Carla Serqueira Repórter Em menos de 48 horas, a população alagoana foi surpreeendida, na última semana, com a notícia de duas chacinas ocorridas na periferia de Maceió. Nove pessoas foram mortas e uma ficou ferida. Entre as vítimas fatais, uma mulher e um menor de idade. Até agora, não há pistas dos criminosos. A cúpula da Polícia Civil reclama da duradoura greve de seus agentes e, mesmo sem prova alguma, prefere apontar para a presença de traficantes de drogas que estariam se matando para manter os domínios de pontos de vendas na cidade. ### No Santos Dumont, medo faz morador silenciar sobre crime Tarde de quinta-feira, 24 de janeiro de 2008. O carro da reportagem arranca olhares apreensivos logo na entrada do conjunto Santos Dumont. A visita ocorre três dias depois de seis moradores tombarem mortos numa calçada da larga rua Tancredo Neves, conhecida como “a rua do sossego”, alvos de três homens que falaram ser policiais. A idéia era conversar com familiares das vítimas, entre elas, um garoto de 17 anos, conhecido como um menino caseiro, ajudante de pedreiro, apaixonado por sinuca. Na pequena casa onde morava, numa rua perpendicular a do sossego, um senhor moreno, de óculos, atende ao chamado. Demonstrando impaciência, dá as costas sem titubear, quando informado se tratar da imprensa. “Não, não, não”, disse o homem, apenas, voltando-se para o interior da sala escura. ### Alagoas: Estado marcado por execuções Desde que ocorreu a emblemática chacina do Condomínio Solares, em 1995, com saldo de 11 mortos, mais de 70 pessoas já foram executadas em outras chacinas, no Estado de Alagoas. O número foi contabilizado a partir de pesquisas no arquivo da Gazeta de crimes que viraram notícia. De acordo com o delegado Flávio Saraiva, da cúpula da Polícia Civil, a morte de mais de uma pessoa, na mesma circunstância, já pode ser caracterizada como uma chacina. A seguir, o leitor pode conferir um resumo das matanças que chocaram a população alagoana em pouco mais de uma década. ### CONDOMÍNIO SOLARES Data: 23/01/1995 Vítimas: onze mortos Como foi: após um assalto a uma agência bancária na Jatiúca, policiais receberam denúncia de que os assaltantes estavam no condomínio, na Cruz das Almas. A polícia disse que foi recebida à bala. Três apartamentos foram invadidos pelos policiais, que mataram sete suspeitos no Solares e outros quatro no conjunto José Tenório, na Serraria, no mesmo dia. PÇA. ARNON DE MELLO Data: 15/11/1996 Vítimas: seis mortos Como foi: duas mulheres e quatro homens foram mortos na Praça Arnon de Mello, no Pinheiro. Um mês depois, dois policiais foram indiciados como os executores. Uma jovem testemunha, de 25 anos, foi assassinada em fevereiro de 2003 dentro de sua casa, no mesmo bairro, com um tiro na cabeça, na frente de vários familiares, inclusive de duas filhas menores, de dois e três anos. ///