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Nº 5759
Cidades

Mais de 1.500 maceioenses buscaram Caps para tratar alcoolismo em 2023

Unidade do Farol é a única na capital alagoana, gerida pelo poder público, que atende dependentes de álcool

Por Mariane Rodrigues | Edição do dia 27/01/2024 - Matéria atualizada em 27/01/2024 às 04h00

Em 2023, mais de 1.590 maceioenses buscaram o Centro de Atendimento Psicossocial AD Dr. Everaldo Moreira para receber tratamento contra o alcoolismo. Esse é o único local em Maceió que atende pessoas dependentes do álcool, gerido pelo poder público. Ele é administrado pela Secretaria Municipal de Saúde.

O Caps é uma das unidades especializadas em saúde mental para tratamento e reinserção social de pessoas com transtorno mental grave e persistente. O mês de agosto foi aquele que, no ano de 2023, a unidade mais recebeu pacientes procurando ajuda. Foram 177 dependentes químicos da bebida alcoólica.

Especialistas da área da saúde destacam que, procurar ajuda, muitas vezes, não é fácil. Para algumas pessoas, é preciso buscar auxílio médico e psicossocial mais de uma vez, porque as recaídas são frequentes. Para outras, o tratamento se estende por anos.

Esse é o caso de Marcelo Henrique, que está há mais de dez anos em tratamento. Se no início, o retorno para o álcool é recorrente. Hoje em dia, ele garante: “estou livre há seis anos”.

O apoio da família foi imprescindível para Marcelo persistir no trajeto. Ele conta que sua primeira internação, e outras que sucederam, foram involuntárias e que era levado pela mãe e a irmã. No entanto, entrava no centro de atendimento, recebia tratamento inicial, mas não demorava muito, e voltava a ingerir bebida alcoólica.

“Eu bebia muito, todos os dias. Só vivia usando álcool, caído pelos cantos”, conta o paciente.

Segundo Marcelo, o tratamento só começou a dar certo quando foi internado e decidiu permanecer no local. “Passei seis meses. Depois desse tratamento, aderi ao tratamento voluntário no Caps AD e estou livre há seis anos já”, discorre Marcelo.

O psicólogo e gerente do Caps Everaldo Moreira, Berto Gonçalo da Silva, afirma que, geralmente, a procura pela ajuda está ligada à percepção do paciente de que ele está passando pelo problema.

“O dependente identifica a forte necessidade de usar substância a qualquer momento, a fadiga e a dificuldade de raciocínio. Distúrbios alimentares e do sono já se apresentam. Assim como várias alterações no metabolismo, dificultando seu dia a dia. Também pode ter alterações de humor e sentimentos de culpa constantes. Todas essas alterações são evidenciadas, fazendo com que ele perceba a forte necessidade de procurar ajuda”, explica o psicólogo.

O gerente do Caps reforça que tratar esse tipo de vício é desafiador e parte desse desafio está associado com o fato de o álcool ser aceito culturalmente na sociedade ocidental. “As pessoas nem sempre enxergam que ultrapassaram os limites e manifestam dependência. Porém, mesmo para quem admite a necessidade de tratamento, este processo é bastante desafiador. A maioria inicia o tratamento, mas devido ao fácil acesso e vulnerabilidades sociais, a pessoa mantém o uso”, ressalta Gonçalo.

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O psicólogo explica que o consumo excessivo do álcool altera o comportamento e pode levar problemas para casa, para o trabalho, ou mesmo para o local de ensino onde a pessoa está inserida. Berto Gonçalo ressalta ainda que o uso constante de bebidas etílicas afetam tanto a saúde mental, como a física.

O usuário de álcool ou outras drogas pode buscar tratamentos oferecidos pelos Caps. Para ter acesso não precisa de agendamento prévio ou encaminhamento.

Quem deseja se tratar da dependência em Maceió pode procurar o Caps Dr. Everaldo Moreira, que funciona na Rua Barão José Miguel, no bairro do Farol.A internação é oferecida para os casos graves, nos quais o tratamento ambulatorial não apresenta sucesso. “O tratamento tem início na abordagem. A fase de desintoxicação, em média, tem a duração de 15 dias, a depender do caso. Porém, o tratamento completo em geral é um problema de médio e longo prazo”, finaliza Berto Gonçalo.

Marcelo Henrique afirma não querer mais voltar a consumir bebida alcoólica. “Estou muito feliz sem uso do álcool. Passei o período de festas de final de ano sem usá-la”, comemora.

Agora, ele é acompanhado por assistência social e por médico, que passa medicação para ele, faz uso todas noites. “Agora estou em boa recuperação”, finaliza.

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