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Nº 5759
Cidades

�ndia faz hist�ria com tese de doutorado

| Fátima Almeida Repórter A primeira índia brasileira a obter um título de doutorado mora em Alagoas há 12 anos. Maria das Dores Oliveira Pankaruru, funcionária licenciada da Funai no Estado, entrou para a história ao ter aprovada, com louvor, sua tese

Por | Edição do dia 20/04/2006 - Matéria atualizada em 20/04/2006 às 00h00

| Fátima Almeida Repórter A primeira índia brasileira a obter um título de doutorado mora em Alagoas há 12 anos. Maria das Dores Oliveira Pankaruru, funcionária licenciada da Funai no Estado, entrou para a história ao ter aprovada, com louvor, sua tese sobre morfologia e gramática do ofayé, língua nativa de uma tribo homônima, quase em extinção, localizada na divisa entre os estados de Mato Grosso e São Paulo. A tese de Maria foi defendida ontem (Dia do Índio), no departamento de Ciências Humanas, Letras e Artes (CHLA) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e os estudos por ela realizados já têm como resultado um dicionário de português-ofayé-português, pronto para ser editado; uma cartilha e um caderno de exercícios que estão sendo usados para ensinar o idioma às crianças da tribo. Além de projetar um povo que já era considerado extinto, seu trabalho dá um passo importantíssimo para resgatar uma língua em processo de extinção. Segundo Maria, só existem 46 ofayés na tribo estudada e entre eles apenas 11 pessoas, situadas na faixa etária entre 18 e 73 anos, falam a língua nativa. As crianças da tribo são educadas em português (língua dominante) e nenhuma fala a língua nativa. ### Estudo é aplicado na educação indígena Para desenvolver o trabalho, Maria teve o apoio do Programa Internacional de Bolsas que a Fundação Ford desenvolve com a Fundação Carlos Chagas. “Tive oportundade de aprender e sempre pensei em dar minha contribuição ao meu povo indígena, com os meus trabalhos de pesquisa. E acho que estou contribuindo para que o ofayé seja ensinado nas escolas e escape do processo de extinção”, diz a doutora. Pelo menos um dos objetivos de Maria, de que os resultados dos estudos sejam aplicados na educação, já está se concretizando. Já existe algum material produzido e a cartilha está sendo usada experimentalmente para ensinar o ofayé na escola daquela comunidade indígena. Na avaliação da professora Adair Pimentel Palácio, que atuou na orientação da tese, apoiando a colega Januacele Francisca, o trabalho de Maria Pankaruru é mais uma contribuição no difícil processo de convencimento da sociedade brasileira, de que “língua de índio é língua de gente”. FAL ///

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