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Ansiedade e depressão afastam mais de 2,7 mil trabalhadores em Alagoas

Segundo a psicóloga Amanda Santos, o cenário reflete um problema que já havia sido sido observado há anos

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Psicóloga Amanda Santos diz que cenário reflete um problema observado há anos
Psicóloga Amanda Santos diz que cenário reflete um problema observado há anos | Foto: Cortesia

Dados do Ministério da Previdência indicam que, em 2024, Alagoas registrou 2.736 afastamentos do trabalho devido a transtornos mentais, sendo a ansiedade e a depressão as principais causas, com 852 e 647 casos, respectivamente. No Brasil, quase meio milhão de trabalhadores precisaram se afastar pelo mesmo motivo, refletindo um cenário preocupante de sobrecarga e impacto na saúde mental da população.

Entre os estados do Nordeste, Alagoas apresentou o menor número de afastamentos por transtornos mentais. A Bahia lidera o ranking, com 14.065 casos, seguida pelo Ceará, com 12.202, e Pernambuco, com 11.410. Especialistas apontam que o aumento nos afastamentos reflete fatores como instabilidade econômica, excesso de trabalho e o impacto prolongado da pandemia de Covid-19, que gerou desemprego, luto e insegurança emocional.

Segundo a psicóloga Amanda Santos, esse cenário reflete um problema que já era apontado há anos por especialistas, mas que agora se torna ainda mais evidente.

“A ansiedade, por exemplo, tornou-se uma das grandes queixas nos consultórios, e esse aumento no número de afastamentos está diretamente ligado a essa realidade. O ritmo acelerado de vida, a hiperconectividade e a cultura da produtividade extrema contribuem para essa crise”, explica a psicóloga.

O burnout, de acordo com a psicóloga, é uma consequência direta da cultura do excesso de trabalho e que não surge apenas pelo volume de tarefas, mas principalmente pela falta de suporte emocional e pelo esgotamento psicológico gerado pelas altas expectativas e cobranças.

“Profissionais que se sentem desvalorizados, que enfrentam jornadas exaustivas e que não conseguem equilibrar vida pessoal e profissional estão mais propensos a desenvolver esse quadro. O diagnóstico, porém, ainda enfrenta desafios, pois muitos trabalhadores ignoram os sintomas ou demoram a procurar ajuda, o que agrava a situação e pode levar a afastamentos prolongados”, reforça Amanda Santos.

Os dados do INSS permitem traçar um perfil dos trabalhadores atendidos: a maioria é mulher (64%), com idade média de 41 anos, e com quadros de ansiedade e de depressão. Elas passam até três meses afastadas do trabalho.

De acordo com a psicóloga, isso acontece porque as mulheres acumulam múltiplas funções. Além das exigências do trabalho, muitas ainda são responsáveis pelos cuidados com a casa e com os filhos, muitas vezes sem uma rede de apoio adequada.

“A desigualdade salarial e a insegurança no ambiente de trabalho também contribuem, gerando um estresse contínuo. Além disso, a violência de gênero, que infelizmente tem aumentado, impacta diretamente a saúde mental das mulheres. O feminicídio e outras formas de violência criam um ambiente de medo e insegurança, aumentando os níveis de ansiedade e depressão”, analisa.

Os dados, apresentados inicialmente pelo G1, mostram que, no último ano, os transtornos mentais chegaram a uma situação incapacitante como nunca visto no Brasil. Na comparação com o ano anterior, as 472.328 licenças médicas concedidas representam um aumento de 68%.

Amanda destaca que é essencial que empresas e gestores adotem políticas de saúde mental no ambiente de trabalho, como a flexibilização de horários, programas de apoio psicológico e a criação de um ambiente mais acolhedor. “Além disso, precisamos de políticas públicas mais eficazes para garantir acesso a tratamento psicológico e psiquiátrico”, conclui a psicóloga.

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