Fim dos postes? Equatorial avalia projeto de rede subterrânea em Alagoas

A paisagem das ruas de Alagoas poderá mudar drasticamente. O emaranhado de fios suspensos que hoje poluem a visão urbana e representam riscos para a segurança pode estar com os dias contados. O Projeto de Lei nº 480/2023, aprovado em segundo turno na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), propõe a substituição das redes aéreas de distribuição de energia por cabos subterrâneos em áreas estratégicas do estado.

Mais do que uma reforma estética, a medida promete avanços em segurança e sustentabilidade. No entanto, os custos envolvidos levantam preocupações da Equatorial Alagoas, que analisa o Projeto de Lei nº 480/2023, mas já alerta que a mudança poderá impactar na tarifa de energia para a população.

O projeto, de autoria do deputado Ronaldo Medeiros (PT), prevê a substituição das redes aéreas por subterrâneas em locais de grande tráfego de veículos e pedestres, em áreas de interesse ambiental, histórico ou arquitetônico, conforme os planos diretores municipais. O parlamentar destaca que as redes aéreas apresentam riscos como quedas de postes, curtos-circuitos causados por intempéries e impacto visual nas cidades. Além disso, argumenta que cidades de países desenvolvidos já adotaram esse modelo, diminuindo falhas no fornecimento de energia.

"A instalação de cabeamento subterrâneo elimina riscos como quedas de postes, curtos-circuitos causados por intempéries climáticas, eletrocussão acidental e acidentes com animais", justificou o deputado. Ele também enfatizou que a remoção da fiação aérea valoriza as cidades turísticas, melhorando significativamente a paisagem urbana. "As cidades do que chamamos de primeiro mundo já conseguiram trabalhar bem essa situação, colocando suas redes elétricas no subterrâneo", completou.

Embora os benefícios apontados pelo parlamentar sejam considerados relevantes, a Equatorial Alagoas expressou preocupação com o impacto financeiro da mudança. Em nota, a empresa ressaltou que "o modelo de distribuição de energia elétrica no Brasil é baseado em cabos aéreos, e a instalação de redes subterrâneas gera custos muito mais altos, se comparados à rede convencional, o que pode refletir no aumento da tarifa de energia elétrica, onerando a conta de luz do consumidor."

A concessionária também destacou que continua investindo em um plano de modernização do sistema elétrico para garantir mais segurança no fornecimento. "Nos primeiros seis anos da Equatorial em Alagoas, foram aplicados mais de R$ 2 bilhões em ações de reforço e expansão da rede elétrica, beneficiando o estado de norte a sul, atendendo às necessidades de crescimento e desenvolvimento da região", informou a empresa.

Implantação gradual

Em resposta às preocupações da Equatorial, Ronaldo Medeiros reforçou que o projeto não exige uma substituição imediata da rede aérea, mas sim uma transição gradual. "Não pensamos que a empresa vai fazer isso do dia para a noite. A ideia é começar e avançar aos poucos", afirmou.

O parlamentar também ressaltou que a responsabilidade pela distribuição de energia no estado é da Equatorial, que detém a concessão federal do serviço. Ele acredita que a adoção da rede subterrânea trará mais segurança e qualidade ao fornecimento de energia, reduzindo problemas como quedas constantes e acidentes causados por tempestades e outros fenômenos naturais.

Segundo dados da Equatorial, o número de ocorrências relacionadas a colisões em postes aumentou consideravelmente em 2024. Em 2023, foram registrados 443 casos, enquanto em 2024, de janeiro até as primeiras semanas de dezembro, o total chegou a 752, representando um aumento de 69,75% em comparação com o ano anterior.

As estatísticas também revelam que Maceió lidera o ranking de municípios mais afetados, com 130 ocorrências, representando 17,29% do total. Outros municípios, como Arapiraca (53), Maragogi (20), União dos Palmares (19) e Delmiro Gouveia (17), também figuram entre os mais atingidos.