Cidades
Projeto de energia solar fracassa em Alagoas

ROBERTO VILANOVA Maravilha e Ouro Branco A professora Silvana Henrique da Silva, residente na Fazenda Belém, em Ouro Branco, vendeu a geladeira; o fazendeiro José Timóteo, residente no povoado Bonito, também naquele município, teve de adaptar a televisão portátil a uma bateria de carro, para poder assistir aos jogos de futebol da Copa do Mundo. Eles são os exemplos individuais de uma situação generalizada o projeto para produção de energia solar em Alagoas fracassou. Caro e restrito, o projeto só resiste onde não há rede elétrica. Mas com o anúncio de que os associados terão de pagar pela bateria, poucos estão dispostos a continuar no sistema. Não compensa. A energia que a gente recebe só dá para dois bicos de luz. Não podemos ligar geladeira, televisão, nem aparelho de som, desabafou Timóteo, revoltado porque perdeu os primeiros jogos da Copa do Mundo. Potência exígua Melhor que a luz do candeeiro, mas incomparável com a potência da luz elétrica. É assim que os alagoanos que aderiram à energia solar definem o projeto implantado pela Fundação Teotônio Vilela, no sertão do Estado; metade deles desistiu e os que restaram reclamam da potência exígua apenas 12 volts; e cobram a instalação da rede elétrica com energia fornecida pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco Chesf. A professora Silvana Henrique, que ensina no Grupo Escolar coronel Lucena, no povoado Belém, disse que o projeto não compensa, porque não permite o uso de eletrodomésticos. Eu tive de vender a geladeira. Televisão, nem pensar; som, também. Muita gente está devolvendo as baterias, desistindo do projeto, completou. O grupo onde Silvana ensina é movido à luz solar, mas o custo é altíssimo. Para obter a potência de 110 volts foi preciso instalar oito baterias, ao custo (conta de consumo) de 12 reais cada uma, por mês. São 96 reais de conta mensal. Quem pode pagar isso? É inviável para as famílias, só o município tem condições de bancar isso, disse. Como funciona O projeto de energia solar, implantado pela Fundação Teotônio Vilela, funciona com grupos de 30 pessoas, que aderiram como sócios. A fundação fornece a bateria, dá manutenção e cobra 12 reais mensais por cada unidade (bateria) distribuída, mas a potência gerada só permite a instalação de dois bicos de luz. É melhor do que candeeiro, diz a zeladora do grupo no povoado Bonito, Maria José da Silva, outra que deseja mudar o sistema ela quer energia da Chesf. Silvana Henrique, que assumiu o lugar da mãe, Severina, como coordenadora no projeto no povoado Belém, não vê futuro com a energia solar. A gente pensava que poderia usar todos os eletrodomésticos. É claro que é melhor do que candeeiro, mas sem poder ligar sequer uma geladeira, não interessa. Nós vamos mudar, queremos energia elétrica. Temos condições de possuir geladeira, televisão e aparelho de som e queremos tudo isso.