentes, Jorge Barbosa, disse que tomou conhecimento das ameaças por intermédio da imprensa e que até ontem pela manhã ninguém havia comparecido à delegacia para registrar queixa. Ele disse que designou uma equipe para tentar levantar mais informações e chegar suspeitos. Um rapaz foi baleado no acampamento, no último dia três, alguns dias após as famílias começarem a montar seus barracos. O PM João Alves é acusado de ter feito os disparos. Segundo os sem-teto, o militar teria chegado bêbado e de bicicleta perguntando quem era o líder. Ele teria atirado na direção de Eliane, mas acabou acertando as costas e o braço de J.A.S, 17 anos. Mais tarde, o PM foi preso em casa, no conjunto Salvador Lyra, e autuado em flagrante por lesão corporal e porte de arma. O militar está à disposição da Justiça comum, no Presídio Militar no Trapiche da Barra. Embaixo da lona O menor baleado vive com a companheira, M.L, também de 17 anos, e com a filha do casal, uma menina de seis meses, em um dos barracos de lona do acampamento. O buraco à bala nas costas de J.A.S ainda não cicatrizou. “Mas o braço já está bom”, diz o rapaz, que sai toda manhã com um carrinho para catar lixo reciclável. Diz que quando tem sorte chega a ganhar R$ 5 por dia. Há cinco anos ele saiu de Porto Calvo, onde nasceu, para viver em Maceió. Um ano depois, precisou deixar a casa da avó, que não tinha condições de criá-lo. Após um tempo na rua, passou a integrar o MTL acampado no Hospital Universitário, onde conheceu a adolescente com quem passou a morar e teve uma filha. “Meu sonho é ter uma casa e um emprego fixo para viver sossegado com minha família. Sem medo, sem ser baleado”, diz.

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