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PANDEMIA

Cinco anos do primeiro caso de Covid em AL: histórias e números da doença

No dia 31 de março de 2020, Al confirmou o primeiro óbito de Covid-19 e, hoje, o estado acumula mais de 7,3 mil mortes

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Andreia e Fernanda não resistiram à Covid
Andreia e Fernanda não resistiram à Covid | Foto: Cortesia

Onde você estava em 8 de março de 2020 quando as autoridades informaram sobre o primeiro caso de Covid-19 em Alagoas? A estudante Mariana possivelmente em casa, com a família, quando foi feito o anúncio. Talvez nem prestou atenção na gravidade do momento, pois era apenas uma adolescente. Um ano depois daquele dia ela perdeu a pessoa mais importante da vida quando tinha apenas 14 anos e desde então não tem mais o lar de antes. De 2020 a 2025 foram 7.362 vítimas no estado: órfãos, viúvos, pais sem filhos, amigos.

Andreia, mãe de Mariana, trabalhava em depósito de bebidas com o esposo, atendendo clientes, era fumante e estava acima do peso, segundo a filha. Quando morreu de Covid em março de 2021, os três filhos foram para casas diferentes e aquele lar deixou de existir. Era Andreia quem mantinha todos unidos. Mariana, a filha do meio que hoje tem 18 anos, ainda sofre de saudade e de revolta por achar que a mãe precisava de melhor atendimento na unidade hospitalar.

“Penso que a morte dela poderia ser evitada. O problema é que minha mãe contraiu o vírus três vezes. A primeira vez foi no finalzinho de 2020 e as outras vezes na sequência. O que era mais estranho é que só ela tinha os sintomas. Morava eu, minha irmã mais velha, meu irmão mais novo e meu pai que dormia na mesma cama que ela, mas somente ela teve sintomas e a confirmação da Covid”, lembra Mariana.

“Minha mãe ficou internada quase um mês. Hoje o sentimento que tenho é de tristeza. A saudade é inegável. Ela deixou três crianças jogadas pelo mundo. Graças a Deus eu tive apoio da minha família, da minha vó, mas a gente sabe que a separação dos meus irmãos foi por causa da morte da minha mãe”, lamenta Mariana.

Imagem ilustrativa da imagem Cinco anos do primeiro caso de Covid em AL: histórias e números da doença
| Foto: Cortesia

Médico perdeu filha e esposa

No dia 8 de março de 2020, possivelmente, o médico José Luna Filho acompanhava tudo que se falava sobre a pandemia e cuidava da sua família para evitar a infecção pelo coronavírus. Mas dois meses e dez dias depois perdeu a esposa e a filha por Covid. A cirurgiã-dentista Fernanda, de 37 anos, que estava grávida de sete meses de uma menina. Ela faleceu em maio de 2020, no auge da pandemia, e dias depois foi Maria Flor, em decorrência das complicações da Covid. A bebê era filha de José Luna e Fernanda.

“É uma perda que é irreparável, que não tem como mensurar o que ela atingiu dentro da gente em termos de afetividade, em termos de ausência e como pai que sou também. A primeira vez que o Luís Fernando foi ao cemitério foi três anos depois da morte dela (Fernanda) e eu vi o sentimento de perda. Ele não queria falar”, conta Luna, sobre o filho que teve com a Fernanda, que hoje tem 16 anos e tinha 11 quando a mãe e a irmã morreram.

“A perda da minha filha também foi bem complicada, um sofrimento que é constante. Maria Flor vinha melhorando, o pessoal pensando em dar alta, aí ela teve uma piora. Você aprende a viver, se readapta, mas que a falta e o sentimento de perda fica para a vida toda. Você não perde o sentimento de saudade. Eu ficava imaginando o que era saudade, o sentimento de perder alguém”, diz Luna.

‘Naquela época a gente não tinha muito o que fazer, tava muito no começou e nem conhecia muito sobre Covid. Tudo foi feito de uma forma muito intensa. Os colegas médicos se dedicaram de forma intensa sem que a gente tivesse naquela época o tratamento adequado”, conclui. Luna também teve Covid e pensou que poderia desenvolver a forma grave da doença, mas quem não resistiu foi a esposa.

O dia da confirmação

Enquanto o mundo assistia estarrecido o avanço da Covid-19, em Alagoas o então governador Renan Filho anunciava no dia 8 de março de 2020 que um alagoano de 42 anos que possuía histórico de viagem para a Europa, um dos epicentros da doença, foi o primeiro caso da doença no estado. Dez dias depois o estado encarava um decreto de fechamento do comércio para impedir a proliferação do vírus e, no fim de junho do mesmo ano, entrou em vigor o distanciamento social controlado.

No dia 31 de março de 2020, Alagoas confirmou o primeiro óbito de Covid-19 e, hoje, o estado acumula mais de 7,3 mil mortes causadas pelo novo coronavírus e 350,1 mil casos confirmados. “A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) vem a público prestar importantes esclarecimentos sobre o falecimento na madrugada de segunda-feira (30) de um homem de 64 anos, natural do estado do Acre, em decorrência do novo coronavírus (Covid-19). Foi a primeira morte em decorrência do vírus em Alagoas”, informava a nota da Sesau, à época.

À época, dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado (Arpen/AL) mostravam que a Covid-19 – que já foi principal causa de morte em Alagoas em 2020 e 2021 – caiu da primeira para a sexta colocação em 2022.

Evolução de casos e mortes

A evolução dos casos e óbitos por Covid-19 em Alagoas entre 2020 e 2025 apresentou picos bem definidos e períodos de estabilidade. O primeiro grande pico ocorreu entre maio e julho de 2020, refletindo o início da transmissão comunitária e a sobrecarga dos serviços de saúde.

Em 2021, um novo aumento expressivo foi registrado entre março e maio, impulsionado pela circulação de novas variantes e o relaxamento das medidas de prevenção.

No início de 2022, a variante Ômicron resultou em um novo surto, concentrado entre janeiro e fevereiro. Após esse período, observou-se uma redução progressiva nos casos e óbitos, com pequenos aumentos esporádicos em 2023 e 2024, sugerindo um padrão endêmico da doença.

A Gazeta pergunta à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) quais as medidas adotadas pelas autoridades, os desafios enfrentados e as lições aprendidas para futuras crises sanitárias. Diante desse cenário, Alagoas adotou diversas medidas para enfrentar a Covid-19, incluindo a ampliação da capacidade de testagem, o fortalecimento da vigilância epidemiológica, a intensificação da vacinação, a expansão da rede assistencial com novos leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Os principais desafios envolveram a oscilação na adesão da população às medidas preventivas e a necessidade de adaptação contínua às variantes do vírus. Como lições aprendidas, destaca-se a importância do monitoramento epidemiológico para antecipação de surtos, o fortalecimento da comunicação pública para garantir maior adesão às recomendações sanitárias e a necessidade de investimentos sustentáveis na saúde pública, incluindo infraestrutura hospitalar e políticas de prevenção integradas”, destacou a Sesau.

EVOLUÇÃO DA COVID EM ALAGOAS: 350,1 MIL CASOS CONFIRMADOS E 7.362 ÓBITOS

2020 – 116.008 casos e 2.743 óbitos

2021 – 127.460 casos e 3.750 óbitos

2022 – 94.735 casos e 733 óbitos

2023 – 7.201 casos e 97 óbitos

2024 – 3.799 casos e 36 óbitos

2025 – 904 casos e 3 óbitos

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